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Angelina Jolie visita oeste de Mosul, onde famílias iraquianas estão voltando para ruínas

Comunicados à imprensa

Angelina Jolie visita oeste de Mosul, onde famílias iraquianas estão voltando para ruínas

19 Junho 2018
UNHCR Special Envoy Angelina Jolie meets Falak, 8, during a visit to West Mosul, on June 16, 2018. Falak has a gene disorder and PTSD, she spoke to Jolie about seeing a man killed in front of her during the ISIS occupation of the city. Less than a year after its liberation, much of West Mosul still lies in ruins. ;

MOSUL, Iraque - A Enviada Especial do ACNUR, Angelina Jolie, visitou hoje a região oeste de Mosul, uma área urbana mantida em cativeiro pelo Estado Islâmico por três anos, até a sua libertação no verão passado. Depois de caminhar entre os prédios bombardeados nas ruas tranquilas e se reunir com algumas das primeiras famílias a retornar, ela pediu ao mundo para não esquecer do sofrimento que suportaram - e não ignorar os novos desafios que agora enfrentam.

"Esta é a pior devastação que eu já vi em todos os meus anos com o ACNUR", disse Jolie, falando em frente às ruínas da Mesquita al-Nuri, na Cidade Velha. "Essas pessoas perderam tudo. O trauma e a perda que sofreram são incomparáveis. "

A Enviada Especial ficou encantada com a resiliência das pessoas, apesar da aparente indiferença do mundo.

"Eu não tenho palavras para descrever a força que deve ser necessária para reconstruir a vida depois de uma perda como essa", disse. “Mas é isso que as pessoas desta cidade estão fazendo. Elas estão tristes e traumatizadas, mas também estão esperançosas. Elas estão limpando suas casas com suas próprias mãos, e se voluntariando e ajudando uns aos outros. Mas precisam da nossa ajuda.”

"Esta é a pior devastação que já vi em todos os meus anos com o ACNUR. "

A visita marcou a 61ª missão de Jolie - e quinta ao Iraque - com a Agência da ONU para Refugiados desde 2001. A visita coincidiu com o segundo dia de Eid al-Fitr, e muitos moradores estavam planejando passar o dia com parentes para celebrar o fim do Ramadã. No ano anterior, nessa mesma época, tiroteios, bombardeios e ataques aéreos abalaram a cidade, que ainda estava há semanas de distância da liberdade.

As pessoas que fugiram para o leste de Mosul ou para os campos ao sul da cidade estão retornando lentamente. Mas as cenas que encontram ao chegarem em casa são de destruição massiva. Nenhuma estrutura ficou ilesa.

Uma família local mostrou a Jolie os danos à sua casa ancestral, construída há um século. Mohamed, de 47 anos, falou sobre como nasceu e se casou lá, e como um morteiro atingiu o telhado em uma manhã de junho passado, ferindo gravemente sua filha de 17 anos. Quando eles a levaram para receber cuidados médicos, foram rejeitados e ela sangrou até a morte.

"Zubayda era muito sociável e enérgica, muito simples e generosa", disse, com lágrimas nos olhos. "Se ela tivesse apenas uma mordida de algo para comer - e a comida era muito limitada na época - ela dava aos irmãos."

Por enquanto, amigos próximos acolheram Mohamed, sua esposa Hoda e seus três filhos sobreviventes. Mas o espaço está muito lotado para ficar lá por muito mais tempo.

"Eu quero reconstruir a casa e voltar para cá”, disse Mohamed. “Mesmo que eu tenha lembranças dolorosas nesta casa, para onde mais eu iria? Eu tenho que voltar para casa.”

A enviada especial do ACNUR, Angelina Jolie, se encontra com Tahsin (à direita) e sua família na região oeste de Mosul, no Iraque. Sua irmã de 17 anos foi morta por um morteiro que destruiu a maior parte da casa da família. Com eles estão seus pais, Mohamed e Hoda, e dois irmãos sobreviventes. © ACNUR/Andrew McConnell

 

Por toda Mosul, a segunda maior cidade do Iraque, cerca de 40 mil residências necessitam de reconstrução. O ACNUR e seu parceiro, Human Appeal, começaram a fornecer assistência em dinheiro para as famílias que retornam para que possam reparar ou reconstruir suas casas. A iniciativa visa contemplar 1.500 famílias este ano.

Sem essa assistência, as famílias que retornam correm o risco de mergulhar mais fundo na pobreza. Oprimidos pela falta de abrigo, infraestrutura, serviços e empregos, milhares estão sendo novamente deslocados e procurando abrigo em acampamentos fora da cidade.

Até agora, os esforços de reconstrução são modestos. Na região de al-Zanjely, no oeste de Mosul, vários moradores foram vistos no início da semana misturando cimento, assentando telhas e cabos elétricos para quando a energia ocasionalmente voltar. Jovens montados nas costas de um caminhão entregavam blocos de gelo para refrigeração.

A Enviada Especial do ACNUR, Angelina Jolie, vai à Cidade Velha no oeste de Mosul durante uma visita ao Iraque. Moradores locais disseram a ela que os cadáveres de vários militantes ainda estão em meio aos escombros. © ACNUR/Andrew McConnell

 

Uma família que mora emMosul há muitas gerações conversou com Jolie sobre seus planos de reconstrução assim que a papelada estiver em ordem. O pai, chamado Mohamed, costumava dirigir uma butique de design de interiores ao lado, mas que também foi destruída junto com a casa durante os combates.

Sua filha de oito anos, Falak, ficou sem tratamento para um distúrbio genético desde que o médico fugiu, há dois anos. Militantes mataram sua prima bem na frente dela, uma experiência traumática que ainda a assombra. "Mesmo agora, quando nossos filhos ouvem fogos de artifício, isso os aterroriza", disse Mohamed. "Eles estão traumatizados."

Hassan, um vendedor de vegetais de 33 anos cuja casa foi confiscada por rebeldes e mais tarde destruída durante a libertação de Mosul, está com seus três filhos do lado de fora da nova casa que ele está construindo no oeste de Mosul. © ACNUR/Andrew McConnell

 

Foi também aqui em al-Zanjely que Jolie conheceu Hassan, um vendedor de vegetais de 33 anos que contou como perdeu sua casa duas vezes: primeiro quando os rebeldes a confiscaram e depois quando um ataque aéreo a reduziu a escombros. Ele e sua esposa Lamiaa, juntamente com seus três filhos pequenos, estão alugando um espaço em uma casa modesta com outra família.

Suas meninas retornaram à escola este ano e orgulhosamente mostraram à Enviada Especial seus boletins. Ambos estão com notas ótimas, entre os melhores da turma.

Enquanto isso, seu pai solicitou assistência em dinheiro para reconstruir a casa da família. Desde que recebeu a primeira parcela há duas semanas, ele não perdeu tempo. Terminou a primeira fase a tempo do Eid, erguendo várias novas paredes, janelas e portas. Logo ele começará a trabalhar no telhado.

"Este é meu lar. Para onde mais eu iria?”

"Este é meu lar. Para onde mais eu iria? ”, disse Hassan. “Este é meu país, meu povo, meus vizinhos. "

Essa resolução pode ser um elemento crucial na reconstrução de um futuro estável em Mosul e na região. Mas pessoas como Hassan precisarão de mais apoio do mundo, que desviou os olhos dessa tragédia.

“É profundamente perturbador”, disse Jolie, “que as pessoas que suportaram uma brutalidade incomparável tenham tão pouco enquanto tentam, de alguma forma, reconstruir as vidas que já tiveram. ”