Refugiados da África Central, exilados do outro lado do rio, anseiam por suas casas
Refugiados da África Central, exilados do outro lado do rio, anseiam por suas casas
Os moradores de lá tiveram de viajar pelas águas agitadas em suas canoas até a República Democrática do Congo (RDC) quando começaram a ouvir tiros na aldeia vizinha. Eles sabiam que a deles seria a próxima a ser atacada.
Wapale agora está vazia, suas casas estão queimadas, o gado foi roubado e os campos de café, mandioca e amendoim saqueados e vandalizados.
Jean-Pierre, sua mãe, esposa e os quatro filhos vivem na aldeia improvisada de Kpakpo, na República Democrática do Congo, que abriga 800 pessoas que foram forçadas a abandonar as aldeias do rio na República Centro-Africana.
"Um dia ao voltar da escola encontrei minha esposa em pânico. Nós fugimos imediatamente", diz o ex-professor de 40 anos. "É por isso que ainda estou usando as mesmas roupas que eu usava na aula naquele dia. Isso foi tudo o que eu podia trazer comigo".
Como muitos dos homens, ele sobrevive através da pesca no rio, mas a vida é dura sem acesso aos campos, logo do outro lado. As mulheres trabalham por 30 centavos de dólar por dia nas terras pertencentes à população local.
Desde maio de 2017, mais de 60 mil refugiados da República Centro-Africana chegaram à República Democrática do Congo. O ACNUR, a Agência da ONU para Refugiados, ajudou muitos deles e suas comunidades de acolhimento, perfurando poços, fornecendo suprimentos médicos e ajudando a expandir as escolas locais. A agência também está preparando a transferência de alguns dos que se encontram em maior estado de vulnerabilidade para um campo de refugiados.