ACNUR lamenta morte de funcionário no leste do Congo
ACNUR lamenta morte de funcionário no leste do Congo
GENEBRA, 21 de Maio de 2012 (ACNUR) - O Alto Comissário para Refugiados, António Guterres lamentou, nessa segunda-feira, a morte de um funcionário do ACNUR em Goma, leste da República Democrática do Congo (RDC). Rocky Makabuza morreu no último sábado na capital do Norte Kivu após um ataque armado a sua casa, na noite de sexta-feira. Ele foi ferido no estômago por tiros, e não resistiu aos ferimentos.
Rocky, 38 anos, trabalhava para o ACNUR desde 2009, e atualmente desempenhava a função de assistente de segurança no campo e estava baseado no escritório ACNUR em Rutshuru, norte de Goma. O funcionário foi levado ao hospital depois do ataque mas, morreu devido aos ferimentos, deixando sua mulher e três filhos. A identidade dos agressores ou os motivos do ataque não foram identificados.
“Lamento a morte de um colega e ofereço as minhas sinceras condolências à sua família. Não sabemos quem é o responsável peloa morte de Rock ou porque eles o atacaram. Espero que as autoridades façam o seu melhor para investigar o incidente e levar os responsáveis à justiça,” afirmou Guterres.
A morte de Rocky ocorreu durante um período de crescente instabilidade no Kivu do Norte, onde lutas, nessas semanas, entre tropas do governo e forças dissidentes obrigaram milhares pessoas a abandonarem suas casas e procurar abrigo em Ruanda e Uganda.
Na semana passada, o Alto Comissário António Guterres considerou alarmante a situação dos novos fluxos de refugiados que estão deixando suas casas no leste da RDC, em direção a Ruanda e Uganda.
“O volume dos deslocamentos que vemos no leste da RDC é desastroso”, disse Guterres em um comunicado divulgado em Genebra. “A existência do conflito e acesso limitado de trabalhadores humanitários estão deixando milhares de pessoas sem proteção. Pessoas que precisam de auxílio vão, também, para países vizinhos”.
A violência afligiu por muito tempo moradores do Sul e Norte Kivu, áreas da RDC, porém agora a situação se agravou. Nos últimos meses embates entre forças do governo e soldados leais ao ex-comandante Bosco Ntaganda vêm causando deslocamentos e obrigando congoleses a irem para Uganda e Ruanda.
Funcionários do ACNUR em Ruanda reportaram na semana passada que, desde o dia 27 de abril, mais de 8.200 refugiados cruzaram a fronteira, vindos do Norte Kivu, em direção do centro de trânsito de Nkamira, à 20 quilômetros da travessia Goma-Gisenyi. Esse número se acrescenta aos 55 mil refugiados do Congo que são hospedados em Ruanda.
Apesar de recentemente a violência ter diminuído na fronteira, uma média de 100 pessoas chegam no centro de trânsito, houve uma diminuição grande nos números de entradas que eram de mil pessoas por dia em abril.
Já em Uganda, oficiais do governo disseram que 30 mil refugiados cruzaram a fronteira para fugir das lutas, que se intensificaram no dia 10 de maio, entre o exército congolense e os que apoiam Ntaganda, em Rutshuru, no Kivu do Norte.
A agência da ONU para refugiados não registra as chegadas e não distribui ajuda pela fronteira, mas, essa assistência e registro são fornecidos no centro de trânsito de Nyakabande, a 20 quilômetros de distância do distrito de Kisoro. Estão no centro 2.800 refugiados, sendo que 500 destes foram trazidos pelo ACNUR na terça-feira e 600 chegaram por conta própria. O campo tem capacidade para 1.000 pessoas.
Atsumi confirmou que um comboio semanal, carregando 500 pessoas, deve deixar Nyakabande nessa quinta-feira e ir em direção ao campo de Rwamwanja, em Kamwenge, distrito ao norte de Kisoro. O campo foi aberto pelo governo no dia 17 de abril de 2012, até agora 3.700 refugiados foram transferidos.
Antes desse novo fluxo de pessoas, Uganda hospedava 175 mil refugiados, dentro os quais 100 mil originários da República Democrática do Congo, 22.800 somalianos, 18.800 do Sudão e mais 16 mil ruandeses.
Desde novembro de 2011, quando ocorreram eleições presidenciais e parlamentares na RDC, uma estimativa de 300 mil pessoas se deslocaram nas províncias do Kivu do Norte e do Sul e mais de 1 milhão deixaram suas casas durante as ondas de violência. No total mais de 2 milhões de pessoas estam desprotegidas de acordo com as estimativas das Nações Unidas.