ACNUR e organizações religiosas concordam em expandir cooperação a favor dos deslocados no mundo
ACNUR e organizações religiosas concordam em expandir cooperação a favor dos deslocados no mundo
GENEBRA, 14 de dezembro de 2012 (ACNUR)– Um importante encontro entre o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) e representantes de religiões e de ONGs de orientação religiosas terminou hoje, em Genebra, com um acordo para dinamizar a cooperação em apoio às populações deslocadas por conflitos e apátridas do mundo.
O ACNUR, uma organização humanitária apolítica e sem orientação religiosa, trabalha há mais de 60 anos na ajuda de pessoas deslocadas ao redor do mundo. Em comum com organizações de cunho religioso, o ACNUR busca prover proteção e assistência a estas pessoas que foram forçadas a fugir devido a conflitos, perseguições e violações dos direitos humanos.
Ao falar no encerramento do encontro, o Alto Comissário da ONU para Refugiados, António Guterres, disse que uma cooperação mais próxima entre organizações humanitárias e instituições de orientação religiosa servirá para melhor assistir os deslocados em todo o mundo.
“Religião e espiritualidade motivam pessoas, comunidades e organizações a ajudar as pessoas em necessidade e salvá-las do perigo”, disse Guterres, ressaltando que a relação entre o trabalho humanitário e os valores e princípios que estão na base das grandes religiões do mundo. “Neste encontro, houve um reconhecimento unânime da valorosa contribuição das organizações e comunidades religiosas à proteção dos refugiados e outras populações deslocadas”.
O encontro desta semana com representantes e organizações de diferentes orientações religiosas foi o primeiro deste tipo para o ACNUR. Mesmo assim, durante este ano, a agência da ONU para refugiados teve diversos encontros com ONGs para ampliar a cooperação com este tipo de instituição, além de uma reunião específica com a Organização de Cooperação Islâmica (Organization of Islamic Cooperation). Representantes de governos, organismos internacionais e ONGs laicas também participaram do encontro desta semana, em Genebra.
Guterres disse que embora muitos participantes tenham reconhecido que violência e perseguição também acontecem em nome da religião, todos concordaram que podem trabalhar para reduzir a intolerância religiosa e integrar-se mais nos esforços de prevenção de conflito e reconciliação. O Alto Comissário também ressaltou os pontos em comum entre organizações humanitárias e as instituições participantes.
“Agentes de instituições orientadas por religião ou princípios de fé têm um papel desde o início das crises, com vistas a promover soluções duradouras antes que uma crise de refugiados se torne prolongada”, disse Guterres. “Também podem ajudar a prevenir conflitos e lidar com as raízes do deslocamento forçado, ajudar refugiados a tomar decisões sobre sua situação e atuar para que a integração de refugiados em suas comunidades seja sustentável”, ressaltou.
Diferentes grupos de trabalho realizados durante o encontro propuseram ideias para ajudar a integração de pessoas deslocadas em novas comunidades, incluindo a promoção de atitudes positivas em relação a estrangeiros e o enfrentamento da xenofobia.
Guterres disse ainda que o ACNUR buscará colocar algumas dessas ideias em prática. Ele afirmou que o ACNUR buscará aprofundar seu conhecimento sobre diferentes tradições religiosas e se engajar melhor com estes atores. “O diálogo iniciado nesta semana deverá ser institucionalizado e aberto a outras organizações humanitárias, ONGs e instituições religiosas”, afirmou António Guterres.