Refugiadas recebem orientações de saúde no marco do Outubro Rosa
Refugiadas recebem orientações de saúde no marco do Outubro Rosa
RIO DE JANEIRO, 31 de outubro de 2017 - Uma roda de conversa especial reuniu 25 mulheres de diferentes países na sede do Programa de Atendimento a Refugiados (PARES) da Cáritas do Rio de Janeiro, na última terça-feira (30). No marco da campanha mundial Outubro Rosa, criada para chamar atenção sobre os cuidados de prevenção do câncer de mama, profissionais da rede municipal de saúde do Rio estiveram na organização, parceira do ACNUR (Agência da ONU para Refugiados) para falar a respeito da doença com refugiadas e solicitantes de refúgio.
Durante o encontro, a equipe ressaltou a importância do autoexame para a detecção precoce do câncer de mama, que aumentam as chances de tratamento e cura, falou sobre a possibilidade de realização de mamografias e outros exames na rede pública e aproveitou para alertar também sobre como se prevenir contra o câncer de colo do útero e doenças sexualmente transmissíveis (DST).
"No Outubro Rosa, nós falamos mais da prevenção do câncer de mama, com autoexame e exame preventivo ginecológico, mas nunca focamos apenas nisso", explicou Cecília Rodrigues, médica de família da Clínica da Família Hélio Pellegrino. "Nossa conversa abrange o autocuidado da mulher, a importância de se tocar e o empoderamento feminino."
A congolesa Pascaline Kilolo, que vive no Rio de Janeiro há um ano e meio e estava com o filho de seis meses no colo, quis saber se podia fazer o autoexame durante o período de amamentação e compartilhou sua preocupação com a prevenção do câncer de mama devido ao histórico familiar.
"Minha mãe teve um problema nos seios e, por falta de informação, ficou em casa. Por isso, para mim é importante saber como posso evitar essa doença e o que devo fazer caso ela apareça. Nunca tive o hábito de apalpar os seios para ver se há alguma anomalia, mas agora vou começar a fazer esse exame", reconheceu a solicitante de refúgio.
A roda de conversa reuniu mulheres de Angola, Costa do Marfim, Cuba, República Democrática do Congo e Venezuela, e serviu também como uma oportunidade para que mulheres de diferentes origens e culturas trocassem informações sobre seus hábitos de saúde.
A venezuelana Ana Guerra, recém-chegada ao Brasil, também apreciou a manhã de convívio com outras refugiadas. "A conversa e a troca de ideias com as congolesas foram muito interessantes. O câncer de mama é um problema mundial e é sempre bom saber mais."
Para a coordenadora de Integração Local da Cáritas RJ, Debora Alves, encontros como esse na sede da organização são importantes justamente por levarem em conta as particularidades culturais. "A orientação é feita a partir do entendimento de que essas pessoas vêm de culturas diferentes e podem ter cuidados diferentes. Além disso, embora elas frequentem a rede pública, é importante aproveitarmos esse marco para ter um olhar diferenciado para o cuidado de saúde da mulher", disse a assistente social.
Números do Programa de Atendimento a Refugiados da Cáritas RJ apontam que 28,1% dos refugiados que vivem no estado do Rio de Janeiro são do sexo feminino. Dados de 2017, no entanto, revelam que as mulheres representaram 51% das chegadas entre janeiro e setembro deste ano, o que tem levado a instituição a pensar cada vez mais em atividades específicas para essa população.
Outubro Rosa é um movimento internacional criado na década de 1990 com o objetivo de conscientizar a população, sobretudo as mulheres, sobre o câncer de mama, além de compartilhar informações e proporcionar mais serviços de acesso a exames e tratamentos para a doença.
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), o câncer de mama é o tipo mais comum da doença entre as mulheres no Brasil e no mundo, excetuando-se os tumores de pele não melanoma. A doença representa cerca de 28% dos casos novos a cada ano. Segundo estimativas do Instituto, o número de novos diagnósticos de câncer de mama no Brasil deve chegar a 57,9 mil no biênio 2016-2017.
Ainda de acordo com o INCA, cerca de 30% dos casos de câncer de mama podem ser evitados com a adoção de hábitos saudáveis como: praticar atividade física regularmente; alimentar-se de forma saudável; manter o peso corporal adequado; evitar o consumo de bebidas alcoólicas; e amamentar.
Por Diogo Felix, do Rio de Janeiro