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ACNUR: “completamente absurdo” culpar os refugiados pelo terrorismo

Comunicados à imprensa

ACNUR: “completamente absurdo” culpar os refugiados pelo terrorismo

ACNUR: “completamente absurdo” culpar os refugiados pelo terrorismoO Alto Comissário disse ser “completamente absurdo” tentar culpar os refugiados pelos ataques terroristas, enfatizando que eles são suas "primeiras vítimas".
18 Novembro 2015

Presevo, Sérvia, 17 de novembro de 2015 (ACNUR) - O Alto Comissário da ONU para Refugiados, António Guterres, disse ser “completamente absurdo” tentar culpar os refugiados pelos ataques terroristas, enfatizando que eles eram suas "primeiras vítimas" e não poderiam ser responsabilizados pelo que aconteceu em Paris, Beirute e em outros lugares.

Falando da Sérvia, em uma viagem de um dia, Guterres salientou que os governos europeus não devem fazer quaisquer movimentos unilaterais posteriormente aos recentes ataques, mas devem encontrar uma resposta conjunta para solucionar a crise atual.

"Não são os fluxos de refugiados que causam o terrorismo, os refugiados são frutos do terrorismo, da tirania e da guerra", enfatizou enquanto visitava o centro de acolhimento para refugiados em Presevo, na fronteira com a Macedônia.

"É claro que a estratégia do Daesh não é apenas deixar os europeus contra os refugiados, mas dentro da Europa fazer com que os cidadãos fiquem contra os demais cidadãos de suas comunidades, que uma comunidade esteja contra outra comunidade dentro dos mesmos países, e países contra países dentro da União Europeia.

Atualmente, a Sérvia é o primeiro país na chamada rota dos Balcãs Ocidentais onde a maioria das pessoas que estão chegando está sendo registrada e tendo suas impressões digitais recolhidas. Desde o início do ano, 436.000 solicitantes de refúgio foram registadas na Sérvia, sendo Presevo o principal ponto de entrada.

"A Sérvia está dando uma lição a alguns dos Estados-Membros da União Europeia, mesmo não sendo em si um membro", Guterres acrescentou, expressando sua "profunda, profunda gratidão" ao Governo e ao povo da Sérvia pela maneira tolerante e acolhedora que eles continuam a receber os refugiados.

Em um comunicado à imprensa, o Alto Comissário Guterres reiterou a posição institucional que refugiados e imigrantes deveriam ser avaliados em sua entrada na União Europeia e depois ser reassentados de forma ordenada entre os Estados membros.

Entre 6.000 e 8.000 pessoas estão chegando em Presevo por dia. Após o registro, eles se movem para Sid no noroeste da Sérvia, depois seguem para Croácia e outros países.

O primeiro-ministro Aleksandar Vucic reafirmou o compromisso da Sérvia de deixar as fronteiras abertas e não as cercar com arame farpado.

Guterres falou com muitos dos quase 600 refugiados presentes no centro, no momento de sua visita, e os tranquilizou que tudo está sendo feito para evitar uma tragédia humana com a chegada das baixas temperaturas do inverno, mas advertiu que haverá tempos difíceis para todos.

Comentando sobre o fato do passaporte de uma pessoa que tinha registro na Sérvia ter sido deixado em uma das cenas de horror em Paris, Guterres afirmou ser uma estratégia dos terroristas para atiçar hostilidade contra os refugiados e aumentar a pressão sobre países europeus para que fechem suas fronteiras.

"O passaporte foi deixado para ser visto, o que significa que o Daesh também tem como estratégia colocar os refugiados no centro das atenções... Isso também é algo planejado para tentar forçar a Europa a fechar as fronteiras", disse aos repórteres. "Então, tentar culpar os refugiados é completamente absurdo".

Ele acrescentou que as coisas seriam "completamente diferentes se a Europa tivesse uma capacidade de acolhimento eficaz nos pontos de entrada ou se houvessem mais formas legais para as pessoas viajarem. Mas, infelizmente, nessas duas indicações, a Europa falhou completamente e possibilitou que contrabandistas estejam no comando do show".

Guterres e o primeiro-ministro sérvio Vucic também visitaram os edifícios de uma antiga fábrica de tabaco, onde atualmente o Governo sérvio está preparando abrigos equipados para o inverno, com o apoio do ACNUR. Eles viram os escritórios onde os solicitantes de refúgio são registrados e têm suas impressões digitais coletadas. Também visitaram o centro de saúde, unidades habitacionais de refugiados desenvolvido pela IKEA e tendas do ACNUR.

Somente em outubro 93,5% dos solicitantes de refúgio vieram dos cinco principais países emissores de refugiados, incluindo 53,5% sírios, 29,6% afegãos e 9,9% iraquianos.

Desde junho de 2015, a Agência da ONU para Refugiados propiciou ajuda humanitária no valor de US$ 3,1 milhões à Sérvia. Com o aumento dos esforços na adaptação dos abrigos para o inverno, este montante deve aumentar para US $ 8,7 milhões ou perto de um bilhão de dinares até o final do ano.

Melita Sunjic, Presevo, Sérvia.