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Refugiados torcem com brasileiros pela seleção verde e amarela durante os jogos da Copa

Comunicados à imprensa

Refugiados torcem com brasileiros pela seleção verde e amarela durante os jogos da Copa

27 Junho 2018
O sírio Khaled, terceiro da direita para a esquerda, foi recebido por uma família brasileira para assistir ao jogo de estreia da seleção na Copa do Mundo da Rússia. © ACNUR/Miguel Pachioni
SÃO PAULO, 27 de junho de 2018 (ACNUR) – A paixão pelo futebol ultrapassa fronteiras, mobiliza torcedores de diferentes idades e aproxima pessoas para torcerem juntas por um único time – mesmo que os torcedores falem idiomas diferentes.

“Cheguei aqui no Brasil há pouco mais de dois meses e já sabia que teria que aprender o português para me inserir na comunidade, para conversar com as pessoas e buscar um trabalho. Só não aprendi o português para torcer pelo Brasil, mas aí é o meu corpo que fala”, diz o sírio Khaled, de 42 anos.

Ele torceu pelo Brasil na casa de Vanessa, uma paulistana de 31 anos que acolheu Khaled junto com sua família, na zona sul de São Paulo.

“Fiz minha inscrição no projeto para receber aqui em casa uma pessoa refugiada e foi uma experiência muito rica para todos nós. Conhecemos um pouco da cultura dele, sua história e soubemos que sua esposa e filhos continuam na Síria. Isso é muito triste”, afirmou a brasileira, encantada com a proposta do projeto.

Khaled se inscreveu na plataforma Meu Amigo Refugiado, um projeto desenvolvido pela ONG Migraflix, parceira do ACNUR (Agência da ONU para Refugiados), que promove o encontro entre brasileiros e pessoas refugiadas em datas especiais, como o Natal e o Ano Novo. E estão repetindo a dose durante os jogos da seleção brasileira pelo Mundial da Rússia.

Ele era funcionário de um banco quando a guerra na Síria começou. Ele tinha esperança que os conflitos pudessem acabar em pouco tempo, mas se intensificaram e já estão no oitavo ano, fazendo com que a Síria seja o principal país de origem de refugiados no mundo. São 6,3 milhões de pessoas refugiadas em várias partes do mundo, especialmente na Turquia, de acordo com os dados do relatório Tendências Globais do ACNUR.

“Estar aqui e perceber o quão aberto e respeitoso é o povo brasileiro nos dá certeza que estaremos bem no país. ”

O momento da chegada no novo país é sempre um período difícil, de adaptação, que requer o conhecimento de traços culturais e sociais na sociedade de acolhida. Ainda assim, essa possível dificuldade foi superada por Khaled com muita satisfação.

“Estar aqui e perceber o quão aberto e respeitoso é o povo brasileiro nos dá certeza que estaremos bem no país. O Brasil é um país que recebe a população síria com respeito, por meio do visto humanitário, fornecendo o documento de protocolo, CPF e carteira de trabalho. Aqui é possível alcançar o sonho que trazemos com a gente”.

Outra família brasileira que participou dos encontros foi o casal Roberta e Vinícius. Eles se interessaram em conhecer e compartilhar experiências com pessoas em situação de refúgio e convidaram os venezuelanos Yilmary, Jhan e seus filhos para assistirem ao jogo do Brasil.

Roberta é formada em relações internacionais e acredita que esse sentimento de união de povos que acontece durante a Copa do Mundo poderia representar um mundo mais humano, onde pessoas ajudam uns aos outros durante tempos difíceis.

 

“Para mim é muito gratificante essa experiência de dialogar e conhecer pessoas refugiadas. Eu acho que qualquer pessoa chega ao país para agregar, sempre trazendo com ela alguma coisa boa”.

Embora o beisebol seja o esporte mais popular na Venezuela, Yilmary e Jhan se emocionaram durante o encontro, torcendo muito pela seleção brasileira.

“É uma experiência maravilhosa compartilhar esse momento com outras pessoas, conhecer novas culturas, dividir essa emoção do esporte, sentir a paixão pelo futebol que a gente não tem na Venezuela”, diz Yilmary.

“A gente está aqui, praticamente sozinho, sem família perto, então quanto mais amigos a gente fizer, melhor. ”

Com familiares ainda vivendo na Venezuela e em outros países pelo mundo, Yilmary e Jhan valorizam a oportunidade de poder formar amizades com brasileiros.

“A gente está aqui, praticamente sozinho, sem família por perto. Então quanto mais amigos a gente fizer, quanto mais brasileiros conhecermos, melhor”, diz Yilmary.

Enquanto a seleção brasileira permanecer no Mundial da Rússia, o projeto Meu Amigo Refugiado seguirá promovendo encontros em São Paulo. Dessa forma, ao aproximar refugiados e brasileiros, essa convivência facilita o entendimento da situação da pessoa refugiada no país e se torna um meio de promover melhor acolhida e integração dos recém chegados.