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Osvaldo Laport visita os refugiados na América Central e sul do México

Comunicados à imprensa

Osvaldo Laport visita os refugiados na América Central e sul do México

Osvaldo Laport visita os refugiados na América Central e sul do MéxicoO Embaixador da Boa Vontade da ACNUR, Osvaldo Laport, visita a Honduras, Guatemala e ao sul do México para oferecer apoio aos refugiados e solicitantes de refúgio.
13 Novembro 2015

TAPACHULA, México, 13 de novembro de 2015 (ACNUR) – O Embaixador da Boa Vontade da Agencia da ONU para Refugiados, Osvaldo Laport, acaba de terminar uma visita a Honduras, Guatemala e ao sul do México para oferecer apoio aos refugiados e solicitantes de refúgio dos países do Triângulo Norte da América Central – Honduras, El Salvador e Guatemala – e também para alertar sobre os novos deslocamentos forçados que estão acontecendo na região devido à perseguição e violência.

“A violência hoje em dia não está concentrada somente no Oriente Médio. Ao grande número de refugiados sírios, devemos somar estes homens, mulheres, crianças, famílias inteiras que fogem diariamente dos países do Triângulo Norte devido à violência causada principalmente pelo crime organizado transnacional. Uma violência cruel que não deixa outra opção além de fugir de um dia a outro, deixando tudo para trás e começando uma nova vida sem nada”, disse Laport.

O ACNUR, que está presente nos países do Triângulo Norte desde 2013, conheceu caos nos quais as pessoas se vêm forçadas a fugir da violência e da perseguição antes de cruzar uma fronteira internacional para buscar proteção. Nas missões de monitoramento na fronteira e nos diálogos com a sociedade civil foram registrados casos de violência de gênero e intrafamiliar que afeta gravemente as mulheres, meninos, meninas e pessoas da comunidade LGBTI. Estas pessoas, por suas características, podem ser mais vulneráveis a agressão e violência.

“No meu país fui atacado inúmeras vezes por ser uma pessoa LGBTI. Na última vez, deram-me 58 golpes, sem ainda entender como continuo viva. Fui roubada, violentada, discriminada, sem possibilidade de encontrar trabalho; por isso, às vezes, tenho que vender meu corpo para seguir em frente porque não tenho outra opção”, revelou Paola, uma jovem solicitante de refúgio de El Salvador.

Laport escutou vários destes testemunhos cruéis e conversou com meninos e meninas, mulheres e famílias inteiras que, entre lágrimas, contaram suas histórias e trajetórias para sair de seus países. A maioria saiu durante a noite para não ser visto e durante o dia deviam permanecer escondidos.

“Nós tínhamos um supermercado que funcionava bem, por isso uma quadrilha começou a nos extorquir e cada vez pediam mais e mais dinheiro. Nos vigiavam dia e noite e mataram alguns familiares. Chegamos ao ponto em que a situação se tornou insustentável: viver sob uma ameaça constante com uma impotência tão grande que te destrói. Sair se torna uma situação necessária e a única alternativa”, disse a avó de uma família de 14 pessoas que vive como refugiados na Guatemala há um ano, sobrevivendo com a renda de uma barraca de pupusas, uma comida típica da região de El Salvador.

As mulheres, muitas cabeças da família, relataram terríveis experiências de sequestro, violência e do recrutamento forçado de seus filhos e filhas. Laport escutou histórias de extrema tristeza e perdas, entre elas, de mães que perderam seus filhos jovens, e outras cujos filhos haviam sido ameaçados se não integrassem a uma gangue ou quadrilha. Elas perderam todo o contato com seus entes queridos e desconhecem seus destinos.                                                                                                                 

Osvaldo Laport com uma família refugiada de El Salvador na cidade de Guatemala.

“Tenho quarto filhos. O que tem 16 anos foi sequestrado e o fazem vender drogas, não sei nada sobre ele, se está vivo ou não. A minha outra filha, de 14 anos, foram buscá-la no colégio para a levar e se eu não permitisse eles matariam toda a minha família. Mas eu não cedi. Um dia estiveram em minha casa, trancaram-me e me surraram. No dia seguinte fugimos com o pouco que tínhamos e que ainda foi roubado durante a viagem. Tivemos que viver um período na rua, vivendo da caridade das pessoas”, disse com grande valentia uma mãe salvadorenha, chefe de família; há pouco foram reconhecidos como refugiados no México.

Segundo o recente relatório do ACNUR “Mulheres em fuga”, prevê-se o risco de uma crise de proteção e uma crise iminente de refugiados no continente Americano. Enquanto algumas mulheres da América Central fogem para os Estados Unidos, muitas outras fogem para países vizinhos na América Central, onde as solicitações de refúgio têm aumentado 13 vezes em comparação com 2008.

“Fiz várias missões com o ACNUR, mas nada e ninguém pode te preparar para as terríveis histórias destes sobreviventes da violência, do abuso e da exploração, nem para ver que alguns podem não obter a ajuda urgente que necessitam e merecem. São muitos os inocentes que estão pagando o preço deste ciclo interminável da violência”, expressou com profunda comoção o Embaixador da Boa Vontade em sua quarta visita com o ACNUR, depois de ir a República Democrática do Congo, Equador e ao Líbano.

Para responder a esta crise, a Agências da ONU para Refugiados fez um pedido a todos os países da região para que reconheçam a crescente situação humanitária que enfrentam as vítimas de deslocamento forçado e para que se estabeleçam medidas para assegurar a identificação de propostas adequadas às necessidades de proteção de pessoas que fogem da violência e da perseguição.

Por Francesca Fontanini, de Tapachula (México).