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Rio Refugia une gastronomia, oficinas e música em celebração ao Dia Mundial do Refugiado

Comunicados à imprensa

Rio Refugia une gastronomia, oficinas e música em celebração ao Dia Mundial do Refugiado

27 Junho 2018
O evento lembrou o Dia Mundial do Refugiado e proporcionou aos visitantes um espaço de troca intercultural e, ao mesmo tempo, uma pequena "volta ao mundo". © Luciana Queiroz
Rio de Janeiro, 27 de junho de 2018 - A palavra do dia foi "integração". Era o que tanto brasileiros quanto refugiados repetiam constantemente no último sábado (23), no Sesc Tijuca, onde cerca de três mil pessoas, incluindo mais de 150 pessoas em situação de refúgio, prestigiaram a segunda edição do Festival Rio Refugia.

O evento, organizado numa parceria entre Cáritas RJ, Sesc Rio, Abraço Cultural e Chega Junto, e apoiado pela Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), lembrou o Dia Mundial do Refugiado e proporcionou aos visitantes um espaço de troca intercultural e, ao mesmo tempo, uma pequena "volta ao mundo".

Cerca de 15 barraquinhas ofereciam variadas opções de gastronomia, vestuário e artesanato: tudo produzido por refugiados e solicitantes de refúgio que residem no Rio de Janeiro. Diversas nacionalidades marcaram presença e o público carioca pôde experimentar comidas típicas de países como Venezuela, Colômbia, Síria, Haiti, Líbano, Togo, Camarões, Congo, Angola e Nigéria.

Para o visitante curioso que se aventurou pela feira, uma das primeiras visões na chegada era a da barraca da nigeriana Latifah. No Brasil há 3 anos, Latifah recebia a todos com um sorriso largo e oferecia duas opções de prato: feijão fradinho com banana da terra e camarões; e arroz joloff com banana e carne ao curry. Tudo bastante apimentado!

"Mas é só um pouquinho", amenizava ela, em português. "No meu país nós gostamos de pimenta!"

Além das barraquinhas, diversas tendas foram espalhadas pelo evento, cada uma oferecendo uma oficina ou atração diferente: pintura facial, tatuagem de henna, tranças, caligrafia árabe, turbantes e percussão – todas gratuitas e oferecidas por refugiados.

A oficina de percussão, um dos sucessos da feira, ficou a cargo do senegalês Papa Babou e do haitiano Bob Montinard, que apresentaram o djembe, um instrumento originário do oeste da África. Mal o senegalês começou a tocar e um grupo de mais de 30 pessoas se reuniu para ouvi-lo. Papa Babou ensinou a versão original do hit Waka Waka, gravado por Shakira. A música Zamina mina foi entoada em coro pelo grupo de brasileiros e acompanhada pela batida do djembe.

Satisfeito com o envolvimento do público, Bob celebrou a oportunidade: "É muito bom poder mostrar o nosso talento. É uma chance de nos integrarmos e valorizarmos a nossa cultura", disse o haitiano.

No meio do coro estavam as irmãs Lia e Lana Navarro, que foram umas das primeiras a chegar e das últimas a deixar o evento, já com o cair da noite. Moradoras de Cabo Frio, a mais de 150km do Rio, elas acordaram às 5:30 e foram direto da rodoviária, de mochila nas costas, para não perder nenhuma atração. Zenilde Santos, de 48 anos, também curtiu a festa. Passou pela oficina de turbante e ostentou o enfeite intacto até o fim do evento, mesmo depois de se acabar de dançar nos shows da banda latina Saoko e do angolano Zola Star.

"Para mim, de certa forma, é um resgate das minhas origens", explicou a brasileira. "E é bom pra eles também, eu acho. Você experimenta a comida, elogia, conversa, simpatiza com a pessoa… Acho que isso gera mais tolerância por parte dos brasileiros e, para eles, uma maior integração."

A venezuelana Maria Gabriela vendeu pratos típicos do seu país ao lado do marido e dos três filhos. "As pessoas estão muito interessadas, perguntando, querendo experimentar. É uma oportunidade de mostrar um outro lado do refúgio. Estão me vendo aqui com a minha família, trabalhando, mostrando mais sobre a Venezuela... É muito bom."

A coordenadora do Programa de Atendimento a Refugiados da Cáritas RJ, Aline Thuller, ressaltou a importância de lembrar o Dia Mundial do Refugiado como uma data de reflexão e celebração da coragem de pessoas que deixaram seus países e vieram ao Brasil em busca de segurança.

"O objetivo do evento é celebrar o encontro dos refugiados com os brasileiros, possibilitar essa troca, permitir que os brasileiros conheçam outras culturas, experimentem outras comidas, outras formas de vida e, ao mesmo tempo, abram os braços para acolhê-los. É uma troca em que os dois lados ganham, com certeza", afirmou a coordenadora.

Já Daniel Moura, analista de projetos sociais do Sesc Rio, lembrou a necessidade de levar o tema para a mídia e para a sociedade em geral. "Estamos prestando atenção no drama do refúgio e, ao mesmo tempo, estamos com um olhar sobre essa troca cultural, sobre o aprendizado que podemos ter uns com os outros. Os diferentes idiomas, cores, sons, sabores… Elementos que são propulsores do desenvolvimento social tanto para os refugiados quanto para nós, brasileiros."

O Dia Mundial do Refugiado, estabelecido pela ONU no dia 20 de junho, é uma oportunidade para celebrar a força, coragem e a perseverança de pessoas que foram forçadas a deixar suas casas e seus países por causa de guerras, perseguições e violações de direitos humanos.