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Em Brasília, ACNUR apoia acesso a direitos e inclusão digital de venezuelanas

Comunicados à imprensa

Em Brasília, ACNUR apoia acesso a direitos e inclusão digital de venezuelanas

10 Março 2023
Carolina e as filhas em atividade alusiva ao Dia Internacional das Mulheres no Centro de Acolhida e Integração das Aldeias Infantis, em Brasília. ©ACNUR/Vanessa Beltrame
Brasília, 9 de março de 2023 – Oferecer um futuro melhor às filhas e filhos foi o que motivou a venezuelana Carolina a deixar seu país e rumar para o Brasil. Há apenas uma semana, ela desembarcou em Brasília (DF) com o marido e oito filhos, com idades entre 4 e 17 anos, em busca de um recomeço para a família.

“Queremos dar casa, estudos e oferecer condições para que eles sejam pessoas melhores, que avancem e não fiquem estagnados no mesmo lugar”, afirma Carolina.

Nesta semana, no Dia Internacional da Mulher, Carolina participou de atividades propostas pela Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) no Centro de Acolhida e Integração das Aldeias Infantis, onde a família está abrigada. Com outras residentes e na companhia das três filhas mais novas, ela assistiu à uma oficina de empregabilidade no novo laboratório de informática do Centro e integrou uma roda de conversa sobre direitos, mediada pela Oficial Associada de Proteção de Violência Baseada em Gênero do ACNUR no Brasil, Eliana Moreno.

Eliana convidou as mulheres a compartilharem sua visão sobre o acesso a direitos em um país diferente do seu, e abordou temas como saúde física, mental e reprodutiva, segurança, educação e empregabilidade. “Mulheres e meninas refugiadas e migrantes enfrentam ainda mais barreiras para acessar direitos e oportunidades por não serem nacionais e por conta da desigualdade de gênero. Hoje tentamos oferecer a elas um momento de reflexão e entendimento de que, para oferecerem cuidados aos outros, é preciso, primeiro, cuidarem de si mesmas”, explica.

A Oficial Associada de Proteção de Violência Baseada em Gênero do ACNUR no Brasil, Eliana Moreno, promoveu uma dinâmica com as mulheres residentes. ©ACNUR/Vanessa Beltrame

Inclusão digital

A carência de informação é um dos fatores que impõem barreiras adicionais para mulheres refugiadas e migrantes acessarem seus direitos. Por isso, capacitá-las para o uso de inovações e tecnologias digitais é fundamental.

Estima-se, globalmente, que 37% das mulheres não usem a internet. Se as mulheres não conseguem acessar a rede e não se sentem seguras online, elas falham em desenvolver as habilidades necessárias para se envolver em espaços digitais, o que diminui suas oportunidades de seguirem carreiras relacionadas à ciência, tecnologia, engenharia e matemática, áreas que serão responsáveis por 75% dos empregos até 2050.

Neste ano, a Organização das Nações Unidas (ONU) elegeu o tema “DigitALL: Inovação e tecnologia para a igualdade de gênero” para observar o Dia Internacional das Mulheres. O objetivo da escolha é mostrar o impacto da lacuna digital de gênero no aumento das desigualdades econômicas e sociais, e também destacar a importância de proteger os direitos de mulheres e meninas em espaços digitais.

A fim de incentivar a inclusão digital entre a população venezuelana no Brasil, o ACNUR doou 72 laptops para centros de acolhidas das Aldeias Infantis no país. Em Brasília, 18 deles estão à disposição para o uso de residentes e funcionários desde o dia 8 de março.

Para a educadora social das Aldeias Infantis, Keyla Julia, o laboratório é um avanço na inclusão digital das pessoas residentes, especialmente daquelas mais vulneráveis. “O laboratório vai ajudá-las a acessar informações e cursos de português online, buscar emprego e conversar com a família que está longe, já que muitos chegam aqui sem nem ter um telefone celular”, afirma.

Empregabilidade

Além de informação, o acesso a ferramentas e espaços digitais seguros proporciona oportunidades de meios de vida para mulheres refugiadas e migrantes. Das mais de 10 mil pessoas venezuelanas interiorizadas pela Operação Acolhida por meio de vaga de emprego sinalizada desde 2018, menos de 30% são mulheres.

No recém-inaugurado laboratório de informática das Aldeias Infantis em Brasília, as mulheres também participaram de uma oficina de empregabilidade oferecida pelo ACNUR, com dicas para encontrar emprego formal no Brasil, e ajuda para se cadastrar em uma plataforma online de vagas.

Solange foi uma das residentes que participou da oficina de empregabilidade. Mãe solo de quatro filhos entre 2 e 15 anos, sendo uma delas autista, ela faz planos de encontrar um emprego para recomeçar a vida ao lado das crianças e fora do abrigo. “Estamos aqui como refugiados e precisamos sair logo para buscar trabalho. A oficina nos mostrou por onde podemos começar a fazer as coisas por nossa conta”, disse.

Refugiadas e migrantes participam de oficina de empregabilidade com o ACNUR em Brasília. ©ACNUR/Vanessa Beltrame