Primeiro grupo de refugiados sírios chega à Alemanha para realocação temporária
Primeiro grupo de refugiados sírios chega à Alemanha para realocação temporária
HANOVER, Alemanha, 11 de setembro (ACNUR) - Um primeiro grupo de 107 refugiados sírios altamente vulneráveis desembarcou nesta quinta-feira na cidade alemã de Hanover. Eles saíram do Líbano por meio de um programa humanitário especial anunciado pelo governo alemão no início deste ano.
"É bom estar em um lugar seguro", disse um dos refugiados, que se apresentou como William, na chegada a Hanover. "Foi um período horrível esperando por ajuda e proteção", acrescentou.
Os refugiados, que chegaram ao Líbano para escapar da escalada de conflitos que eclodiu na Síria em março de 2011, foram levados do aeroporto de Hanover para um centro de alojamento em Friedland, na Baixa Saxônia, onde permanecerão por 14 dias. Eles terão cursos de orientação cultural, como formação básica de idioma e informações sobre a Alemanha, incluindo os sistemas de saúde e escola, bem como ajuda na interação com as autoridades locais.
Após duas semanas eles partirão para diversos lugares em toda a Alemanha. Eles vão morar em pequenos centros ou apartamentos e terão pleno acesso a serviços sociais como saúde e educação. Durante todo o período no país, os refugiados terão direito a trabalhar.
No âmbito do Programa de Assistência Humanitária da Alemanha, anunciado em março, os refugiados receberão uma autorização de permanência por dois anos, com possibilidade de prorrogação, caso a situação na Síria permaneça inalterada.
Michael Lindenbauer, representante do ACNUR na Alemanha, elogiou o governo alemão pela iniciativa humanitária. "A Alemanha é o primeiro país da Europa a implementar um programa de admissão humanitária de refugiados sírios com necessidades especiais", observou ele, acrescentando: "O amplo consenso alcançado na política e na sociedade para apoiar esta iniciativa é exemplar."
O programa prevê até 5 mil vagas para refugiados sírios e é o maior programa de realocação para as vítimas mais vulneráveis da crise na Síria. "As equipes do ACNUR na região da Síria estão neste momento preparando referências adicionais para este programa, que esperamos ser totalmente subscrito até o final de 2013", disse a a porta-voz do ACNUR em Genebra, Melissa Fleming. "A Organização Internacional para as Migrações está conosco na organização de viagens, consultas médicas e outros apoios", acrescentou.
O reassentamento de refugiados, seja pelo programa tradicional ou a realocação – como é o caso do Programa de Admissão Humanitária da Alemanha - é uma ferramenta vital de proteção para salvar vidas e ajudar os refugiados particularmente vulneráveis. Os reassentados podem ser mulheres e meninas em situação de risco, pessoas com graves condições de saúde, sobreviventes de tortura ou outras pessoas com necessidades especiais.
Em junho, o ACNUR anunciou em seu Plano Regional de Resposta à Síria, que buscava 10 mil vagas para admissão humanitária e 2 mil para o reassentamento de sírios com necessidades críticas. Desde então, Alemanha e Áustria se comprometeram a ceder vagas para admissão humanitária (5 mil e 500, respectivamente), enquanto uma série de outros países propuseram o reassentamento.
Entre estes países estão Austrália, Canadá, Dinamarca, Finlândia, Países Baixos, Nova Zelândia, Noruega, Espanha, Suécia e Suíça. Juntos, eles ofereceram mais de 1.650 vagas de reassentamento, das quais 960 são para 2013. Os Estados Unidos já indicaram que estão dispostos a considerar um número não especificado de casos.
A porta-voz Melissa Fleming afirmou que o ACNUR convocou os Estados a apresentar novas ofertas de reassentamento ou realocação. "Em particular, e por causa do tamanho crescente da população da Síria refugiada nos países vizinhos, esperamos ver países oferecendo vagas fora de suas quotas anuais atuais e permitindo a aceleração do processo. Isso ajudaria a atender as necessidades dos sírios altamente vulneráveis e poderia garantir que as oportunidades de reassentamento permaneçam disponíveis para refugiados altamente vulneráveis de outros países", disse ela.