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Recentes atos de violência no Sudão do Sul separam centenas de famílias

Comunicados à imprensa

Recentes atos de violência no Sudão do Sul separam centenas de famílias

Recentes atos de violência no Sudão do Sul separam centenas de famíliasOs ataques forçaram crianças a abandonar seus estudos e mulheres grávidas a fugir para salvar suas vidas.
25 Abril 2017

NGOMOROMO, Uganda, 25 de abril de 2017 – Sandra olha fixamente para uma família que se acomoda em um abrigo improvisado. Lágrimas correm pelo seu rosto encoberto por poeira, deixando rastros em suas bochechas. Ao redor dela, milhares de pessoas estão sentadas no chão, exaustas. Os homens estão ocupados arrumando as lonas antes que a noite chegue. Mães e meninas jovens se apressam para preparar o mingau do almoço. Sandra está só em meio a um mar de incertezas e emoções intensas. “Não tenho notícias sobre meus pais e irmãos”, ela diz ela aos prantos. “Eu prefiro nem pensar neles. Fico muito triste. Tenho medo de nunca mais encontrá-los novamente”.

Sandra, 14 anos, fugiu de Uganda no dia 3 de abril depois que o exército sul-sudanês cometeu um novo ataque na cidade de Pajok, forçando dezenas de milhares de pessoas a deixar seus lares e se esconder na mata. No decurso de uma semana, mais de 7 mil cruzaram para Ngomoromo, em Uganda. Entre estes, estão 600 crianças separadas de seus pais. Elas fizeram a perigosa jornada sozinhos. Algumas delas são meninas que que estavam distantes de casa coletando água ou lenha quando os ataques aconteceram. Outros, são adolescentes que vendiam frutas e vegetais no mercado local, ou eram estudantes, como Sandra.

“Quando o tiroteio começou, eu estava na escola. Nós estávamos na aula de inglês. Fiquei com muito medo. Nunca havia escutado aquele barulho antes. O professor gritou para que todos saíssem correndo. Meus colegas e eu estávamos na frente. Ele foi o último a sair da sala para garantir que ninguém ficasse para trás”.

Sandra e seus colegas da escola chegaram em Ngomoromo dois dias depois de uma árdua caminhada pelo mato sem água ou comida. Ela ainda está vestida com o uniforme escolar que ela usava no dia do ataque. “Quando chegamos aqui, encontramos muitas pessoas dormindo no chão. Algumas estavam sentadas na beira da estrada. Mas eu não conhecia ninguém”. Desde o início da emergência, o ACNUR, a Agência da ONU para Refugiados, tem gerido uma força tarefa de proteção na fronteira com o objetivo de identificar e oferecer assistência às pessoas mais vulneráveis: sobreviventes de violência sexual, deficientes, idosos, mães solteiras, crianças separadas e menores desacompanhados como Sandra. Trabalhando em parceria com representantes relacionados à causa do refúgio, a equipe do ACNUR em Ngomoromo conseguiu reunir algumas dessas crianças com seus pais e providenciou acolhimento familiar temporário para os outros.

Sandra encontrou sua tia, mas as duas ficaram juntas por pouco tempo. “Eu queria que ela ficasse comigo, mas ela voltou para o Sudão no dia seguinte para procurar os meus pais”, contou Sandra. “Estou sozinha novamente”.