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Dia Mundial da Água: ela traz vida e renda a refugiados em Uganda

Comunicados à imprensa

Dia Mundial da Água: ela traz vida e renda a refugiados em Uganda

Dia Mundial da Água: ela traz vida e renda a refugiados em UgandaO ACNUR fornece água potável para 68 mil refugiados e solicitantes de refúgio, como também a 16 mil ugandenses que vivem ao redor do campo Nakivale.
22 Março 2013

NAKIVALE, Uganda, 22 de março de 2013 (ACNUR) – Com todo cuidado, Iraguha Nkuriza Ferecian aplica soluções químicas em três grandes tanques de metal cheios da água espumosa do Lago Nakivale. Em seguida desce uma escada bamba, certo de que em apenas três horas poderá fornecer água limpa para milhares de compatriotas congoleses, moradores de um campo de refugiados na Uganda.

Aos 27 anos, ele se tornou refugiado aos 9 anos, quando teve de deixar a República Democrática do Congo (RDC) por causa dos ataques à sua família e vizinhos. Com uma bolsa de estudos concedida pelo ACNUR, o rapaz cursou o segundo grau e o curso técnico que o capacitou a trabalhar como operador de sistemas de água. Agora, ele retribui a oportunidade à comunidade.

“Ensino meus colegas a ferver a água antes de beber e lavar os utensílios antes de usá-los”, disse ele, ressaltando a importância do acesso a água potável. Para Iragula, o Dia Mundial da Água não é somente 22 de Março, mas todos os dias.

Diferentemente de muitos países onde os refugiados vivem em campos mais isolados, em Uganda os campos são como vilas, possibilitando aos refugiados desenvolver atividades agropecuárias. O campo Nakivale é muito grande, do tamanho da cidade indiana de Kolkata.

O ACNUR fornece água potável para 68 mil refugiados e solicitantes de refúgio, como também a 16 mil ugandenses que vivem ao redor do campo. O fornecimento impede a disputa local pelo recurso e o consequente aparecimento de tensões, além de promover a convivência pacífica entre os dois grupos (refugiados e comunidade de acolhida). É também um apoio aos ugandenses que possuem pouco acesso aos serviços básicos.

A República Democrática do Congo (RDC) é agora uma lembrança distante para Iraguha, que tem dois irmãos menores nascidos no campo de refugiados em Uganda. Duas de suas irmãs foram separadas da família durante os conflitos, há dezesseis anos, e nunca mais a família teve notícias delas. Tendo passado grande parte de sua vida em Nakivale, o rapaz não se imagina voltando para a turbulenta região leste da RDC.

“Não tenho esperanças de voltar, muitos parentes e conhecidos foram mortos”, afirma. “Se morrermos aqui ou tivermos a chance de ir para outro lugar é da vontade de Deus”. Seu trabalho no ACNUR permite que ele sustente seus pais, hoje idosos, e quatro irmãos mais novos. Ele recebe cerca de 40 dólares para operar o sistema de tratamento da água – e o faz com a ajuda de compostos químicos que garantem a potabilidade da água. O rapaz  supervisiona outros sete trabalhadores e reporta qualquer problema mecânico à equipe do ACNUR.

Depois de três horas em processo de purificação, a água segue dos tanques de metal para cisternas de concreto, e ao longo de tubos ela chega às torneiras dos campos. Além de ser bebida, ela pode ser utilizada para cozinhar, fazer limpeza e na lavoura. A distribuição da água para a comunidade assim como a manutenção das torneiras são de responsabilidade dos refugiados.

“Fico feliz em ajudar meus irmãos e amigos, disse Patrick Ekanga, pai de trigêmeos e também técnico em Nakivale. “Sem água não sobreviveríamos”. Taxista na República Democrática do Congo, nos últimos nove meses Patrick tem consertado torneiras e ajudado em outros reparos no sistema de água da comunidade.

No Dia Mundial da Água, comemorado em 22 de março, Iraguha e Patrick não precisam ser lembrados sobre a importância da cooperação e da boa gestão dos recursos hídricos. Para Iraguha, “quando há água , há vida”.

Por Lucy Beck em Nakivale, Uganda.