Casal inglês abre as portas de sua casa para refugiado da Eritreia
Casal inglês abre as portas de sua casa para refugiado da Eritreia
“Vimos a foto da criança deitada de bruços na praia e foi isso”, disse Hilary. “Nós tínhamos que fazer algo para ajudar”.
A médica aposentada Hilary, de 63 anos, e o professor de medicina na Universidade de Birmingham Jim, de 62 anos, tinham espaço em sua casa de quatro quartos depois que seus três filhos adultos se mudaram.
Via Internet, Hilary encontrou a Birch Network, que coordena apoio e acomodação para refugiados, e o casal logo recebeu hóspedes. Depois de receber quatro pessoas, em janeiro deste ano eles receberam Yonasskindis*, um eritreu de 72 anos que foi forçado a fugir de seu país depois de receber ameaças de morte.
Ex-dono de bar e contador, Yonasskindis apoiou o principal movimento de independência do país e está no Reino Unido há oito anos.
“Eles são como meus irmãos. São pessoas muito boas”.
O pedido de refúgio de Yonasskindis foi rejeitado, mas ele recorreu e tem permissão para permanecer no Reino Unido até uma decisão seja proferida.
Ele diz que não pode voltar para a Eritreia recebendo ameaças.
Quando o seu pedido de refúgio foi rejeitado, Yonasskindis foi expulso do alojamento que lhe foi dado e estava quase indo morar na rua se não fosse por Hilary e Jim.
“Eles são como meus irmãos”, disse. “São pessoas muito boas. Eu sou diabético, tenho a pressão e o colesterol altos. Tenho que tomar cinco comprimidos por dia. Se não fosse por eles, eu estaria na rua”.
Hilary e Yonasskindis passam muito tempo juntos: fazem esculturas, compras, cozinham juntos e compartilham refeições.
“Nós nos sentamos juntos, tomamos chá e lemos”.
“Tem sido surpreendentemente simples”, afirmou Jim. “Estou surpreso com o quão fácil tem sido. Quando as pessoas nos dizem que o que estamos fazendo é extraordinário, respondemos que na verdade é bem fácil. Como eu, ele é um leitor voraz, nós nos sentamos juntos, tomamos chá e lemos”.
Yonasskindis é surdo, mas os Parles dizem que isso não tem sido um problema.
“Ele ama história e é bastante inteligente”, afirma Hilary. “O inglês dele é ótimo, mas ele é surdo, você só precisa falar alto”.
“Eu digo às pessoas que ele é como Jim, mas 10 anos mais velho, ambos sentam lá e leem o jornal juntos. É como ter um amigo conosco. Ele também está muito disposto a ajudar”.
“As pessoas podem ter as próprias opiniões sobre a imigração em geral, mas tudo muda quando conhecemos a história de alguém”, acrescentou Jim.
Esta história faz parte de uma série intitulada No Stranger Place, que foi desenvolvida e fotografada por Aubrey Wade em parceria com o ACNUR, perfilando refugiados e seus anfitriões em toda a Europa. Mais de um ano após o afogamento do refugiado sírio Alan Kurdi, de três anos, milhares de pessoas se uniram para superar as barreiras culturais e linguísticas, abraçando a compaixão, a esperança e a humanidade - mesmo que alguns governos europeus continuem criando obstáculos. Sua generosidade é um exemplo para o mundo.
*Nome alterado por razões de proteção.