Conflito continuado no oeste do Iraque desloca milhares pela segunda vez
Conflito continuado no oeste do Iraque desloca milhares pela segunda vez
GENEBRA, 10 de março de 2014 (ACNUR) – A agência de refugiados da ONU disse na sexta-feira que a luta constante na província de Anbar, no Iraque, tem forçado o deslocamento de milhares de pessoas em busca de segurança. Os afetados estão em diversas localidades da província, deslocando-se para o oeste de zonas previamente seguras. “Na semana passada o número de pessoas deslocadas na cidade de Heet e em áreas próximas – que fica a noroeste da cidade de Ramadi – tem aumentado em cerca de 25.000-30.000,” disse o porta-voz do ACNUR Adrian Edwards a jornalistas em Genebra.
Em outra parte de Anbar, uma missão interagências feita pelo ACNUR essa semana com o Programa Alimentar Mundial e o Fundo das Nações Unidas para a Infância avaliou as condições de vida e as necessidades das pessoas deslocadas vivendo em Al-Obaidy, cerca de 450 quilômetros a noroeste de Bagdá na região de Al Qaim.
Devido à falta de segurança, a missão foi forçada a adiar parte da sua avaliação. O distrito de Al Qaim abriga cerca de 5.000 refugiados sírios, sendo que cerca de 2.000 destes estão no acampamento Al Obaidy enquanto os outros estão em comunidades de acolhimento. A equipe se encontrou com pessoas deslocadas para casas temporárias e dois abrigos coletivos em Al-Obaidy.
Membros do grupo identificaram muitos com necessidades específicas, particularmente famílias chefiadas por mulheres com grande quantidade de filhos. Em uma casa, três famílias comandadas por mulheres foram apertadas em uma pequena casa com 13 crianças.
Enquanto as comunidades locais tem generosamente ajudado os deslocados, pessoas ainda precisam de alimentos e cuidados de saúde. Famílias estão morando em casas inacabadas, faltam cobertas, colchões, utensílios para preparo de comida e roupas. Como uma medida emergencial, o ACNUR está distribuindo 300 pacotes de assistência para as famílias visitadas pela equipe.
“As necessidades humanitárias dos deslocados estão crescendo rapidamente. O deslocamento prolongado tem colocado pressão tanto nos deslocados quanto nas comunidades de acolhimento enquanto eles começam a esgotar seus recursos”, disse Edwards.
O ACNUR e outras agências humanitárias estão recebendo um número crescente de pedidos por assistência humanitária e ajuda. O ACNUR e seus parceiros continuam a realizar avaliações das necessidades humanitárias. Atualmente, a falta de abrigo continua a ser uma das questões mais urgentes.
Perto de Bagdá, a cidade de Fallujad permanece em estado de sítio, as estradas continuam fechadas e existem relatos sobre escassez de combustível, alimentos e outros itens básicos. Confrontos armados têm sido noticiados no norte, sul e leste de Fallujaf, inclusive durante o cessar fogo de 72 horas iniciado pelo governo do Iraque na semana passada.
A situação em Ramadi também é volátil. Bombardeios e confrontos têm continuado nos últimos dias na cidade e bairros rurais. À medida que a situação se deteriora em Al-Malab, Al-Bothaib e na 20ª área, pequenos grupos de moradores têm fugido em direção a Heet. O conselho local em Heet ainda está recebendo aqueles que estão fugindo apesar da sobrecarga na infraestrutura local, falta de acomodações e sobrecarga dos serviços. O distrito já acomoda cerca de 11.250 famílias deslocadas.
Para o norte-leste de Anbar, a primeira ajuda humanitária da ONU tem nos últimos dias alcançado cerca de 200 famílias deslocadas vivendo em péssimas condições em Sulayman Beg, Salah Al-Din. Eles fugiram de confrontos da região norte-leste na semana passada.
A partir de quinta-feira o número de pessoas deslocadas em Anbar e outras regiões do Iraque são de aproximadamente 380.000. Isto representa quase 64.000 famílias, cerca de 42.000 das quais tem sido deslocadas em Anbar, a maior província do Iraque.
Na quarta, o Ministério da Migração e Deslocamento e a ONU lançaram um plano de resposta estratégica para atender as necessidades humanitárias imediatas das pessoas afetadas pelos conflitos em Anbar. O plano prevê US$ 103.7 milhões para cobrir a prestação de assistência para 240.000 pessoas deslocadas internamente, assim como comunidades de acolhimento e aqueles presos em zonas de conflito.
O ACNUR pede US$ 26.3 milhões para atender as necessidades humanitárias de pessoas deslocadas pela crise em Anbar nos próximos seis meses. Este valor é 11% financiado.