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Voluntários brasileiros ajudam venezuelanos

Comunicados à imprensa

Voluntários brasileiros ajudam venezuelanos

9 Abril 2018
Moradores de Boa Vista dão comida e outros tipos de ajuda aos venezuelanos que dormem na praça Simón Bolívar. © ACNUR/Reynesson Damasceno

Sem emprego, sem comida e sem recursos, Nayebis Carolina Figuera decidiu deixar a Venezuela e partiu rumo a uma vida incerta nas ruas do país vizinho, o Brasil.

A inflação crescente, a escassez de alimentos e remédios, a violência e a agitação política estão fazendo com que milhares de venezuelanos como ela sejam forçados a fugir.

Centenas de pessoas estão acampadas na Praça Simón Bolívar, em Boa Vista, capital do estado de Roraima, onde buscam assistência humanitária e proteção internacional.

“Deixamos tudo na Venezuela”, diz Nayebis, de 34 anos. “Não temos onde morar ou dormir e não temos nada para comer. Viemos para o Brasil em busca de solidariedade e apoio”.

Um grupo de voluntários brasileiros atendeu seu chamado. A advogada Ana Lucíola Franco e a médica Eugênia Moura fundaram a SOS Hermanos, um grupo solidário que arrecada alimentos, roupas, móveis e eletrodomésticos para quem precisa.

“Precisamos fazer o que estiver ao nosso alcance para proteger as pessoas e tirá-las das ruas”.

“A maioria das pessoas chega com pouca roupa e não está preparada para o frio”, afirma Ana Lucíola. “Precisamos fazer o que estiver ao nosso alcance para protegê-las e tirá-las das ruas”.

O número de venezuelanos que buscam refúgio em todo o mundo aumentou 2.000% desde 2014. No ano passado, o aumento foi particularmente acentuado nas Américas, inclusive no Brasil, que recebe mais de 800 venezuelanos por dia.

Desde o começo do ano passado, estima-se que 40 mil pessoas tenham entrado no país pelo estado de Roraima e estejam morando em Boa Vista.

A maioria precisa de assistência urgente com documentação, abrigo, alimentação e assistência médica, e o ACNUR, a Agência da ONU para Refugiados, está trabalhando com o governo brasileiro e organizações parceiras para atender a essas necessidades.

Em Boa Vista, a ajuda está fazendo a diferença para os solicitantes de refúgio, entre eles Luisiana Milagros Medinal, 32 anos, que foi forçada a fugir da Venezuela uma semana atrás.

“Estou comovida com a maneira como os brasileiros nos tratam”, diz Luisiana, acrescentando que se sente bem-vinda e segura. “Eu nunca pensei que seria assim”.

 

“O apoio da SOS Hermanos fornece comida para 500 refugiados todos os dias e em breve também fornecerá abrigo”, diz Bertrand Blanc, oficial de emergência do ACNUR em Boa Vista. “Isso permite ao ACNUR e aos seus parceiros amenizar as condições extremamente difíceis que muitas famílias enfrentam”.

Os voluntários estão auxiliando os que chegam não apenas com comida e roupas, mas também os ajudam a encontrar trabalho por meio de uma rede de contatos profissionais.

“Um dos nossos principais objetivos é ajudá-los a conseguir emprego”, diz Ana Lucíola, destacando que, dada a oportunidade, muitos venezuelanos possuem qualificação profissional e podem contribuir para a economia local.

Com a chegada da estação chuvosa em maio, o grupo está inaugurando um abrigo para cerca de 40 famílias. O espaço será mantido principalmente por meio de doações.

Em resposta ao fluxo de saída de pessoas da Venezuela, o ACNUR emitiu novas diretrizes para os governos no mês passado sobre como apoiar os venezuelanos que precisam de proteção internacional e assistência humanitária.

“Todo ato de solidariedade, de uma forma ou de outra, gera empatia”.

Desde junho do ano passado, o ACNUR ampliou sua resposta humanitária com a abertura de escritórios em Boa Vista e Manaus, capital do estado vizinho, Amazonas.

O ACNUR está apoiando a Polícia Federal, que é responsável pelo recebimento e registro de venezuelanos que buscam refúgio ou autorização de residência. Até fevereiro deste ano, mais de 24.800 venezuelanos pediram refúgio e quase 11.000 procuraram residência temporária.

Ana Lucíola acredita que o trabalho da SOS Hermanos está ajudando a mudar a postura das pessoas em sua comunidade, cujo alguns membros não são receptivos para com os refugiados. Ela e outros voluntários foram assediados e agredidos ​​verbalmente, mas permanecem firmes.

“Toda ato de solidariedade, de uma forma ou de outra, gera empatia”, diz.

Nayebis e outros venezuelanos apreciam tais atos de bondade.

“Eles têm nos ajudado bastante“, diz a venezuelana. “Para mim, trata-se de um ato de solidariedade entre brasileiros e venezuelanos”.