ACNUR teme que dezenas tenham morrido em naufrágio em Mianmar
ACNUR teme que dezenas tenham morrido em naufrágio em Mianmar
YANGON, Mianmar, 05 de novembro de 2013 (ACNUR) – A Agência da ONU para Refugiados lamentou nesta terça-feira a perda de vidas em mais uma tragédia de barco, desta vez na costa ocidental de Myanmar, e reiterou a necessidade de ação dos governos para evitar acidentes deste tipo.
Segundo informações, cerca de 70 pessoas – possivelmente pertencentes ao povo Rohingya, originário do estado de Rakhine – estavam no barco quando no momento do naufrágio, ocorrido na manhã do último domingo em Sittwe, capital do estado. Há relatos do resgate de oito sobreviventes, outras dezenas de passageiros, incluindo mulheres e crianças, ainda estão desaparecidos e podem ter morrido.
Com as recentes tragédias de barcos no Mediterrâneo, a preocupação do ACNUR é que acidentes semelhantes continuem acontecendo, a menos que os países tomem ações para encontrar as causas e reduzir os riscos para os envolvidos em viagens perigosas por mar. Este ano foi um dos piores em acidentes fatais deste tipo.
Cerca de 140 mil pessoas continuam deslocadas no estado Rakhine devido às ondas de violência intercomunitárias que começaram em junho de 2012. Os deslocados são de comunidades como Rohingya, Rakhine e Kaman, entre outras. A maioria das pessoas deslocadas está em abrigos temporários, o ambiente continua tenso e soluções de longo prazo para o deslocamento ainda precisam ser implementadas.
A maioria dos Rohingya não possui cidadania de Mianmar, enfrentam severas restrições e sofrem de práticas discriminatórias e de negação de seus direitos humanos fundamentais. Muitos lutam para ganhar a vida e ter acesso a serviços públicos de saúde e educação.
"É inaceitável que pessoas movidas pelo desespero façam viagens em que arriscam perder a vida, muitas vezes caindo nas mãos de traficantes. O ACNUR está pronto para ajudar o governo de Mianmar a resolver as causas deste fluxo populacional, inclusive buscando maneiras de resolver a situação de apatridia da população Rohingya", reiterou um porta-voz do ACNUR.
Para promover a reconciliação e a coexistência pacífica em Rakhine, o governo e a comunidade internacional também precisam enfrentar desafios, como a falta de desenvolvimento do segundo estado mais pobre de Mianmar.
Paralelamente, o ACNUR faz um apelo aos Estados da região para que reforcem as operações de busca e salvamento e evitem a perda de vidas humanas no mar. "Também pedimos aos governos regionais para facilitar as condições de desembarque, acolhimento e oferecimento de proteção temporária a pessoas que necessitem, enquanto buscamos soluções duradouras para estas populações", disse o porta-voz.