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Com a intensificação do conflito no Iêmen, mais pessoas fogem para a República do Djibuti

Comunicados à imprensa

Com a intensificação do conflito no Iêmen, mais pessoas fogem para a República do Djibuti

Com a intensificação do conflito no Iêmen, mais pessoas fogem para a República do DjibutiO pescador iemenita Abdullah Seif Zeid estava voltando para casa em sua moto quando um ataque aéreo atingiu Bab El Mandeb, sua região natal.
13 Novembro 2015

Obock, Djibuti, 13 de novembro de 2015 (ACNUR) – O pescador iemenita Abdullah Seif Zeid estava voltando para casa em sua moto quando um ataque aéreo atingiu Bab El Mandeb, sua região natal.

A súbita explosão atingiu diretamente o iemenita de 27 anos de idade. Sua perna esquerda foi quebrada por estilhaços, e ele percebeu que estava sangrando muito em um ferimento que exigiria meses de reabilitação e tratamento.

"Eu vivia com medo de que algo como isso pudesse acontecer com algum familiar, amigo ou vizinho. Então, de repente, minha perna está dilacerada e eu estou incapacitado", contou Abdullah.

Com a intensificação da guerra no Iêmen, mais de 120 mil refugiados e imigrantes fugiram o país desde abril de 2015. Mais de 15.000 refugiados, dentre eles Abdullah Zeid, têm buscado segurança no golfo de Áden, na República do Djibuti, um pequeno país no Chifre da África.

À medida que a guerra civil se espalhou em sua terra natal, muitos perderam suas casas, outros seus meios de subsistência. A maioria se sente incapaz de se juntar a seus entes queridos em outras partes do país porque temem pela sua própria segurança.

Como milhões de iemenitas, Abdullah Zeid já estava em situação dificuldade econômica antes mesmo da guerra civil, que eclodiu em março. Uma década de instabilidade política, tensão entre grupos civis e contínua intolerância também enfraqueceram os serviços públicos, somando-se às dificuldades já existentes.

Temendo que instalações médicas se tornem alvo – como já aconteceu em meio ao conflito - Zeid Abdullah e outros civis feridos de guerra estão cada vez mais relutantes em procurar cuidados de saúde pública no Iêmen. Além disso, os custos crescentes de clínicas privadas estão forçando-os a procurar outras alternativas.

Um homem magro, cuja perna quebrada se mantém por pinos, decidiu economizar seu dinheiro já escasso para atravessar até a República do Djibuti, no final de outubro, acreditando que teria uma chance melhor de sobrevivência como um refugiado naquele país.

"No Iêmen, me deparei com muitos homens, mulheres e crianças cuja saúde estão se deteriorando devido as feridas não curadas", disse ele. "Eu estou contente que alguns já cruzaram a fronteira. Espero que o restante também consiga atravessar," acrescentou.

Apoiando-se em muletas, com suas feridas expostas ao ar, Abdullah Zeid está refugiado na cidade portuária de Obock. Ele está ansioso para acessar os serviços de segurança, proteção e assistência médica existentes em Markazi, acampamento do ACNUR e de seus parceiros.

“Temos muitos refugiados que recentemente chegaram ao acampamento e podemos ver seus rostos, e sempre que conversamos, o quanto estão traumatizados. Eles passaram por muitas situações angustiantes durante a fuga," disse Mnawar.

Imad Ali, 28 anos, também chegou no final de outubro. Atravessando o estreito de 30 km com quatro outros homens iemenitas em um barco de sete metros de comprimento, o pescador deixou seus pais e outros irmãos na cidade portuária de Aden, onde procuraram refúgio pela primeira vez.

"Eu fiquei na minha região natal de Bab El Mandeb porque alguém tinha que trabalhar e sustentar a minha família, mesmo apesar do alto risco", disse ele. "Mas logo eu percebi que esta guerra está piorando e não tenho os meios para trazer todos à Djibuti."

Ele optou por cruzar a fronteira do Djibuti para encontrar sua noiva e sua família que já estavam se refugiando no acampamento de Markazi.

“Pelo menos a família da minha noiva pode se tornar minha segunda família”, disse Ali.

Mesmo ele tendo chegado com segurança em Djibuti, ele continua preocupado com a família que ficou no Iêmen.

"Poderia haver segurança e assistência por enquanto, mas não é uma paz duradoura. Eles não podem trabalhar para e se sustentar no longo prazo em Aden, muito menos podem retornar para Bab El Mandeb, de onde viemos", disse ele.

Desde o final de setembro, mais de 2.000 iemenitas fugiram para o Djibuti, aumentando o número de refugiados no acampamento de Markazi para cerca de 2.800. Como o aumento dos níveis de violência doméstica, a busca por segurança na costa ocidental do Golfo de Aden é cada vez mais o único recurso de milhares de iemenitas.

“Nós estamos quase em capacidade máxima no campo de Markasi”, disse Mnawar. “Nós já precisamos planejar a extensão do campo para recepcionar novos refugiados”.