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ACNUR e PMA alertam para a situação de refugiados malineses no Níger

Comunicados à imprensa

ACNUR e PMA alertam para a situação de refugiados malineses no Níger

ACNUR e PMA alertam para a situação de refugiados malineses no NígerO Alto Comissário da ONU para Refugiados António Guterres fez um apelo para a comunidade internacional ajudar aos refugiados do Mali e as cidades do Níger que os acolhem.
7 May 2012

NIAMEY, Níger, 7 de maio de 2012 (ACNUR) – O Alto Comissário da ONU para Refugiados António Guterres fez um apelo para a comunidade internacional ajudar aos refugiados do Mali e as cidades do Níger que os acolhem. Segundo Guterres é extremamente necessário encontrar uma solução política para prevenir que a situação na região do Sahel se torne uma crise global.

“A comunidade internacional deve mobilizar-se para ajudar os refugiados que estão no Níger e em países do Sahel. Agências humanitárias precisam de mais apoio financeiro”, disse Guterres durante uma visita de quatro dias ao Níger, juntamente com o diretor executivo do Programa Mundial de Alimentos (PMA) da ONU, Ertharin Cousin.

“É preciso um esforço para encontrar soluções políticas para a situação no Mali. Isso é absolutamente necessário para evitar que a crise vire uma ameaça à segurança de toda a região”, ressaltou o Alto Comissário. A contínua luta entre forças do governo e combatentes rebeldes Tuareg no Mali deslocaram mais de 150 mil pessoas, obrigando mais de 160 mil a procurar refúgio nos países vizinhos, como Burkina Fasso, Mauritânia, Níger e Argélia.

Guterres e Cousin – que assumiu o escritório do Programa Alimentar Mundial no mês passado – chegaram ao Níger no último dia 4 para visitar refugiados e comunidades nas regiões de Ouallam e Maradi, onde a população enfrenta uma escassez de alimentos. “O Níger e outros países do Sahel estão enfrentando uma combinação mortal de seca e segurança alimentar, este dramático problema que o Programa Alimentar da ONU está incumbido de contornar”, afirmou Guterres no último sábado, no campo de refugiados de Mangaizé.

“O ACNUR está transferindo os refugiados das fronteiras instáveis para áreas ou campos de refugiados no interior do país, onde têm mais acesso a água, abrigo e a serviços de saúde. Porém, por causa da persistente instabilidade política e da falta de segurança no Mali, nosso temor é que novos fluxos de pessoas pressionem os países vizinhos”, acrescentou o Alto Comissário.

O campo de Mangaizé, localizado a 75 quilômetros da fronteira com o Mali e a aproximadamente 150 quilômetros da capital Niamey, abriga mais de 3 mil refugiados malineses. Muitos escaparam de ataques nas cidades do norte e fugiram da violência  generalizada, chegando ao campo em caminhões.

Ousseini, 30 anos, professor numa escola primária, vendeu sua televisão e algumas cabras para pagar um motorista de caminhão que o levaria da cidade de Menakam – na região de Gao, ao norte do Mali – a Mangaizé, juntamente com sua esposa, filho e sete sobrinhos. A família é originária de Kidal, mas deixou a cidade no começo de abril, quando começaram os ataques. “Nós partimos por causa da insegurança, mas também porque eu não recebia salário desde fevereiro”, explicou. Eles chegaram a Menaka, mas quando a insegurança aumentou e o acesso a remédios e alimentos tornou-se difícil a família decidiu partir em direção ao Níger.

Mariama, 47 anos, também abandonou sua casa em Kidal e foi para Menaka. Ela partiu com seus sete filhos e sua sogra, porém não pode pagar para que todos fossem levados ao Níger. “Vendi a cabra que meu pai me deu para pagar o transporte de Menaka para Níger. Não dava para custear a viagem de todos, então tive de deixar meus três filhos menores com meus primos”, relatou. Seus pais ficaram em Kidal e ela teme pela segurança deles. “Também não pudemos ficar em Menaka, pois meus parentes estavam com dificuldades para alimentar suas próprias famílias e não queríamos incomodar”.

As condições no campo de Mangaizé são difíceis; crianças, gestantes e idosos sofrem com o calor e a aridez. Tarefas simples exigem muito esforço, como bombear água e macerar grãos de sorgo para comer. Muitas pessoas contraíram infecções respiratórias, diarréia, malária e precisam de tratamento na clínica administrada pela ONG Médicos Sem Fronteiras. O ACNUR auxilia no pagamento de ambulâncias para mulheres com problemas gestacionais que precisam de tratamento na cidade de Ouallam, a uma hora do campo.

Ao visitar Mangaizé, Guterres notou  as duras condições no campo. Ele reforçou para os refugiados que o ACNUR e seus parceiros estão trabalhando para melhorar as condições de vida. O ACNUR está prestes a levar famílias para um campo com tendas.

Nesta segunda-feira, o Alto Comissário encontrou-se com o Primeiro Ministro do Níger Brigi Rafini e outros oficiais do governo para discutir a situação dos refugiados e reinterar seus agradecimentos ao Níger por hospedar os malineses.

Por Hélène Caux em Niamey, Níger