ONU precisa de 4,63 bilhões de dólares para oferecer ajuda humanitária a refugiados sírios e nações vizinhas
ONU precisa de 4,63 bilhões de dólares para oferecer ajuda humanitária a refugiados sírios e nações vizinhas
HELSINQUE, Finlândia, 24 de janeiro de 2016 – Quase seis anos após o início do conflito na Síria, as agências das Nações Unidas e ONGS pedem financiamento de 4,63 bilhões de dólares para atender às crescentes necessidades dos refugiados sírios que deixaram seus lares por causa dos combates, e também aos países vizinhos que vêm recebendo essas pessoas.
O financiamento será destinado a oferecer assistência para mais de 4,7 milhões de refugiados sírios, dos quais a grande maioria vive abaixo da linha da pobreza e enfrenta lutas diárias para ter acesso a serviços básicos como alimentação, moradia e saúde.
"Os refugiados sírios e as comunidades que os acolhem precisam do nosso apoio mais do que nunca".
“Os refugiados sírios e as comunidades que os acolhem precisam do nosso apoio mais do que nunca”, disse o Alto Comissário da ONU para Refugiados, Filippo Grandi, em um evento em Helsinque onde foi feito o pedido de financiamento.
"A comunidade internacional deve enviar uma mensagem clara de apoio aos refugiados e oferecer suporte urgentemente. O ACNUR e os seus parceiros estão prontos para identificar as necessidades e vulnerabilidades dos refugiados sírios e das comunidades que os acolhem, mas para isso, primeiro, é preciso oferecer os recursos necessários”.
Kai Mykkänen, Ministro do Comércio Exterior e Desenvolvimento da Finlândia, disse que a comunidade internacional tem o dever de apoiar o esforço de ajuda humanitária da melhor forma possível.
“As notícias da Síria têm sido devastadoras. Temos observado um enorme aumento na necessidade humanitária e estamos cientes do grande fardo que os países vizinhos carregam. Ao hospedar este evento, a Finlândia quer destacar o trabalho vital feito pela ONU e os países vizinhos da Síria", disse ele.
Cerca de 70% dos refugiados sírios são mulheres e crianças, e metade destas crianças não estão recebendo educação formal. Entre as prioridades do plano de financiamento para 2017 está a necessidade de aumentar as oportunidades educacionais para os jovens refugiados sírios e evitar a ameaça de uma “geração perdida”.
Outras propostas de resposta incluem a proteção dos direitos e da segurança dos refugiados, a criação de novas oportunidades de subsistência e a garantia de acesso a cuidados de saúde básica para os refugiados e as comunidades que os acolhem.
A necessidade de ajuda foi também ressaltada pelos próprios refugiado, entre eles Wardah, uma refugiada síria de 32 anos, que vive com seus cinco filhos e a sogra em um apartamento de um quarto em Amã, na Jordânia. Ela afirmou que está totalmente dependente da assistência do ACNUR e outras agências, agora que seu marido está de volta à Síria e não pode se juntar a eles.
"É uma preocupação constante se vou conseguir pagar o aluguel. Eu vivo com medo de que um dia a gente acabe na rua".
Ela recebe 215 Dinares Jordanianos (cerca de 300 dólares) por mês em assistência financeira do ACNUR, que são suficientes apenas para cobrir as contas de aluguel e de serviços públicos, além de 120 dinares (cerca de 170 dólares) do Programa Mundial de Alimentos em tickets de alimentação, para alimentar uma família de sete pessoas.
“Estamos aqui há três anos, e a Jordânia é um segundo lar para a gente”, Wardah disse. “Mas é uma preocupação constante se vou conseguir pagar o aluguel. Eu vivo com medo de que um dia a gente acabe na rua”.
Seus dois filhos mais velhos, de oito e nove anos, frequentam uma escola pública local, mas durante o inverno Wardah teve que encontrar dinheiro extra para pagar roupas quentes e transporte público para levá-los para a aula. Por causa disso, ela agora está com dois meses de aluguel atrasado.
“O proprietário é muito gentil e permitiu que eu atrasasse o pagamento do aluguel, mas ele não pode esperar para sempre. Mesmo com a renda extra que eu faço dando faxina, não é o suficiente”, explica Wardah, com uma voz claramente ansiosa.
"Eu sonho que voltaremos à Síria e nos reuniremos novamente com nossa família, mas ainda é impossível. Até lá, tudo o que quero é um lugar seguro onde meus filhos possam crescer em paz".