Crianças refugiadas são homenageadas pelo Atlético Paranaense em Curitiba
Crianças refugiadas são homenageadas pelo Atlético Paranaense em Curitiba
“Desde o dia que eles souberam que participariam deste jogo, não tivemos outro assunto em nossa casa. Tudo era futebol e hoje aqui estamos, realizando um dos sonhos deles aqui no Brasil”, disse Aeida, farmacêutica síria e mãe dos dois garotos que entraram em campo de mãos dadas com os jogadores do Atlético Paranaense.
A ação foi proposta pelo Clube Atlético Paranaense ao ACNUR – Agência da ONU para Refugiados – com o objetivo de chamar a atenção de seus torcedores para um momento sem razões de celebração: o sétimo aniversário da Guerra da Síria. Milhares de pessoas e famílias, como a família Assad, já foram vítimas do conflito e buscaram refúgio em outros países.
Segundo o Secretário do Conselho Deliberativo do Atlético Paranaense, Roberto Bonnet, a ação em parceria com o ACNUR, Caritas e Lionyon é importante pela relevância da causa. Para ele, o futebol pode ser uma ferramenta de integração cultural, esportiva e social. Trata-se de “utilizar o clube como esse integrador para mostrar que eles [os refugiados] também podem ser inseridos neste novo contexto, não como vítimas e sim como parte de um todo”.
“O Atlético é um time que eu sempre torci desde que cheguei aqui em Curitiba porque o futebol deles é bonito de se ver, com muitos gols, e a torcida é muito legal”, disse o pequeno Danial, que apesar de ter apenas quatro anos, já vislumbra ir além. “Quero entrar em campo pelo Atlético para jogar mesmo, como ponta esquerda, para fazer muitos gols e levar meu time à vitória – mas tem que ser com jogadores da minha idade”, admite o jovem, entusiasmo pela oportunidade que teve pela primeira vez em sua vida.
Além da família Assad, crianças em situação de refúgio oriundas da Venezuela, Sudão, El Salvador, Cuba e Angola também participaram da ação, articulada localmente pela Caritas Regional Paraná e pelo Linyon Global Workers, parceiros do ACNUR que atendem pessoas refugiadas.
Para a jovem venezuelana Dara, recém-chegada à Curitiba, estar no estádio e em campo foram momentos que superaram suas expectativas. “Eu sabia que seria legal, mas não imaginava que a dimensão desse jogo fosse algo tão grandioso. Os gritos da torcida, o verde do campo… Valeu muito a pena ter vindo aqui”, concluiu.
O pai do pequeno Henato, Zakaria, também se emocionou ao ver seu filho sudanês entrar em campo timidamente ao lado dos jogadores. No decorrer do jogo vencido pelo Atlético Paranaense por cinco a zero, Henato foi aos poucos se soltando ao som dos gritos da torcida e a felicidade ficou ainda maior quando ele reconheceu o autor de dois gols do Atlético.
“Pai, sabe aquele jogador ali (comemorando o gol feito)? Foi com ele que eu entrei em campo. Dei sorte, né? Ele perguntou de onde eu era, conversamos um pouquinho”, comentou.
Para além dos momentos de alegria proporcionados às crianças e suas famílias, o ACNUR reforça o papel fundamental que os diferentes segmentos da iniciativa privada podem exercer a fim de facilitar a integração das pessoas refugiadas no Brasil.
As negociações entre o ACNUR e o Clube Atlético Paranaense continuarão para que outras iniciativas sejam implementadas, tendo no esporte um elemento estratégico para que crianças, jovens e adultos refugiados tenham seus direitos assegurados e prosperem em suas vidas.
Doações de indivíduos e empresas para o ACNUR podem ser feitas pela página doar.acnur.org