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Com brincadeiras e amigos, crianças refugiadas no Rio e São Paulo celebram seu dia

Comunicados à imprensa

Com brincadeiras e amigos, crianças refugiadas no Rio e São Paulo celebram seu dia

Com brincadeiras e amigos, crianças refugiadas no Rio e São Paulo celebram seu diaMeninos e meninas que vivem no Rio de Janeiro e em São Paulo como refugiados ou solicitantes de refúgio tiveram um Dia das Crianças especialmente feliz este ano.
21 Outubro 2013

RIO DE JANEIRO e SÃO PAULO, 21 de outubro de 2013 (ACNUR) – Meninos e meninas de diferentes nacionalidades que vivem no Rio de Janeiro e em São Paulo como refugiados ou solicitantes de refúgio tiveram um Dia das Crianças especialmente feliz este ano. Para esquecer os traumas dos conflitos deixados para trás em seus países de origem, brincaram e riram como crianças ao lado dos pais, parentes e amigos.

As atividades foram realizadas na semana passada pela organização não governamental “Eu Conheço Meus Direitos” (IKMR, na sigla em inglês), em parceria com as Caritas Arquidiocesanas do Rio e de São Paulo e com o apoio do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR).  

Na sede da Caritas Arquidiocesana do Rio de Janeiro (CARJ), a alegria das 30 crianças correndo e pulando pelo pátio quebrou a rotina da instituição, que tem uma rotina de trabalho voltada para assistência jurídica, social e psicológica aos solicitantes de refúgio e aos refugiados. Entre balões, gincanas, música e doces, os pequenos refugiados se entenderam e brincaram sem parar. “Isso poderia acontecer todos os dias, pois lembra as festas do meu país”, disse a congolesa Francine (*), de 09 anos, rindo e fazendo tranças no cabelo de novas amigas.

No Brasil há apenas duas semanas e arriscando as primeiras palavras em português, a pequena síria Laila (*), de 11 anos, experimentou e gostou das guloseimas tipicamente brasileiras, como paçoca, brigadeiro e guaraná. Acompanhada do pai e dos irmãos, Laila disse estar animada com as perspectivas de vida no Brasil. “O povo aqui é muito simpático”, afirmou ela, que viva com sua família em uma cidade no norte da Síria.

Em São Paulo, a festa do último dia 12 reuniu 60 meninos e meninas vindos de países como Sudão, República Democrática do Congo, Costa do Marfim, Angola, Colômbia e Irã. Assim como no Rio e em Manaus – cidade que no início deste mês inaugurou as comemorações – a tarde também foi de distribuição de brinquedos pela IKMR, além da contação de histórias com a Cia. de Teatro Ópera na Mala e oficina de instrumentos musicais.

Cachorro quente, pipoca, bolo e refrigerante rechearam a festa, realizada no ginásio de esportes do Colégio Agostiniano São José, no bairro do Belém. Depois de cantarem “Parabéns pra Você” em volta de um grande bolo de chocolate, crianças e adultos se emocionaram com a tímida menina sudanesa de 09 anos que pediu o microfone e, sem ninguém esperar, cantou a música Tocando em frente, consagrada pelo músico brasileiro Almir Sater.

“Ando devagar porque já tive pressa e levo este sorriso porque já chorei demais”, dizia um dos versos da canção. A letra da música reflete a resiliência destas famílias que foram obrigadas a deixar seus países para sobreviver a conflitos, perseguições ou generalizada violação de direitos humanos.

A iniciativa da IKRM com crianças refugiadas foi bem recebida pelas instituições que são parceiras do ACNUR no atendimento a solicitantes de refúgio e refugiados nas duas principais cidades brasileiras. Para Aline Thuller, coordenadora do projeto desenvolvido pela CARJ, a iniciativa é importante para facilitar a integração dos jovens refugiados ao Brasil, com a participação de seus familiares. “Isso contribui para a sua socialização, pois cria um momento diferente de descontração. Além disso, é ótimo ver crianças de diferentes religiões, etnias e nacionalidades brincando juntas”, afirmou.

Para a diretora executiva da ONG IKMR, Viviane Reis, a ideia é reforçar a mensagem de que toda criança tem o direito de brincar. “Ficamos extremamente comovidos com a alegria delas, que passaram por desafios inimagináveis e nunca deixaram de ser crianças. Criamos um contexto específico para que possam exercer essa condição”, disse.

De acordo com o Comitê Nacional para os Refugiados (CONARE), órgão vinculado ao Ministério da Justiça, há cerca de 4.400 refugiados de mais de 70 nacionalidades reconhecidos no país, sendo que 12% deles têm idades até 17 anos.

Depois de Manaus, Rio de Janeiro e São Paulo, a IKMR realizará atividades com crianças refugiadas no Rio Grande do Sul, em Guarulhos e em Brasília. Esta última, prevista para 20 de novembro, marcará o Dia Universal das Crinaças, data reconhecida pela ONU por ocasião da aprovação da Declaração dos Direitos da Criança (1959) e da Convenção dos Direitos das Crianças (1989).

Durante as atividades na capital federal, a IKMR lançará seu portal na internet com informações sobre crianças refugiadas ao redor do mundo. Ao final, estima-se que 200 crianças refugiadas em todo o Brasil recebam brinquedos doados por esta iniciativa.

(*) Nomes trocados a pedido dos entrevistados.

Por Felipe Albuquerque, no Rio de Janeiro, e Larissa Leite, em São Paulo