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Primeira Startup Weekend de refugiados do ACNUR no Equador

Comunicados à imprensa

Primeira Startup Weekend de refugiados do ACNUR no Equador

Primeira Startup Weekend de refugiados do ACNUR no EquadorEm Esmeraldas, Equador, primeiro evento de startups do ACNUR possibilita que refugiadas e refugiados realizem seus sonhos no mundo dos negócios.
30 Julho 2017

ESMERALDAS, Equador, 30 de julho de 2017 (ACNUR) O nervosismo estava no ar. Embora várias famílias refugiadas já se conhecessem, você podia sentir a tensão.

Pela primeira vez, essas pessoas refugiadas tiveram a chance de participar de um evento que é geralmente oferecido a futuros empresários ou estudantes formados em negócios. Os refugiados estavam ansiosos para apresentar seus sonhos aos especialistas da área para que pudessem contribuir com seus potenciais empreendedores.

Em 2011, cheguei em Esmeraldas, Equador, uma das regiões mais pobres da América Latina. Com uma taxa de homicídio acima de 90 a cada 100.000 habitantes, era também uma das regiões mais perigosas. Igualmente, era o novo lar de milhares de refugiados que deixaram a violência da Costa do Pacífico, na Colômbia. 

A economia na região propiciava poucas oportunidades para os refugiados e limitava a capacidade do ACNUR em dar apoio a essas pessoas. Devido ao orçamento apertado, decidimos concentrar os principais recursos para o desenvolvimento de uma incubadora de negócios voltada aos refugiados. Já existia uma incubadora de negócios, coordenada pela universidade local (PUCESE – Pontifícia Universidade Católica do Equador Sede Esmeraldas), contudo, direcionada a pessoas do ramo dos negócios na região, não aos mais vulneráveis.

Neste contexto identificamos o ambiente colaborativo em torno das necessidades existentes. Juntos da PUCESE, desenvolvemos uma metodologia que foca em oportunidades de negócios em mercados não atendidos. No final das contas, a iniciativa foi um sucesso, mas com um alto custo. Apesar disso, foi o catalisador de algo maior que ainda surgiria.

Incluir mais refugiados na incubadora de negócios foi um grande desafio. Também precisávamos de recursos adicionais para conduzir iniciativas semelhantes em outras regiões. Por esse motivo, comecei a buscar maneiras de aumentar a capacidade e o apoio para que os refugiados empreendedores pudessem construir suas ideias de forma rápida e encontrar novas soluções com menos apoio do ACNUR.

No ano passado, fui designado como Parceiro de Inovação do ACNUR. Ao longo dessa parceria anual, os Parceiros de Inovação tiveram apoio para identificar desafios em suas operações e aplicar métodos voltados às demandas dos usuários e protótipos que atendessem a essa demanda, vencendo esse desafio.

Além das ferramentas de trabalho que aprendemos, recebemos uma incível ajuda que nos permitiu tentar novas soluções de maneiras inovadoras. Minha ideia foi de juntar o conceito da “Startup Weekend” (mais conhecida como o Vale do Silício) às necessidades dos refugiados. Por meio da criação de uma oficina intensiva, mas significativa, esperávamos encontrar potenciais refugiados empreendedores que poderiam tomar suas próprias decisões e avançar.

Em dezembro passado, ao lado de colegas do escritório de Guayaquil, da Escola Politécnica (ESPOL) e do Centro de Empreendedores, desenvolvemos a primeira Startup Weekend para refugiados. Conseguimos capacitar 49 futuros refugiados empreendedores (dentre esses, 30 mulheres e 19 homens). Atualmente, nove estavam trabalhando como vendedores ambulantes ou informais, oito eram donas de casa, seis eram artesãos, quatro preparavam ou vendiam alimentos e oito estavam desempregados. Todas as mulheres que participaram tiveram a ideia de abrir uma empresa familiar. Desse grupo de mulheres empreendedoras, 50% se concentrará no negócio de alimentos e 26% em salões de beleza ou serviços similares.

Anteriormente, o ACNUR tinha realizado um evento para conhecer as perspectivas locais nessas áreas temáticas, o que facilitou que recomendações apropriadas fossem feitas. Além do treinamento, fornecemos ferramentas para aprimorar as ideias dos refugiados, tendo em vista as necessidades do mercado e, com base nesses resultados, os empreendedores seriam capazes de oferecer serviços para atender às demandas existentes.

A metodologia utilizada na Startup Weekend permitiu que participantes testassem suas ideias de negócio em relação às necessidades dos clientes, de acordo com os produtos ou serviços a serem fornecidos, e também às demandas gerais do mercado. Essas são ferramentas essenciais para quaisquer futuros empreendedores, que irão aumentar suas probabilidades de sucesso.

Os primeiros resultados foram muito positivos e desenvolveremos manuais explicativos para que outras pessoas possam replicar a experiência do ACNUR no mundo todo. Também monitoraremos os resultados econômicos da iniciativa, a fim de garantir que estamos medindo a eficácia do treinamento e da iniciativa.

Ao lado dos especialistas do Centro de Empreendedores e da Escola Politécnica, selecionamos a melhor startup. A premiada foi de uma refugiada colombiana que trouxe uma receita inovadora para fazer pizza com bananas e com um molho especial, receita de sua mãe. Ela foi selecionada pela sua inovação, dedicação e verdadeira vontade de prosperar.

É verdade que as pessoas em situação de refúgio, muitas vezes, perdem tudo em sua difícil jornada para encontrar segurança, mas muitas também trazem a receita para prosperar em seu novo país de acolhida. Muitos refugiados têm vontade e talentos, e cabe a nós fornecermos as ferramentas para ajudá-los a construir, crescer e expandir seus negócios para que eles possam estar integrados e se tornarem autossustentáveis.

O ACNUR deve promover meios para que os refugiados sejam autossustentáveis em seus novos lares. Isso também é válido para os profissionais do ACNUR. Geralmente, muitos colegas do ACNUR possuem a paixão e o talento para inovar com e para os refugiados, mas enquanto organização, não aproveitamos a oportunidade de apoiá-los. Com um pouco de ajuda, podemos trazer soluções inovadoras para alguns dos problemas mais urgentes do mundo e garantir que os refugiados estejam à frente do processo.

Por Oscar M. Sánchez Piñeiro, Coordenador Sênior do ACNUR.