Após conflito, residentes de Alepo almejam voltar ao trabalho
Após conflito, residentes de Alepo almejam voltar ao trabalho
ABRIGO COLETIVO DE AL SALAT, Alepo, Síria, 30 de janeiro de 2017 - À medida que a batalha final pelo controle do leste de Aleppo acontecia em torno deles, Abo Ahmad e sua família consideram-se terem tido sorte por terem escapado vivos.
Mas agora que as armas se silenciaram, ele está entre os mais de 50 mil ex-moradores do leste de Alepo, devastada pela batalha, que atualmente estão deslocados na parte ocidental da cidade síria. E ele está ansioso para voltar ao trabalho.
“Quero recuperar nossas vidas e começar a trabalhar para que eu possa cuidar da minha família sem depender de ninguém”, disse Ahmad, que tem procurado um emprego - até agora sem sucesso - desde que chegou ao abrigo Al Salat no início dezembro com sua esposa e quatro filhos.
“Quero recuperar nossas vidas e começar a trabalhar para que eu possa cuidar da minha família sem depender de ninguém.”
“Agora que estamos em segurança, eu quero voltar a ser produtivo. Este não é o tipo de vida que eu quero, esperando em filas de ajuda humanitária”, acrescentou.
No total, mais de 120 mil pessoas estão deslocadas em Alepo, uma das cidades mais antigas do mundo e o maior centro comercial e populacional da Síria antes do país entrar em conflito em 2011.
O ACNUR, a Agência da ONU para Refugiados, e seus parceiros no abrigo coletivo Al Salat e em toda Alepo, estão fomentando empregos e meios de subsistência como parte fundamental do esforço para ajudar a cidade e seu povo a se recuperar de quase seis anos de guerra. Entre os serviços oferecidos estão cursos de formação profissional e subsídios para empresas iniciantes.
“Muitas das famílias que encontramos estão ansiosas para reiniciar suas vidas, e a maioria das perguntas são sobre oportunidades de subsistência e o estabelecimento de escolas para seus filhos”, disse Sajjad Malik, representante do ACNUR na Síria, durante uma recente visita a Aleppo.
A luta brutal pelo controle de Aleppo durou mais de quatro anos antes que as forças governamentais restabelecessem o controle sobre toda a cidade em dezembro, após um cerco das vizinhanças orientais durante um mês.
Os comerciantes do mercado da cidade velha, agora arruinado, também estão querendo recomeçar. Dentre eles está Mohamad, que possui seis lojas lá. “Aos poucos, vou consertar e reparar as coisas aqui”, disse durante uma visita a uma rua rodeada por lojas com suas persianas arrancadas e interiores cheios de entulho. “Vamos trabalhar juntos e reconstruir o mercado para que possamos trabalhar aqui novamente”, acrescentou.
“Quero começar a trabalhar novamente assim que puder, mas percebo que preciso de ajuda, já que as ferramentas que tenho agora não são suficientes.”
Outro ex-residente do leste de Alepo, atualmente deslocado no oeste da cidade, é Omar, um ferreiro de 43 anos especialista em desenhos tradicionais árabes. Ele foi capaz de continuar trabalhando para sustentar sua família durante grande parte dos últimos quatro anos, mas foi finalmente forçado a parar em julho, quando o leste da cidade ficou sitiado.
Omar fugiu para o oeste com sua esposa e quatro filhas depois que seu único filho foi morto em um ataque fatal. Quando saíram, ele levou as ferramentas restantes com ele para retomar o trabalho quando pudesse.
“Quero começar a trabalhar novamente assim que puder, mas percebo que preciso de ajuda, já que as ferramentas que tenho agora não são suficientes”, disse. Omar estima que ele precisará gastar cerca de 150 mil libras sírias (300 dólares) para comprar as novas ferramentas que precisa. “Desse valor, eu só tenho 10 dólares agora”, acrescentou tristemente.
“Do jeito que estou agora, não consigo ter um plano para o futuro”, disse. “Tudo o que posso fazer agora é ficar neste abrigo e sobreviver, com a minha família, dependendo da ajuda humanitária que recebemos”.
O conflito em Aleppo já forçou milhares de famílias a deixarem suas casas. Você pode ajudar ao fazer uma doação para que essas pessoas possam sobreviver. Clique aqui.