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Em seu programa de TV, “Oprah Winfrey” da Romênia chama atenção para o tema do refúgio

Comunicados à imprensa

Em seu programa de TV, “Oprah Winfrey” da Romênia chama atenção para o tema do refúgio

Em seu programa de TV, “Oprah Winfrey” da Romênia chama atenção para o tema do refúgioMbela Nzuzi, uma refugiada congolesa na Romênia, é agora uma famosa apresentadora de talevisão. Sua história é um brilhante exemplo de integração e superação pessoal.
20 Fevereiro 2013

BUCARESTE, Romênia, 5 de fevereiro (ACNUR) – No movimentado estúdio de televisão, momentos antes de entrar ao vivo em seu programa de entrevistas para discutir o estresse na sociedade romena, a apresentadora Mbela Nzuzi  transmite profissionalismo e cordialidade,  sem demonstrar qualquer sinal de nervosismo.

Para esta mulher de 36 anos, é fácil apresentar durante uma hora o programa “Restart Romania”,  pois seu maior desafio recomeçar a vida na Romênia depois de ter sido obrigada a deixar a República Democrática do Congo (RDC) durante  a ditadura do então presidente Mobuto Sese Soko.

Hoje ela é uma estrela da TV – conhecida como a Oprah Winfrey da Romênia – e a única apresentadora africana na televisão local, cuja compreensão da língua romena ajudou-a a aumentar sua popularidade. “Entendo as piadas, isso é muito importante aqui”, diz.

“As pessoas me sentem  como uma delas, raça e nacionalidade não estão mais em questão ”, Nzuzi acrescenta. Ela deixou sua terra natal com o marido em 1997, depois de ele ter sido vítima de ataques devido as suas atividades políticas.

Meses mais tarde o casal recebeu abrigo na Romênia,  que somente começou a abrir as portas para refugiados em 1991, depois da queda do regime comunista. Atualmente abrigandomais de mil refugiados, em 2008 a Romênia abriu em Timisoara o primeiro centro de trânsito da Europa para receber em caráter de emergência refugiados que precisavam deixar o país que lhes concedeu abrigo. Nzuzi chegou a Bucareste aos 21 anos,  sem estudo nem experiência de trabalho. Ela era dona de casa no Congo e deixou sua filha de 3 anos com parentes. A menina hoje estuda na França.

A dura realidade da vida como  alguém em busca de asilo em um país tão diferente poderia ter acabado com as ambições de Nzuzi,  que teve de enfrentar a burocracia em uma língua que desconhecia completamente. Ela achou difícil lidar com tudo na Romênia, desde a cultura e comida até o rigoroso inverno.

A jovem então começou a cantar em uma banda africana chamada “Gloria”, criada por ela e pelo marido para a comunidade de refugiados. Eles não atraíram muita atenção no início, mas a guinada veio em 1999, quando o ACNUR envolveu o grupo em uma campanha com o objetivo de conscientizar o público a respeito dos refugiados.

As coisas foram se encaminhando. Em 2001, “Gloria” lançou seu primeiro álbum, e, no ano seguinte, Nzuzi se tornou presidente da Organização de Mulheres Refugiadas em Bucareste. Depois de uma série de entrevistas como convidada em  programas de televisão, graças à sua inteligência e charme em 2005 ela tornou-se apresentadora de “Nasul”, um famoso programa de entrevistas.

Logo, o jeito tranquilo e o sorriso generoso de Nzuzi, tanto dentro como fora das telas, conquistaram manchetes positivas, e o sucesso de seu programa, “Ciao Mbela”, fez com que fosse chamada de Oprah Winfrey da Romênia, referência à famosa personalidade afroamericana.

No entanto, os amigos e colegas de Nzuzi dizem que ela é muito mais do que o rosto negro mais famoso da TV romena. Anca Lapusneanu, editora-chefe da revista VIP, chamou Nzuzi de “um verdadeiro exemplo social”, e elogiou seu constante envolvimento com refugiados e seu comprometimento com problemas que dizem respeito a toda a sociedade romena.

A imprensa local recentemente congratulou a africana pela habilidade de encarar os problemas com otimismo e transmitir aos romenos uma nova perspectiva para suas próprias vidas.

“Ela chama a atenção logo que entra em qualquer lugar. Seu otimismo e vitalidade brilham, ainda que ela tenha tido que recomeçar a vida na Romênia”, disse Lapusneanu.

“Pessoas como ela são raras”, disse Gizella Somlea, vizinha e amiga de Mbela. “Ela se adaptou a um mundo difícil e mostrou o que pode fazer. Nzuzi fez o seu nome ser reconhecido em um lugar onde ninguém sabia quem ela era.”

Nzuzi ainda é uma refugiada e voltou à África uma vez para ver os pais no Gabão, mas não tem planos de retornar. Ela admite estar surpresa com o sucesso e com o que conquistou desde que chegou à estranha e fria Romênia 15 anos atrás.

Durante todo esse tempo, ela fez mais do que qualquer outra pessoa para promover a conscientização sobre os refugiados em um país que ainda está se acostumando a eles. “Sim, sinto orgulho de mim. Eu sou uma novidade na Romênia”, diz. “Se eu estivesse na França, por exemplo, não teria sido a mesma coisa, pois eles já passaram por essa experiência com refugiados há muito tempo”.

A funcionária do ACNUR Gabi Leu conhece Nzuzi desde quando ela e a banda começaram a trabalhar com a agência de refugiados. Ela é todo elogios a esta mulher extraordinária.

“Mbela é um exemplo incrível de uma história de sucesso após anos de empenho e trabalho duro para se integrar à cultura local. Ela é o símbolo do refugiado que venceu na Romênia, apesar das dificuldades, e raramente menciona os tempos difíceis”, diz Leu, que acrescenta: “Sempre citamos seu exemplo quando falamos do lado positivo da integração – sua vontade de  vencer e o grande retorno que é investir neste processo”.

Por Andreea Anca, em Bucareste, Romênia

Obrigado à voluntária do UNV Online Déborah Ferreira pelo apoio na tradução deste texto do inglês.