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Cate Blanchett faz apelo ao Conselho de Segurança da ONU para que atenda às necessidades urgentes dos refugiados rohingya

Comunicados à imprensa

Cate Blanchett faz apelo ao Conselho de Segurança da ONU para que atenda às necessidades urgentes dos refugiados rohingya

5 Setembro 2018
Embaixadora da Boa Vontade do ACNUR, Cate Blanchett, discursa no Conselho de Segurança das Nações Unidas. © ACNUR/Andrew Kelly

Um ano após o último êxodo de refugiados rohingya, a Embaixadora da Boa Vontade do ACNUR, Cate Blanchett, fez um apelo ao Conselho de Segurança da ONU para que apoie Bangladesh, assegurando condições que permitam o retorno dos refugiados para Mianmar.

“É imperativo que governos, agências humanitárias e de desenvolvimento, o setor privado e os indivíduos trabalhem em solidariedade para encontrar formas inovadoras de ajudar os refugiados e as comunidades de acolhimento em Bangladesh”, disse Blanchett.

Desde o ano passado, mais de 720 mil refugiados rohingya fugiram da violência extrema e dos abusos cometidos contra os direitos humanos no Estado de Rakhine, em Mianmar. Esta é a crise de refugiados que mais cresce no mundo em décadas. A grande maioria que chegou a Bangladesh é composta por mulheres e crianças, e mais de 40% tem menos de 12 anos.

Blanchett, que é uma dedicada defensora dos refugiados, compartilhou as histórias de alguns dos refugiados rohingya que conheceu durante sua missão em Bangladesh em março de 2018. São histórias de tortura, de mulheres brutalmente violentadas e histórias de quem testemunhou o assassinato de seus entes queridos.

“Nada poderia ter me preparado para a extensão e profundidade do sofrimento que eu vi.”

“Nada poderia ter me preparado para a extensão e profundidade do sofrimento que eu vi”, disse ela aos líderes políticos presentes. “Sou mãe e vi meus filhos nos olhos de todas as crianças refugiadas que conheci. Eu me vi em todos os pais”.

Blanchett elogiou os esforços de Bangladesh em responder à emergência dos refugiados. O país recebeu generosamente mais de 700.000 refugiados em três meses. “É um dos gestos mais palpáveis e significativos de humanidade em nosso tempo”, acrescentou. “Mas as necessidades são vastas. O sofrimento é profundo”.

Mais de 600.000 rohingya estão vivendo em Kutupalong, o maior assentamento de refugiados do mundo. Kutupalong se estende por uma área de 13 quilômetros quadrados e possui uma das maiores densidades populacionais do planeta. A escala do influxo, combinada com os desafios das chuvas de monções, colocou uma grande pressão na comunidade anfitriã de Bangladesh, nas instalações e serviços existentes.

A Embaixadora da Boa Vontade do ACNUR ressaltou que, apesar das enormes necessidades, apenas 33% da operação para os refugiados rohingya está financiada, totalizando menos de 70 centavos por pessoa por dia.

“Os rohingya não podem retornar às mesmas condições que os forçaram a fugir”.

“Os refugiados precisam alimentar suas famílias”, disse. “Eles precisam de água limpa e de instalações sanitárias para lavar, cozinhar e limpar. Eles precisam de uma casa adequada para se proteger das monções e do calor. Seus filhos precisam de educação. Seus avós precisam de cuidados”.

Mas os refugiados rohingya precisam de mais do que abrigo, escolas ou comida, acrescentou Blanchett. Eles esperam voltar para casa algum dia. Atualmente, isso ainda não é possível.

“Os rohingya não podem retornar às mesmas condições que os forçaram a fugir”, disse, e contou a história de Gul Zahar, uma mulher rohingya que sobreviveu a três ondas de deslocamento no Estado de Rakhine.

Blanchett pediu aos líderes políticos que ajudem a quebrar o “ciclo contínuo que as gerações de rohingya tem enfrentado” e a trabalhar em direção a um caminho claro para a cidadania plena da minoria muçulmana apátrida em Mianmar.

“Isso não é um luxo”, afirmou. “Isso não é um privilégio. Este é um direito básico que todos nós aqui desfrutamos. Um direito que os rohingya não têm”.

Blanchett pediu ao Conselho de Segurança que “apoie todos os esforços para torná-lo uma realidade”, bem como para que encoraje “um apoio internacional mais robusto necessário para atender as necessidades urgentes” em Bangladesh.

“Nós falhamos com os rohingya antes. Por favor, não vamos falhar com eles novamente.”

No seu discurso de abertura ao Conselho, o Secretário-geral da ONU, António Guterres, enfatizou que “a resposta à crise deve ser global”.

“As condições para o retorno seguro, voluntário, digno e sustentável dos refugiados rohingya aos seus locais de origem ou escolha ainda não foram atingidas”, disse Guterres. Ele pediu às autoridades de Mianmar que cooperem com as Nações Unidas para garantir “acesso imediato, livre e eficaz” para suas agências e parceiros.

Ter acesso é fundamental para atender às enormes necessidades, disse o Secretário-geral da ONU, e para “aliviar os temores dos refugiados que gostariam de voltar para casa”. Ele reafirmou a disposição da ONU de desenvolver um plano para que os refugiados retornarem às suas áreas de origem “em segurança e dignidade, de acordo com as normas internacionais e os direitos humanos”.

Antes que os retornos possam acontecer, Guterres apontou para a necessidade de fornecer as condições necessárias para uma paz estável no Estado de Rakhine: “A prestação de contas é essencial para uma reconciliação genuína entre todos os grupos étnicos e é um pré-requisito para a segurança e estabilidade regional”.