ACNUR pede proteção dos deslocados no leste da República Democrática do Congo
ACNUR pede proteção dos deslocados no leste da República Democrática do Congo
GOMA, República Democrática do Congo, 21 de novembro (ACNUR) – A Agência da ONU para refugiados pediu aos combatentes no leste da República Democrática do Congo (RDC) que garantam a segurança de dezenas de milhares de deslocados internos pelo conflito e captura de Goma pelos rebeldes.
"Está claro que estamos numa situação de múltiplos deslocamentos", disse Stefano Severe, representante regional do ACNUR. Ele se referia às dezenas de milhares de pessoas que tiveram de abandonar suas casas desde que começou o conflito entre as tropas do governo e os rebeldes do movimento M23, na província de Kivu do Norte. Na última terça-feira, o M23 tomou a cidade de Goma, capital da província.
O total de deslocados ainda é incerto, mas pelo menos 60 mil pessoas buscaram abrigo no campo de Kanyaruchinya para deslocados internos (IDPs – na sigla em inglês), no norte de Goma. Muitas pessoas foram também para o campo de Mugunga 3, a oeste da capital, onde cerca de 10 mil deslocados chegaram há duas semanas.
Assim como outras grandes organizações de ajuda humanitária para IDPs, com escritórios em Goma, o ACNUR remanejou equipes não essenciais para as vizinhanças de Ruanda, deixando a equipe principal em Goma. A equipe, que na última quarta-feira relatou melhora na situação local, tem se reunido com outras agências em Goma para discutir maneiras de ajudar os deslocados.
Em meio a relatos não confirmados de abusos de direitos humanos, o ACNUR teme pela segurança e o bem-estar das pessoas deslocadas recentemente, assim como daquelas que já vivem nos campos em virtude de deslocamentos durante as primeiras ondas de conflito na região.
"Estamos pedindo que as partes envolvidas na disputa tomem medidas efetivas para garantir a segurança dos civis, facilitando a evacuação em zonas de combate e protegendo os edifícios públicos onde os deslocados estão abrigados". disse Severe.
"O ACNUR pede proteção aos civis, assim como a prevenção de ataques indiscriminados e desproporcionais", afimou Severe. Ele pediu ainda que os campos de IDPs sejam protegidos e respeitados e mantidos como áreas civis.
A agência para refugiados também se preocupa com a violência e com os protestos dirigidos à propriedade da ONU desde a queda de Goma, incluindo danos ao escritório do ACNUR no nordeste da cidade de Bunia.
A nova onda de conflito no Kivu do Norte não causou tanto impacto na vizinha Uganda, onde mais de 53 mil refugiados se registraram desde janeiro e 33,5 mil foram transferidos para campos. Algumas pessoas voltaram para casa ou estão acolhidas em casas de famílias solidárias.
Em Ruanda, mais congolenses cruzaram a fronteira em Gisenyi, no leste de Goma, na última semana. Muitos deles estão voltando para o Kivu do Norte – cerca de 6 mil, de acordo com o último levantamento.