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Cartilha ensina português a refugiados sob a perspectiva dos direitos humanos

Comunicados à imprensa

Cartilha ensina português a refugiados sob a perspectiva dos direitos humanos

Cartilha ensina português a refugiados sob a perspectiva dos direitos humanos"Mudar à força de um país para outro é delicado. É como morar toda vida na Zona Sul de São Paulo e depois se mudar para a Zona Leste da cidade.
2 Dezembro 2015

São Paulo, 02 de dezembro de 2015 (ACNUR) – "Mudar à força de um país para outro é delicado. É como morar toda vida na Zona Sul de São Paulo e depois se mudar para a Zona Leste da cidade. Você perde suas referências, não se acostuma com o novo lugar. Agora imagina ter que viajar para um país completamente diferente do seu, com outra língua e outra cultura”.

Esta reflexão é do refugiado Hidras Tuala, da República Democrática do Congo, que faz uma analogia para explicar as dificuldades enfrentadas pelos refugiados ao chegar em um novo país, especialmente aquelas relacionadas ao aprendizado do novo idioma.

Com o crescente fluxo de solicitantes de refúgio com destino ao Brasil - de acordo com o CONARE, há aproximadamente 8.530 estrangeiros reconhecidos como refugiados e cerca de 13 mil solicitações que aguardam um parecer -, um dos principais desafios para a integração é o devido aprendizado da língua portuguesa.

Para ajudar a enfrentar essas dificuldades, a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) lançou na última sexta-feira (27/11) a apostila "Pode Entrar: Português do Brasil para Refugiadas e Refugiados".

Elaborada pelo Cursinho Popular Mafalda, com o apoio da Cáritas Arquidiocesana de São Paulo, este material já está disponível para ser baixada gratuitamente no endereço  www.acnur.org/t3/portugues/recursos/publicacoes/

O lançamento da apostila se integra à agenda do ACNUR para os "16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra Mulheres", pois tem como diferencial a abordagem transversal de direitos humanos ao longo de seus 12 capítulos, como afirma uma das realizadoras da apostila, a coordenadora do Cursinho Popular Mafalda, Talita Amaro.

"O material foi produzido essencialmente por mulheres e exigiu um amplo trabalho de pesquisa para irmos além de uma mera apostila, tornando-a uma ferramenta de empoderamento. Ela foi feita por profissionais de várias formações que conseguiram adaptar o conteúdo didático às diferentes realidades das refugiadas e refugiados".

Além de propiciar o ensino da língua portuguesa dentro das dimensões de direitos humanos, em cada capítulo a apostila traz informações sobre preenchimento de formulários, emissão de documentos e contatos para denúncias de violência contra as mulheres, por exemplo, além de contar com um glossário com tradução para quatro idiomas (inglês, francês, árabe e espanhol).

De acordo com o diretor da Cáritas São Paulo, padre Marcelo Monge, "a equipe que produziu a apostila foi sensível às dificuldades que os refugiados enfrentam, às necessidades que devem saber. Palavra por palavra, página após página, tudo foi pensado. É mais que uma apostila de língua portuguesa, porque traz o conceito de direitos humanos, que permeia todo o conteúdo. Dessa forma, aborda a cidadania pela perspectiva da integração", disse.

O evento de lançamento contou com a presença de alunas e alunos solicitantes de refúgio e refugiados, representantes das instituições que oferecem o curso gratuitamente na cidade de São Paulo e de especialistas em direitos humanos que, juntos, ressaltaram a importância de ter acessível e de forma gratuita o material produzido.

O ACNUR acredita que, com este material produzido e disponível para download, outras parcerias com diferentes instituições possam ser estabelecidas, possibilitando assim que um número cada vez maior de refugiadas e refugiados possa ser contemplado pela publicação.

Dessa maneira, o ACNUR reafirma seu compromisso com os “16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra Mulheres”, campanha idealizada pelo Centro de Liderança Global de Mulheres (Center for Women's Global Leadership - CWGL) com o objetivo de promover o debate e denunciar as várias formas de violência contra as mulheres no mundo.

Por Miguel Pachioni, de São Paulo.