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Clínica e escola novas salvam vidas e constroem futuros na Zâmbia

Comunicados à imprensa

Clínica e escola novas salvam vidas e constroem futuros na Zâmbia

30 Novembro 2018
Patricia Sampule (à direita), 34, é uma enfermeira zambiana que trabalha na clínica do assentamento de Mantapala. © ACNUR/Enoch Kavindele Jr

A enfermeira Patricia Sampule sorri enquanto verifica cuidadosamente o pequeno bebê. Com apenas 20 minutos de idade, a menina ainda não tem nome, mas ela e a mãe, ambas refugiadas congolesas, estão bem.

Até recentemente, elas teriam tido que viajar mais de 30 quilômetros para ver um médico. Agora, este já é o décimo quarto parto realizado esta semana na clínica do assentamento de Mantapala, no noroeste da Zâmbia.

“Estamos salvando vidas com essa instituição”, diz Patricia, 34, que trabalha em tempo integral na instalação que foi criada para atender mais de 13 mil refugiados congoleses que fogem da crescente violência na República Democrática do Congo. “Faz uma grande diferença”.

Construído em torno de terras agrícolas existentes, o assentamento de Mantapala é o lar de cerca de 5 mil zambianos locais que também têm acesso à clínica. Antes de ser inaugurada em fevereiro, muitos moradores teriam que sair de madrugada e enfrentar uma odisséia de oito horas a pé até um médico. Para as mulheres grávidas, ou as muito doentes, sobreviver à jornada significava a diferença entre a vida e a morte.

 “Estamos salvando vidas com essa instituição.”

 “Estou feliz que a clínica agora esteja aqui”, afirma Agnes Manda, 18 anos, uma das zambianas grávidas a espera de um check-up.

“Nós costumávamos ir ao médico apenas se estivéssemos muito doentes. Muitas vezes as pessoas não acreditavam que você iria sobreviver. Mas agora está tão perto. Se precisarmos, podemos simplesmente caminhar até aqui”.

A clínica, cuja equipe e administração são de resposabilidade da autoridade local de saúde da Zâmbia, está equipada para vacinar os residentes e tratar doenças potencialmente fatais endêmicas na área, como a malária. Uma ambulância está disponível 24 horas por dia para levar os casos mais graves para o hospital. Um edifício mais permanente está em construção.

“Consultamos e tratamos milhares de pessoas”, conta a enfermeira geral Judith Mwansa, 50 anos.

 “Se não fosse pelos serviços que prestamos, haveria muito mais mortes entre os refugiados e os locais”.

A poucos passos da clínica, a aspirante a médica Joyce Kanyembo está estudando gramática inglesa na escola do assentamento. A maioria de seus colegas de classe são refugiados congoleses, mas Joyce faz parte de um número crescente de zambianos locais que também frequentam as aulas.

No futuro, a escola, que foi estabelecida graças a uma série de parceiros internacionais, incluindo Save the Children e UNICEF, será administrada pelo governo.

“É mais fácil frequentar essa escola porque ela está mais perto da minha casa”, diz Joyce, 20 anos, que frequentou uma escola comunitária em um vilarejo próximo antes da abertura da escola no assentamento.

“Quando eu terminar a escola, quero ser médica”, acrescenta a estudante, que é a quarta melhor aluna de sua turma. “Meu hobby é ajudar as pessoas e cuidar delas”.

O diretor Christoph Mukupa tem orgulho da diferença que sua escola está fazendo na vida dos alunos locais, como Joyce, e espera aumentar a cota de estudantes da Zâmbia para 20%. Para ele, os benefícios das aulas mistas são enormes, com estudantes zambianos ajudando a integrar seus colegas congoleses.

“Quando eu terminar a escola, quero ser médica.”

“É um privilégio e uma honra ter esta escola funcionando”, diz Christoph. “Estamos aprendendo idiomas, normas e cultura dos congoleses, e eles de nós”.

O assentamento de Mantapala, que foi criado para encorajar este tipo de intercâmbio entre os habitantes locais e os refugiados, faz parte de uma resposta mais ampla aos movimentos de refugiados conhecida como o Marco Integral de Resposta aos Refugiados.

“O Assentamento de Mantapala dá aos refugiados e população local a oportunidade de viverem juntos de maneira muito coesa”, explica George Ormondi, oficial de meios de vida do ACNUR, Agência da ONU para Refugiados. “Eles acessam as escolas, clínicas e mercados e vivem juntos como uma comunidade”.

No ano passado, o governo da Zâmbia aprovou uma legislação que assegurou que refugiados e comunidades de acolhimento se beneficiassem de serviços em assentamentos como Mantapala.

“No passado, a comunidade local olhava para o que era dado aos refugiados e isso estava trazendo um pouco de apreensão”, afirmou Abdon Mawere, Comissário de Refugiados da Zâmbia. “Achamos que era importante que nossos programas de refugiados também ajudassem a comunidade anfitriã”.

“Ao garantir que refugiados e anfitriões se beneficiem dos mesmos serviços, o governo está trabalhando de mãos dadas com o ACNUR para promover a integração e a inclusão social dos refugiados”, acrescenta Pierrine Aylara, representante do ACNUR na Zâmbia.

Para aqueles que não precisam mais andar oito horas para consultar um médico, os benefícios de acolher refugiados em sua comunidade são claros.

“Estou feliz que os refugiados estejam aqui”, diz o agricultor zambiano Kelvin Mwansa, 28 anos, que no início de setembro levou sua filha de seis meses até a clínica do assentamento de Mantapala depois que ela contraiu malária. As enfermeiras salvaram sua vida.

“Agora há uma escola, uma clínica e empregos”, acrescenta. “A maioria das pessoas vê o benefício dos serviços aqui porque eles não são apenas para os refugiados, são para todos”.

 

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