Combates no Mali geram novos refugiados, alerta ACNUR
Combates no Mali geram novos refugiados, alerta ACNUR
DACAR, Senegal, 15 de janeiro de 2013 (ACNUR) – O Alto Comissariado da ONU para Refugiados (ACNUR) disse hoje que os embates entre tropas malianas apoiadas pela França e grupos islâmicos ligados à Al Qaeda no norte e no centro do Mali já causaram novos deslocamentos dentro do país e em direção a países vizinhos.
Os países vizinhos ao Mali já abrigam cerca de 144,5 mil refugiados, sendo cerca de 54,1 mil na Mauritânia, 50 mil no Níger, 38,8 mil em Burkina Fasso e 1.500 na Algéria. Pequenos grupos também se encontram em Guiné e Togo. Dentro do país, as autoridades nacionais já contabilizam cerca de 228 mil deslocados internos.
Desde a última sexta-feira, equipes do ACNUR reportaram a chegada de 450 novos refugiados no oeste de Níger, que foram registrados em campos (como Mangaize) ou acomodados em cidades da região (Banibangou e Tillabery, na região de Tillia). “Os refugiados estão nos dizendo que fugiram das operações militares, da falta de oportunidades de subsistência e serviços básicos e da imposição da lei islâmica Sharia”, disse o porta-voz do ACNUR, Adrian Edwards.
Em Burkina Fasso, 309 pessoas chegaram em campos de refugiados de Damba e Mentao, no norte e nordeste do país. Na Mauritânia, 471 malianos foram acolhidos no centro de recepção de Fassala, próximo da fronteira com o Mali. Eles serão transportados para o campo de Mbera, que já abriga cerca de 54 mil refugiados malianos deslocados em 2012.
Mulheres e crianças da região de Lere, no Mali, representam 90% das novas chegadas. “O ACNUR atualizou seus planos de contingência devido ao potencial de novos deslocamentos para países vizinhos e dentro do Mali, e estamos prontos para responder com a assist6encia necessária”, disse Edwards.
Segundo o porta-voz, a situação sobre o deslocamento de civis dentro do Mali é menos clara. “De acordo com a Comissão sobre Populações em Movimento do Mali e outras fontes confiáveis, 648 pessoas chegaram na capital Bamako entre os dias 10 e 13 de janeiro, vindas do norte do país. Outras 360 chegaram em Segou e outras 226 chegaram em Mopti, vindas da região de Timbuku (no centro do país)”.
Edwards disse ainda que metade da etnia Konna (cerca de cinco mil pessoas), na região de Mopti, fugiu do local por meio do Rio Níger, buscando abrigo em comunidades vizinhas. Mais ao sul, na região de Segou, já estão abrigados cerca de 30 mil deslocados internos malianos.
A capital do Mali, Bamako, já abriga cerca de 52 mil deslocados internos. Segundo o ACNUR, muitas famílias vivem em quartos precários, sem eletricidade ou acesso a água potável, que geralmente não têm espaço suficiente para acomodar todos os integrantes de uma mesma família. As necessidades de dinheiro, comida e abrigo são grandes, e o ACNUR está trabalhando com parceiros para estabelecer atividades de geração de renda que possam minimizar os problemas.
“Ao mesmo tempo, continuamos prestando assistência aos refugiados que estão nos campos de Burkina Faso, Níger e Mauritânia, com água potável, infraestrutura sanitária e de higiene, cuidados médicos e educação”, acrescentou o porta-voz do ACNUR, Adrian Edwards.
Em Burkina Fasso, o ACNUR realocou cerca de cinco mil refugiados malianos para campos mais seguros e afastados da fronteira com o Mali. Outros 13.500 refugiados serão realocados nas próximas semanas das áreas de fronteira para campos mais seguros.
Até agora, o ACNUR recebeu 63% (cerca de US$ 77,4 milhões) dos US$ 123 milhões necessários para apoiar suas operações de proteção e assistência a refugiados e deslocados internos malianos.
Na região do Mali, o total de refugiados já chega a 144,5 mil, sendo cerca de 54 mil na Mauritânia, 50 mil no Níger, 38 mil em Burkina Fasso e 1.500 na Algéria. Pequenos grupos também se encontram em Guiné e Togo.
A população deslocada internamente no Mali (incluindo aqueles deslocados no ano passado e nas últimas semanas) é estimada pelas autoridades do país em cerca de 228 mil pessoas.
Por Hélène Caux, em Dacar, Senegal