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Trocas culturais e de saberes marcam a integração entre refugiados e brasileiros no Rio de Janeiro

Comunicados à imprensa

Trocas culturais e de saberes marcam a integração entre refugiados e brasileiros no Rio de Janeiro

Trocas culturais e de saberes marcam a integração entre refugiados e brasileiros no Rio de JaneiroA diversidade, a troca cultural e a integração entre refugiados e brasileiros foram as marcas da celebração pelo Dia Mundial do Refugiado no Rio de Janeiro.
23 Junho 2016

Rio de Janeiro, 23 de junho de 2016 (ACNUR) - A diversidade, a troca cultural e a integração entre refugiados e brasileiros foram as marcas da celebração pelo Dia Mundial do Refugiado no Rio de Janeiro. Com o arrojado edifício do Museu do Amanhã servindo como espaço de acolhida, refugiados de diferentes países reuniram-se em uma feira multicultural na Praça Mauá, no último sábado, para apresentar um pouco da sua culinária, sua arte e seu artesanato. Esta foi apenas uma dentre as várias atividades que conferiram protagonismo aos refugiados, além de dois seminários e um passeio cultural realizados ao longo desta semana.

Organizada em parceria pela Cáritas do Rio de Janeiro, pela Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e pelo Museu do Amanhã, a feira ofereceu aos visitantes a oportunidade de degustar típicos salgados árabes, arepas colombianas, cachapas venezuelanas e até mesmo o tempero da culinária congolesa, satisfazendo estômagos famintos e curiosos. Entre uma mordida e outra, brasileiros e turistas estrangeiros que circulavam pela nova Zona Portuária do Rio puderam também comprar roupas africanas e pinturas de artistas colombianos, além de brincos, colares e pulseiras produzidos por refugiados.

"A feira foi uma oportunidade para os brasileiros conhecerem nossos produtos", disse o venezuelano José Joaquín Rodríguez, que ajudou a esposa, filha de libaneses, a vender comida árabe. "O ambiente estava maravilhoso porque o Museu do Amanhã não é apenas uma atração turística, mas também arquitetônica. É um novo ícone do Rio de Janeiro."

A interação entre refugiados e brasileiros começou antes mesmo da chegada dos visitantes, pois entre os vendedores havia também moradores da região portuária, integrantes dos grupos Sabores do Porto e Artesanato do Porto, que abraçaram a ideia de dividir o espaço com os recém-chegados. "Eu experimentei a comida africana e gostei muito", contou Gregória Cardoso, que, como toda semana, ocupava uma das barracas com seus quitutes brasileiros. "A presença dos refugiados trouxe mais movimento à feira. Tem que haver mais oportunidades como esta para as pessoas conhecerem a comida deles."

Segundo estimativa do Museu, mais de 7 mil pessoas passaram pela Praça Mauá ao longo do dia. O movimento foi tão grande que as barracas de refugiados venderam todo o estoque de comida. "Eu não esperava tanta gente", admitiu o sírio-palestino Khaled Fares, que preparou um concorrido sanduíche de falafel, com espera de mais de 10 minutos. "Quando a comida acabou, eu avisei às pessoas e pedi desculpas, mas elas não queriam sair da fila!"

Criança refugiada observa o globo terrestre durante a visita guiada realizada no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro.

“Os museus são locais de encontro, por isso sempre tentamos promover o diálogo e a troca entre as pessoas", explicou a gerente de relações comunitárias do Museu do Amanhã, Laura Taves. "A feira foi muito interessante porque os brasileiros puderam conhecer a cultura dos refugiados e eles puderam conhecer a nossa".

Se a Feira Multicultural ocorreu na praça, o início das atividades que celebraram o Dia Mundial do Refugiado se deu do lado de dentro do Museu do Amanhã. No dia 16 de junho o auditório do museu recebeu o seminário "Vozes do Refúgio: dados globais, olhares locais". Uma das mesas foi composta exclusivamente por refugiados, que apresentaram suas experiências sobre os temas de diversidade e discriminação, gênero e infância, acesso ao mercado de trabalho e integração acadêmica.

Na ocasião, o Oficial de Proteção do ACNUR, Gabriel Godoy, chamou atenção para o aumento do fluxo de refugiados no país. "A realidade global tem tido impacto no Brasil, que tem visto um incremento vertiginoso dos pedidos de refúgio. O sistema brasileiro tem que ser repensado para que se tenha maior capacidade de resposta a esse volume crescente de solicitações", afirmou Godoy.

Já a coordenadora do Programa de Atendimento a Refugiados da Cáritas RJ, Aline Thuller, destacou o crescimento na chegada de mulheres, que superaram os homens em solicitações de refúgio no estado do Rio de Janeiro nos primeiros cinco meses de 2016, algo que nunca havia acontecido.

Algumas dessas mulheres tiveram a oportunidade de percorrer os corredores do Museu do Amanhã, em visitas guiadas pelas exposições e experiências interativas que tanto fascinam os visitantes. No total, mais de 50 refugiados participaram do passeio, a convite do museu. "O museu é muito bom e bonito", comentou a marfinense Machagbe Traoré, com o filho bebê no colo. "Aqui dentro nós esquecemos nossos problemas pelo menos por um momento."

Como o aumento no número de mulheres vem acompanhado de um crescimento da presença de meninos e meninas refugiadas, um segundo seminário fechou as celebrações pelo Dia Mundial no Rio de Janeiro, no dia 22 de junho, debatendo os desafios para a proteção e a integração das crianças e dos adolescentes em situação de refúgio. Organizado pela Cáritas RJ, pela Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro (DPGE) e pela Defensoria Pública da União (DPU), o evento discutiu a importância de se garantir o acesso à documentação aos menores de idade, ainda que cheguem desacompanhados ao Brasil. Nesse sentido, foi apresentada uma Carta Pública que consolida os direitos das crianças refugiadas e convida a sociedade civil e os órgãos públicos a trabalharem conjuntamente para promover sua garantia.

Por Diogo Felix, do Rio de Janeiro.