Refugiados expõem suas diversidades culturais em São Paulo
Refugiados expõem suas diversidades culturais em São Paulo
São Paulo, 18 de maio de 2016 (ACNUR) - Refugiados e imigrantes mantiveram um contato especial com os paulistanos no último dia 15, no Mirante da Avenida 9 de Julho, um vibrante ponto de encontro de São Paulo atrás do Museu de Arte de São Paulo (MASP). Sírios, congoleses, colombianos, senegaleses e pessoas de outras nacionalidades expuseram e venderam pratos e doces tradicionais, peças de artesanato, roupas e turbantes, caligrafia árabe e danças africanas na “Feira das Feiras”, organizada pelo segundo ano consecutivo pelo Migraflix, com apoio da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR).
Desta vez, o tema escolhido pelo Migraflix para a feira foi “imigrantes”. Muna Darweesh, hoje uma das mais festejadas quituteiras sírias de São Paulo, esgotou o estoque de pratos trazido de sua casa no final da tarde do domingo. O também refugiado sírio Nauras Haladi, jornalista de 33 anos, precisou pedir mais pacotes de comida árabe a sua mulher, emigrada do Marrocos. “Nós mesmos as preparamos, com muito cuidado. Preparamos pratos árabes enquanto não consigo uma atividade permanente”, disse Halabi.
A barraca do geólogo Lambert Shesa Londja, refugiado da República Democrática do Congo, chamou a atenção com as bonecas africanas e bahianas de pano confeccionados por sua mulher, Renée Ross Londja, imigrante da Guiana. “Aprendi a fazê-las durante o período em que morei em Manaus”, relatou Renée. Mohamed Rajir, refugiado sírio de 20 anos, ajudava o amigo Salam Al Sayyed, também quituteiro, na venda de geleias caseiras de sabores que não causam estranheza nem a árabes nem a brasileiros, como a goiaba.
O evento teve a parceria do festival Australia Now e foi embalado pelas apresentações do Entrópica, Banda do Sassou e do percussionista australiano Ben Walsh. O ACNUR esteve presente oferecendo informações ao público sobre o refúgio e buscando assinaturas para a campanha global #IBelong que promove sensibilização pública sobre a situação dos apátridas.
“A proposta foi a expor imigrantes e refugiados a um evento colaborativo, no qual poderiam apresentar sua cultura, música, dança, gastronomia e até caligrafia em um ponto fervilhante dos finais de semana em São Paulo”, disse Jonatan Berezovsky, coordenador do Migraflix.
“Para o ACNUR é importante trazer seu trabalho e o dos refugiados para locais de grande visibilidade na cena paulistana. O modelo do evento demonstra que a integração é uma via de mão dupla: beneficia tanto os refugiados quanto a sociedade acolhedora”, afirmou Vinícius Feitosa, Assistente de Proteção do ACNUR.
Por Denise Chrispim, de São Paulo