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UFPR propicia o reingresso de refugiados à universidade

Comunicados à imprensa

UFPR propicia o reingresso de refugiados à universidade

UFPR propicia o reingresso de refugiados à universidadeA síria Lucia Loxca, estudante de arquitetura, foi a primeira reingressa da UFPR e seu papel foi fundamental para a aprovação da media 34/14 do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão.
17 May 2016
Lucia, refugiada da síria e reingressa da UFPR, pretende trazer a influência do Oriente Médio para a arquitetura brasileira © Divulgação

Curitiba, 17 de maio de 2016 (ACNUR) - Entendendo que a integração social dos refugiados e portadores de visto humanitário se dá também pela educação, a Universidade Federal do Paraná (UFPR) tem sido efetiva na viabilização do reingresso de estudantes que tiveram seus estudos interrompidos, de forma forçada, em seus países de origem.

A síria Lucia Loxca, 25 anos, estudante de arquitetura, foi a primeira reingressa da UFPR e seu papel foi fundamental para a aprovação da media 34/14 do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão – CEPE/UFPR. "Eu fazia arquitetura, em Alepo, na Síria. Quando cheguei ao Brasil, queria voltar a estudar, mas me disseram que seria muito difícil. Um dia, eu entrei na UFPR e, coincidentemente, encontrei o coordenador do curso de arquitetura por lá. Nós conversamos e ele me falou que veria o que era possível ser feito", conta Lucia.

Já na metade do curso, Lucia é otimista sobre o exercício da profissão. Ela acredita que aqueles que se destacam e que possuem diferenciais sempre encontram espaço no mercado. "Desde criança eu sempre gostei de desenhar. Eu amo arquitetura e penso em trazer a minha influência do Oriente Médio para a arquitetura brasileira. Quero misturar os estilos".

Após dois anos da aprovação da medida 34/14, a UFPR conta com 24 reingressos, ocupando as vagas remanescentes. O vice-reitor da UFPR, Prof. Dr. Rogério Andrade Mulinari, destaca que as universidades federais têm papel importante na contribuição para o desenvolvimento de políticas públicas que tragam soluções para problemas atuais. "Esta resolução permite uma qualificação desses refugiados, transformando-os em trabalhadores habilitados a um mercado exigente, como o brasileiro. Acolhimento é mais que apenas lhes oferecer refúgio, mas é lhes propiciar maneiras de contribuir com a comunidade que os recebe, assegurando transformação na sua qualidade de vida".

Em 2016, dos 24 reingressos, 14 foram contemplados com bolsas de permanência que oferecem auxílio moradia, vale-transporte, acesso ao refeitório universitário - inclusive nos fins de semana - e ajuda de custo com creche, caso seja adequado.

Com a bolsa, os universitários podem se dedicar intensamente aos estudos e focar na qualidade da formação, o que se refletirá na qualificação do mercado. Para o vice-reitor, oportunizar a retomada dos estudos para refugiados e portadores de visto humanitário é garantir a emancipação dessa população. "As barreiras linguísticas, culturais e profissionais resultam em uma demanda adicional por assistência socioeconômica aos refugiados, onerando ainda mais a sociedade. Vencer isso significa permitir que os refugiados assegurem seu próprio sustento, reduzindo sua dependência da estrutura de apoio social governamental, conferindo-lhes autonomia e inserção social".

Segundo o professor José Gediel, coordenador da Cátedra Sérgio Vieira de Mello da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) na UFPR e à frente do Programa Universidade Brasileira e Política Migratória (PMUB), foi o caso de Lucia que despertou a universidade para a necessidade de se refletir sobre medidas que viabilizassem o reingresso de refugiados ou portadores do visto humanitário no ensino superior.

Ainda que se possa comemorar os resultados efetivos do PMUB, o professor Gediel lembra que essa vitória não pode diminuir os esforços para a conquista da possibilidade de revalidação de diplomas de refugiados. "Revalidar os diplomas dos refugiados tem sido uma das coisas mais complicadas, uma vez que o sistema brasileiro é bastante burocrático nessa questão e possui exigências que são praticamente impossíveis de serem cumpridas pelos refugiados, como a apresentação de histórico", diz Gediel.

Sobre o PMUB - O Programa Universidade Brasileira e Política Migratória, da UFPR, surgiu em 2010 como uma tentativa de resposta à situação emergencial dos refugiados e cidadãos com visto humanitário que estavam chegando ao Brasil, anunciando que o fluxo migratório para o país seria ainda maior nos próximos anos. As primeiras atividades realizadas - e que seguem até hoje - foram as aulas gratuitas de português para estrangeiros.

Os dois principais focos de atuação do PMUB são assegurar o reingresso de estudantes que tiveram seus estudos interrompidos no país de origem e viabilizar a revalidação do diploma.

Por Michele Bravos, de Curitiba (PR)