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Violência em Bangui provoca novo deslocamento na República Centro-Africana

Comunicados à imprensa

Violência em Bangui provoca novo deslocamento na República Centro-Africana

Violência em Bangui provoca novo deslocamento na República Centro-AfricanaUma nova onda de violência tomou conta de Bangui, semana passada, forçando cerca de 16.000 pessoas a fugirem em busca de segurança para o interior do país.
2 Abril 2014

BANGUI, República Centro-Africana, 02 de abril (ACNUR) –  Uma nova onda de violência tomou conta de Bangui, semana passada, forçando cerca de 16.000 pessoas a fugirem em busca de segurança para o interior do país.

A violência na capital se intensificou devido ao aumento dos ataques feitos, predominantemente, pelo grupo Anti-Balaka - uma milícia composta por cristãos que comete ataques contra muçulmanos - e pelas tropas da União Africana, encarregadas de proteger a população muçulmana. Também, na semana passada, um grupo de jovens muçulmanos atacaram cristãos durante uma cerimônia fúnebre, matando 20 pessoas que estavam no funeral.

A retomada da violência entre as comunidades provocou um novo deslocamento dentro do país e além de suas fronteiras. Com os ataques na capital, semana passada, o número de deslocados internos na República Centro-Africana (RCA) subiu para 637.000, sendo 207.000 apenas em Bangui. Isso representa um aumento de aproximadamente 16.000 pessoas.

No auge da crise, cerca de 1 milhão de pessoas se deslocaram pela violência dentro da RCA, incluindo 700.000 em Bangui. Mais de 2.000 pessoas foram mortas nos conflitos entre Seleka e Anti-Balaka desde dezembro do ano passado.

As forças Anti-Balaka controlam as principais rotas de Bangui, bem como várias cidades e vilas no sudoeste do país. Além disso, representam uma particular ameaça para os muçulmanos no bairro PK12 em Bangui, em Boda, Carnot e Berberati, ao oeste de Bangui, e na cidade de Bossangoa, mais ao norte.

“Tememos pela vida de 19.000 muçulmanos que habitam esses locais. O ACNUR está pronto para ajudar na evacuação desses lugares para áreas mais seguras, sejam dentro ou fora do país," disse aos jornalistas a porta-voz do ACNUR em Genebra Fatoumata Lejeune-Kaba.

“Representantes da população muçulmana em Boda disseram à nossa equipe, semana passada, que se sentiam encurralados e que a presença e a proteção fornecida pelas tropas francesas, até agora, as impediram de serem mortos. Eles acrescentaram, ainda, que suas liberdades de movimento são restritas e pedem para que sejam transferidos para um lugar seguro," ela disse.

Muitos cristãos que vivem em Boda também temem os milicianos do Anti-Balaka, que operam impunimente.

O ACNUR e seus parceiros planejam enviar profissionais de suas equipes para a área, esta semana, a fim de estabelecer uma presença humanitária e garantir a prestação de assistência a essas pessoas que estão em risco, em Boda e em Carnot. Entretanto, a agência para refugiados está estudando a possibilidade de realocar essas pessoas em Kabo e em Sido, que ficam ao norte do país.

A cidade de Bemal, também ao norte, foi cogitada para realocação das comunidades em risco. Uma missão conjunta entre o ACNUR e o Escritório da ONU para Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, sigla em inglês) está indo para a região a fim de discutir, com a juventude local preocupada com a sua segurança, o lugar de realocação.

Enquanto isso, a maioria dos refugiados muçulmanos continua a se deslocar para os países vizinhos da RCA. Nos últimos três meses, mais de 82.000 centro-africanos encontraram abrigo em Camarões, República Democrática do Congo e Chade.