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Publicação do ACNUR faz alerta sobre aumento de deslocamento global

Comunicados à imprensa

Publicação do ACNUR faz alerta sobre aumento de deslocamento global

Publicação do ACNUR faz alerta sobre aumento de deslocamento globalCausas de deslocamento global incluem mudanças climáticas, crescimento populacional, urbanização, insegurança alimentar, escassez de água e competição por recursos.
1 Junho 2012

BRASÍLIA, 31 de maio de 2012 (ACNUR) – O Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados, António Guterres, alertou hoje para o aumento dos fatores que estão causando grandes deslocamentos populacionais. Ele disse que os próximos 10 anos terão mais e mais pessoas em situação de refúgio ou deslocadas dentro de seus próprios países.

Em evento de lançamento do relatório The State of the World’s Refugees: in Search of Solidarity, hoje, em Nova Iorque, Guterres afirmou que os deslocamentos relacionados a conflitos estão sendo potencializados por uma combinação de fatores que incluem mudanças climáticas, crescimento populacional, urbanização, insegurança alimentar, escassez de água e competição por recursos. 

A interação entre todos estes fatores está aumentando instabilidades e conflitos, forçando pessoas a se deslocar, afirmou Guterres. “Num mundo que está se tornando cada vez menor, buscar soluções dependerá de uma determinada vontade política internacional”, disse o Alto Comissário, que chega ao Brasil no próximo dia 19 de junho para participar da Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20.

O relatório dedica muitos capítulos aos desafios emergentes, incluindo o crescente número de refugiados urbanos, os deslocamentos por mudanças climáticas e desastres naturais. No capítulo 07, que trata de deslocamento, mudanças climáticas e desastres naturais, o documento afirma que mais pessoas já são deslocadas por desastres naturais do que por conflitos todos os anos.

“Migrações e deslocamentos induzidos por mudanças climáticas terão dimensões sem precedência, com previsões que variam entre 25 milhões e 01 bilhão de pessoas afetadas ao redor do ano 2050”, informa a publicação. Este fato traz um alerta sobre as falhas no sistema internacional de proteção aos indivíduos que cruzam fronteiras pelo impacto do clima, pois a legislação internacional não os reconhece como refugiados. Estes são alguns dos temas que o Alto Comissário da ONU para Refugiados trará para o debate na Rio+20.

 “O mundo está gerando rapidamente mais deslocamentos do que soluções para o problema”, disse Guterres. “Isto significa apenas uma coisa: mais pessoas vivendo muito tempo no exílio, impossibilitadas de voltar para casa e de se estabelecer em um lugar ou em outro. O deslocamento global é um problema internacional que exige soluções internacionais – e com isso, quero dizer principalmente soluções políticas”, alertou o chefe do Alto Comissariado da ONU para Refugiados (ACNUR).

A publicação The State of the World’s Refugees: in Search of Solidarity detalha estas e outras mudanças no padrão dos deslocamentos forçados desde 2006, data da última publicação. O relatório apresenta um cenário realmente preocupante: desafios maiores e mais complexos para lidar com os deslocamentos, aumento das ameaças à segurança dos trabalhadores humanitários e a necessidade dos Estados fortalecerem a cooperação.

Entre as mudanças no perfil dos deslocamentos, lidar com o deslocamento interno é um desafio primordial. Atualmente, a maioria das 43 milhões de pessoas no mundo forçadas a abandonar suas casas não é refugiada, mas indivíduos deslocados internamente em seus países. Em todo o mundo, cerca de 26 milhões de indivíduos estão nesta categoria, enquanto de 15 a 16 milhões são refugiados e cerca de um milhão é solicitante de refúgio.

Para os trabalhadores humanitários, ajudar os deslocados está se tornando mais caro e perigoso. Em países como a Somália, Afeganistão, Iêmen ou Iraque, conseguir assitência para populações internamente deslocadas significa trabalhar em lugares de difícil acesso e onde a criminalidade e o conflito representam um risco mortal.

The State of the World’s Refugees: in Search of Solidarity aponta para estas questões e para o panorama atual da cooperação entre os países. “O espaço para intervenção humanitária está diminuindo num momento em que a necessidade de ajuda humanitária é cada vez maior. As pressões sobre sistema internacional de proteção estão aumentando visivelmente. Em alguns países industrializados, em particular, observa-se o recrudescimento de mentalidades, a transferência da responsabilidade e compaixão para terceiros. Num mundo em que as sociedades estão se tornando multiculturais e multiétnicas, é essencial promover valores de tolerância e lutar contra a xenofobia”, disse Guterres.

O texto descreve ainda como o ACNUR e seus parceiros vêm adotando práticas inovadoras em resposta aos desafios que estão postos. No entanto, indica a batalha que o ACNUR muitas vezes enfrenta em promover a aplicação do direito internacional e o cumprimento das obrigações internacionais por parte dos Estados signatários da Conveção de 1951 e do Protocolo de 1967. O relatório também discute as questões relacionadas aos cerca de 12 milhões de apátridas no mundo – pessoas que não têm cidadania de nenhum país, o que as coloca num limbo em relação a legislação e a direitos humanos.

Aproximadamente 80% dos refugiados hoje vivem em países em desenvolvimento. Uma grande solidariedade internacional é necessária para lidar com estes desafios todos, conclui o relatório. Isso significa aumentar as oportunidades de reassentamento de refugiados em países industrializados, desenvolver projetos cooperativos que promovam o regresso voluntário sustentável ou a integração local, além do apio às comunidades que acolhem refugiados. É necessário que se estabeleça um novo pacto de divisão de esforços e responsabilidades em todo o campo da proteção aos refugiados, desde a prevenção de conflitos à solução dos problemas.