ACNUR se prepara para novo êxodo de Mossul à medida que conflito avança para o oeste

HASANSHAM, Iraque, 22 de fevereiro de 2017 – Ontem, quando a família de Ahmad ficou sabendo que o governo iraquiano havia lançado uma operação militar centrada na parte oeste de Mossul, onde permanecem presos sob o domínio de grupos armados, eles arriscaram suas vidas subindo no telhado a afim de conseguir sinal de celular para dar-lhe um telefonema.

“Minha família está feliz pela ofensiva, porém muito preocupada”, disse Ahmad, 25 anos, falando do campo Hasansham, administrado pelo ACNUR, a Agência da ONU para Refugiados, localizado a 40 quilômetros a leste de Mossul, para onde ele fugiu no mês passado. “Eles estarão no meio do conflito, não há escapatória”.

Durante a ligação da noite passada, seus parentes que estão no oeste disseram a Ahmad que membros do grupo extremista que controla Mossul estavam caminhando pelas ruas com alto-falantes, pressionando os moradores do local a saírem de suas casas para irem lutar com eles.

“Eles dizem ´se vocês não vierem lutar conosco, nós violentaremos suas mulheres, mataremos seus homens e humilharemos você´”, contou. Aqueles que foram pegos utilizando telefones celulares em áreas controladas pelos grupos armados podem enfrentar uma punição extrema, ou até mesmo a morte.

“Minha família estará no meio do conflito, não há escapatória.”

Estima-se que cerca de 250.000 pessoas possam ser deslocadas no conflito pelo controle da densamente povoada parte oeste da cidade. Aproximadamente 217.000 pessoas foram forçadas a deixar seus lares desde o início da ofensiva de Mossul em outubro de 2017, e outras 160.000 continuam deslocadas, enquanto o restante tem retornado para suas casas localizadas nas áreas que foram recentemente liberadas na parte leste de Mossul.

O ACNUR está concentrando seus esforços na construção de campos para lidar com os novos êxodos. Existem atualmente oito campos abertos ou concluídos, outro em construção, e planos para um novo local (Hamam Al Alil), na zona sudoeste de Mossul.  Ainda há espaço para mais de 27.000 pessoas nos campos existentes administrados ou mantidos pelo ACNUR a leste de Mossul.

“Com a previsão do êxodo de cerca de 250.000 pessoas, será impossível acomodar essa quantidade de pessoas nos espaços que já existem. Nós identificamos outros terrenos que poderão ser utilizados como campo uma vez que as linhas de frente mudem”, disse o porta-voz do ACNUR, Matthew Saltmarsh, em uma coletiva de imprensa nesta terça-feira (21).