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Recorde de 107.500 pessoas chegaram ao Iêmen em 2012, depois de uma arriscada travessia marítima

Comunicados à imprensa

Recorde de 107.500 pessoas chegaram ao Iêmen em 2012, depois de uma arriscada travessia marítima

Recorde de 107.500 pessoas chegaram ao Iêmen em 2012, depois de uma arriscada travessia marítimaCerca de 107.500 refugiados africanos e imigrantes fizeram a perigosa travessia marítima do nordeste africano para o Iêmen em 2012.
15 Janeiro 2013

GENEBRA, 15 de janeiro de 2013 (ACNUR) - A agência da ONU para refugiados anunciou esta semana que cerca de 107.500 refugiados africanos e imigrantes fizeram a perigosa travessia marítima do nordeste africano para o Iêmen em 2012. O maior fluxo deste tipo desde que o ACNUR começou a compilar as estatísticas, em 2006. O recorde anterior foi em 2011, quando mais de 103 mil pessoas chegaram ao Iêmen em barcos guiados por atravessadores.

Cerca de 84 mil recém-chegados, mais de 80%, eram de nacionalidade etíope, enquanto os refugiados somalis constituem a outra parte. Para muitos migrantes o Iêmen é uma das paradas em sua rota para os países do Golfo Pérsico.

Apesar das dificuldades econômicas e da insegurança sentidas no ano passado, o Iêmen continuou a receber e hospedar um número grande de pessoas deixando o nordeste africano em busca de proteção, segurança e melhores condições de vida. Todos os somalis que chegam são automaticamente reconhecidos como refugiados pelas autoridades iemenitas.

O ACNUR conduz o processo para a obtenção do estatuto de refugiado para os etíopes e outras nacionalidades que  procuram abrigo no Iêmen. Mas ainda uma porcentagem muito baixa de etíopes decide solicitar formalmente o refúgio, seja por falta de informação e acesso a mecanismos de asilo ou porque não se enquadram nos critérios de reconhecimento da condição de refúgio. Para a grande maioria dos migrantes etíopes o espaço de proteção é quase inexistente e muitas vezes ele estão em  condições de extrema vulnerabilidade.

No Iêmen, o ACNUR e seus parceiros locais conduzem patrulhas diárias ao longo da costa do Golfo de Áden para prestar assistência aos recém-chegados que passam pela recepção e postos de trânsito estrategicamente posicionados. No entanto, existem dificuldades consideráveis em responder aos vários riscos que  eles enfrentamna chegada ao Iêmen.

As embarcações que atravessam para o Iêmen estão frequentemente superlotadas e são lideradas por contrabandistas de pessoas que, para driblar a guarda costeira do país, por vezes obrigam as pessoas a voltarem para a água, muitas vezes longe da costa e durante tempestades. O ACNUR estima que pelo menos 100 pessoas morreram afogadas ou desapareceram ao tentar atravessar o Golfo de Áden ou o Mar Vermelho em 2012.

Os recém-chegados  correm risco de exploração, violência e abuso sexual. A situação é particularmente difícil ao longo da costa do Mar Vermelho, onde os contrabandistas iemenitas aliciam os refugiados e migrantes. A intenção é abordar especialmente os etíopes, que seguem viagem para o Golfo Pérsico.

Os conflitos e a instabilidade no norte e no sul do país têm restringido a capacidade das autoridades iemenitas de lidar com o contrabando e o tráfico de pessoas. Em 2012, houve um aumento na atividade de contrabandistas, assim como aumento significativo de casos de violência e abuso contra os recém-chegados. A presença de gangues armadas é um risco adicional na  atuação dos trabalhadores humanitários.

"O contínuo crescimento de movimentos mistos de migração a partir do nordeste africano é um problema que afeta a região para além do Iêmen",  afirmou o porta-voz do ACNUR, Adrian Edwards, em Genebra. "Saudamos a decisão das autoridades em Sana'a, [capital do Iêmen], para  sediarem uma conferência regional com o ACNUR, a ser realizada este ano como parte de esforços mais amplos para desenvolver uma estratégia de gestão do fluxo misto de migrantes, tal como prevenir e reduzir o contrabando e tráfico de pessoas na região".

O Iêmen é um centro de trânsito histórico para os migrantes e destaca-se na região pela sua hospitalidade para com os refugiados. O país abriga atualmente mais de 236 mil refugiados, todos de origem somali. Existem mais de 300 mil deslocados internos iemenitas no norte, devido ao conflito recorrente desde 2004.

Enquanto isso, no sul, mais de 100 mil deslocados voltaram para seus locais  de origem em Abyan, à medida que o conflito diminuiu e as condições melhoraram. O ACNUR tem conversado com o governo e a comunidade internacional para assegurar a sustentabilidade destes retornos.

Em 30 de dezembro, a Agência da ONU para refugiados entregou por via aérea itens de ajuda emergencial, incluindo cobertores, lençóis plásticos e colchões para os deslocados internos que voltaram para casa em Aden. A ajuda e a assistência que chegarão por via marítima  ajudarão cerca de 30 mil famílias iemenitas vulneráveis.

Obrigado ao voluntário do UNV Online Nuno Antunes pelo apoio na tradução deste texto do inglês.