80 mil deslocados internos voltam para casa no sul do Iêmen
80 mil deslocados internos voltam para casa no sul do Iêmen
GENEBRA, 16 de Novembro (ACNUR) – A agência das Nações Unidas para Refugiados ajudou mais de 80 mil iemenitas que haviam sido deslocados internamente a retornarem aos seus lares no sul do país. É a primeira queda significativa no número de deslocados na região desde o início do conflito, há 18 meses.
“No sul do Iêmen, o ACNUR vem observando o aumento de deslocados voltando para casa”, disse o o porta-voz do ACNUR, Adrian Edwards, durante uma coletiva de imprensa. “Em quatro meses, o ACNUR e autoridades do Iêmen auxiliaram o retorno de 80 mil deslocados. Mais pessoas estão no mesmo processo”.
A queda no número de deslocados internos (IDPs) acompanha o restabelecimento, em julho, de autoridades governamentais na província de Abyan, no sul do Iêmen.
“Este é o primeiro declínio significativo de deslocados desde maio de 2011, quando eclodiu o conflito entre as tropas do governo e militantes no sul do Iêmen” diz Edwards.
Inicialmente, os retornos aconteciam lentamente devido à grande quantidade de minas e explosivos não detonados, bem como severos danos na infraestrutura local. Em diversos casos, as pessoas também buscavam mais evidências sobre a segurança na região. No entanto, após a desativação das minas pelo governo e avanços na segurança, diversas famílias estão decidindo voltar.
Muitos dos retornos foram registrados em Áden, onde mais de 23 mil dos 25 mil IDPs que estavam abrigados em escolas e prédios públicos voltaram a Abyan. Estas escolas foram reabertas para o início do ano letivo depois de terem passado por reparos de infraestutura, danificada por terem sido usadas como abrigo durante um ano.
Os 1.500 IDPs que ainda estão abrigados em escolas de Áden serão realocados em oito prédios adaptados pelo ACNUR e pelo governo local para servirem de alojamento temporário.
O governo está cobrindo despesas de transporte – em torno de U$ 70 por família – para as pessoas voltando a Abyan. Postos de controle ao longo do caminho estão garantindo a segurança da viagem. Em Abyan, o ACNUR e outras agências estão providenciando apoio complementar.
Como a principal agência internacional que lida com as necessidades de abrigo de IDPs e retornados, o ACNUR distribuiu kits de reparo de abrigos para aproximadamente 32 mil pessoas, além de pacotes de itens não-alimentares para 33 mil pessoas. Esses pacotes incluem colchões, cobertores, conjuntos de cozinha, lençóis plásticos e ferramentas. O ACNUR planeja auxiliar 180 mil pessoas em Abyan com abrigo e kits de ajuda.
“Atualmente, os desafios a enfrentar são os danos em propriedades e infraestrutura, a segurança ainda frágil e a irregularidade na prestação de serviços públicos”, disse Edwards. “A continuidade da ajuda internacional e a estabilidade na segurança são essenciais para que os retornos sejam sustentáveis e, particularmente, para o fim do deslocamento no sul do Iêmen em 2013”.
Já no norte do país, mais de 300 mil pessoas ainda estão deslocadas desde 2004 por causa do conflito entre o governo e o grupo al Houthis. A insegurança continua dificultando os retornos nessa região, enquanto confrontos tribais no início de 2012 provocaram o deslocamento de mais de 6 mil pessoas nas províncias do norte.
Apesar dos desafios, o Iêmen é um dos países mais generosos na acolhida a refugiados. O país abriga mais de 232 mil refugiados, sendo a maioria somalis. Apesar do fluxo recorde de 103 mil refugiados em 2011, este ano o país recebeu 90.500 recém-chegados, principalmente etíopes.
A operação humanitária do ACNUR no Iêmen é feita por meio de nove escritórios espalhados por todo o país, com uma equipe de aproximadamente 200 funcionários nacionais e internacionais. Em 2011, a Sociedade para Solidariedade Humana (SHS), uma organização local que é parceira do ACNUR, recebeu o prêmio Nansen por salvar a vida de milhares de refugiados e migrantes que todos os anos chegam pela costa do Iêmen de barco após cruzar o Golfo de Áden.