Sem condições de se manter, milhares de somalis deixam suas casas
Sem condições de se manter, milhares de somalis deixam suas casas
NAIRÓBI, Quênia, 26 de junho de 2012 (ACNUR) – A agência da ONU para refugiados disse nesta terça-feira que um crescente número de somalis deslocados têm mencionado as dificuldades em se manter como principal motivo para abandonar seus lares.
Grande parte dos centenas de milhares de deslocados somalis fugiram por causa da insegurança, incluindo os 146 mil registrados até agora. O porta-voz do ACNUR Adrian Edwards disse que nas últimas semanas foi observado "um aumento dos relatos citando dificuldades em se manter”.
Nas últimas sete semanas, o ACNUR registrou cerca de 6 mil somalis indicando que estas dificuldades estão relacionadas a escassez de chuvas, o que acarreta em insegurança alimentar. A maior parte deles vem das regiões de Somalia’s Bay, Lower Juba e Bakool.
Em 2012, o ACNUR registrou 13 mil deslocamentos deste tipo. Só em maio este número foi de 4,400.
Em Lower Juba, as pessoas estão se mudando para as cidades de Diif, Qoqani, Tabta e Dobley em busca de água e pastagem. Elas se estabeleceram no entorno de Dobley e Diif, próximas a fronteira. Muitos chegaram aos centros urbanos, enquanto outros ficaram na periferia das cidades. Existem deslocamentos semelhantes em Dollow, na região de Gedo, que faz fronteira com a Etiópia.
Na Etiópia existem mais de 157 mil somalis. O número de refugiados chegando não para de aumentar, alcançando a média de 1,200 pessoas por semana.
Eles citam constantemente o aumento da insegurança física e alimentar como principais razões para deixar a região, incluindo o medo de recrutamento forçado pela milícia Al Shabaab.
"Muitos recém-chegados conseguem trazer seus pertences, incluindo burros de carga ou qualquer outro animal. Muitos disseram que outros membros da família e vizinhos na Somália pretendem sair do país também”, disse Edwards. O ACNUR e as autoridades etíopes concordaram em estender a capacidade do campo Buramino para mais de 25 mil pessoas, enquanto procuram um lugar para levantar um sexto campo.
Alguns relatam barreiras e dificuldades desde a semana passada no comércio regular de alimentos e outros itens da cidade portuária de Kismayo para Afmadow, Lower Juba e Dobley.
"Estas barreiras são preocupantes porque podem ter consequências negativas para os já vulneráveis deslocados internos e as comunidades que os abrigam, aumentando ainda os preços locais de commodities”, disse Edwards.