ACNUR aborda situação de saúde alarmante dos refugiados no Camarões
ACNUR aborda situação de saúde alarmante dos refugiados no Camarões
NGAOUI, Camarões, 17 de março (ACNUR) – A agência da ONU para refugiados e seus parceiros têm aumentado os esforços para ajudar o número crescente de refugiados da República Centro-Africana (RCA) que estão chegando doentes no Camarões devido à fome e exaustão durante a fuga.
A maior parte dos recém-chegados passaram semanas vivendo no mato, sem acesso a quantidades suficientes de água e alimentos, e caminharam longas distâncias para chegar em segurança no leste de Camarões. Estima-se que 80% estão sofrendo com doenças sérias como malária, diarreia, anemia e infecções respiratórias, enquanto mais de 20% das crianças estão severamente desnutridas.
Muitas famílias perderam parentes para a fome durante o caminho ou logo após terem chegado ao Camarões. Eles também estão traumatizados com os horrores que viveram no noroeste da RCA, onde milícias anti-balaka têm atacado muçulmanos em atentados de revanche.
Fatoumata Lejeune-Kaba, uma porta-voz do ACNUR, disse que a agência para refugiados e seus parceiros têm tomado passos importantes para melhorar o bem-estar e a saúde dos recém-chegadas. “Nós mudamos quase 10.000 refugiados que estavam dormindo a céu aberto para acampamentos que estabelecemos perto dos vilarejos de Lolo, Mborguene, Borgop e Gado. Nestes lugares as pessoas recebem alimentos, água potável, abrigos familiares e itens básicos de ajuda”.
Ela acrescentou que o ACNUR tem aumentado a ajuda em áreas da fronteira e enviado equipes de emergência, incluindo especialistas em nutrição e planejadores de campos. “Temos financiado postos de saúde e clínicas móveis em Kenzou e também Ngaoui, Yamba e Gbatoua-Godoli, na região vizinha de Adamawa. Também construímos sanitários e abrigos comunitários em Garoua Boulai e Kenzou para abrigar mulheres, crianças e idosos”.
Mas apesar desses esforços emergenciais, mais coisas precisam ser feitas para que todas as necessidades sejam atendidas. “Vamos precisar de mais apoio de doadores para expandir as instalações em Garoua Boulai e Kenzou e volta-las aos centros de trânsito onde todas as pessoas que chegarem possam ser atendidas por médicos e tratadas sem demora. Também seremos capazes de fornecer assistência alimentar e não-alimentar para prevenir mais mortes”, Lejeune-Kaba acrescentou que ninguém morreu nos acampamentos de refugiados até o momento.
Um dos desafios que profissionais da área de saúde enfrentarão é que as pessoas não têm consciência do quão grave é a desnutrição e também a importância de procurar imediatamente o ACNUR e seus parceiros para ajuda. “Nós observamos que muitas famílias com crianças desnutridas não vem para consultas médicas,” disse Dago Inegba, médico do ACNUR.
Antes da atual crise, Camarões estava abrigando 92.000 refugiados da RCA, que começaram a chegar em 2004 fugindo de grupos rebeldes e bandidos no norte do país. Desde março do ano passado, Camarões recebeu mais de 44.200 refugiados da República Centro-Africana. Recém-chegados estão vivendo em casas de famílias ou se abrigando em mesquitas, igrejas, estádio ou locais improvisados. Alguns estão dormindo ao relento.
Por Djerassem Mbaiorem de Ngaoui, Camarões.