Crise de refugiados do Sudão do Sul se agrava e os recursos para responder à emergência são insuficientes
Crise de refugiados do Sudão do Sul se agrava e os recursos para responder à emergência são insuficientes
GENEBRA, 19 de maio de 2017 - À medida que a guerra e a fome levam um cada vez mais refugiados a fugir do Sudão do Sul, o ACNUR, a Agência da ONU para Refugiados e os seus parceiros pedem aos doadores que aumentem o financiamento para ajudar a salvar essas vidas.
O ACNUR, o Programa Mundial de Alimentos (PMA) e outras 57 agências humanitárias estão buscando mais de 1,4 bilhão de dólares para fornecer comida, abrigo e assistência vital para mais de 1,8 milhões de refugiados sul-sudaneses até o final de 2017.
Todos os dias, cerca de 2.800 homens, mulheres e crianças fogem da violência e da fome, e chegam aos países vizinhos assombrados por experiências horríveis, aflitos, famintos e levando nada além das roupas do corpo.
"Além de ser a maior crise de refugiados na África, o Sudão do Sul é uma das maiores tragédias do nosso tempo", disse o Alto Comissário da ONU para Refugiados, Filippo Grandi, em uma conferência para doadores realizada em Genebra na segunda-feira (15).
A crise de refugiados do Sudão do Sul é a que cresce mais rapidamente no mundo. Entre as pessoas que buscam proteção em Uganda, no Sudão, na Etiópia, no Quênia, na República Democrática do Congo (RDC) e na República Centro-Africana (RCA) estão cerca de um milhão de crianças.
Grandi afirmou que os refugiados estavam chegando aos países vizinhos com inúmeros relatos sobre abusos e violência, incluindo extorsão, recrutamento forçado, estupro e assassinatos.
Um apelo humanitário conjunto feito anteriormente para refugiados sul-sudaneses buscou 1,2 bilhão de dólares, mas foi apenas 14% financiado. Desde então, a situação no Sudão do Sul continuou deteriorando-se.
O número atual de pessoas que estão fugindo do Sudão do Sul excede as estimativas, já pessimistas, da comunidade humanitária. Apenas o número de pessoas que procuraram refúgio no Sudão em março ultrapassou o valor esperado para todo o ano.
Uganda, por sua vez, também está vendo um número maior do que o esperado de chegadas e, com o atual número de deslocamentos, logo se viu acolhendo mais de um milhão de refugiados sul-sudaneses. Muitos dos que chegam dizem ter feito viagens perigosas a pé, muitas vezes sem comida ou água.
"Obtendo o financiamento de que precisamos, podemos evitar o perigo de propagação da fome", disse o Diretor Executivo do PMA, David Beasley. "Precisamos urgentemente de recursos adicionais para salvar vidas".
O ACNUR coordena a resposta global com governos, agências humanitárias, bem como com refugiados e comunidades de acolhimento. Atualmente, Uganda abriga cerca de 898.000 refugiados. 375.000 estão no Sudão, 375.000 na Etiópia, 97.000 no Quênia, 76.000 na RDC e 2.200 na RCA.
O PMA oferece assistência alimentar e financeira a mais de 1,8 milhão de refugiados nos países vizinhos.
O atual plano de resposta não cobre as necessidades humanitárias de cerca de dois milhões de deslocados internos no Sudão do Sul.