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Refugiados usam teatro para discutir questões de gênero no Rio

Comunicados à imprensa

Refugiados usam teatro para discutir questões de gênero no Rio

Refugiados usam teatro para discutir questões de gênero no RioÀs vésperas do Dia Mundial do Refugiado, uma atividade realizada pela Caritas do Rio transformou em atores refugiados da RDC e da Costa do Marfim.
17 Junho 2015

Rio de Janeiro, 16 de junho de 2015 (ACNUR) – Às vésperas do Dia Mundial do Refugiado, uma atividade realizada pela Caritas Arquidiocesana do Rio de Janeiro transformou em atores refugiados da República Democrática do Congo (RDC) e da Costa do Marfim. Por meio de cenas curtas e sem palavras, os refugiados abordaram e debateram questões de gênero e de violência contra as mulheres.

A atividade foi resultado da parceria estabelecida entre a Caritas Rio – que atua com o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) – e o Centro de Teatro do Oprimido, encerrando um  ciclo de oficinas realizado ao longo dos últimos dois meses com mulheres e homens atendidos pela instituição.

Foram três cenas curtas e sem palavras, mas carregadas de significado. Baseada em histórias reais vividas pelos participantes,  a peça de Teatro-Fórum "Problemas de Mulher" abordou o processo de construção de gênero, que estabelece espaços segmentados entre homens e mulheres.

Uma das cenas jogou luz sobre as dificuldades enfrentadas por africanas que desejam estudar, mas esbarram no comportamento machista de seus próprios companheiros. Ao final de cada apresentação, os refugiados eram convidados a discutir a imposição de barreiras de gênero em suas relações familiares e matrimoniais.

"Sabemos que, para eles, é difícil debater essas questões, mas era fundamental iniciar o diálogo", disse Monique Rodrigues, socióloga do Teatro do Oprimido. "No início das oficinas, as mulheres não participavam de nenhuma atividade, principalmente quando havia homens. Hoje, apesar da timidez, elas conseguiram se apresentar e expor seus problemas na frente de todo mundo. Isso foi um avanço. Essas oficinas foram uma forma de potencializar o trabalho que a Caritas RJ já vinha fazendo com elas", completou.

Por meio de atividades com o grupo Teatro do Oprimido, refugiados atendidos pela Caritas Rio discutiram os papéis dos homens e das mulheres na sociedade.

Ao final da apresentação, as refugiadas participantes estavam esperançosas de que algo pudesse ter tocado a consciência de seus compatriotas homens, que também encenaram situações de seu cotidiano e expuseram pinturas que ilustravam os problemas enfrentados para a construção da masculinidade. "O que apresentamos aqui é o que acontece na nossa sociedade", contou a congolesa Mena. "Foi bom ter falado sobre isso para alertar as pessoas."

O sorriso e a eloquência de outra refugiada da RDC, Nahomie, eram a prova de que, mesmo sem palavras, o teatro havia dado voz às aspirações das mulheres ali presentes.  "Foi uma linda história, adorei", comentou. "A mulher sofre no nosso país. Aqui no Brasil o homem não pode bater na mulher, mas no Congo é permitido e isso não está certo. A mulher tem que trabalhar e estudar. Essa era a nossa mensagem."

Durante o processo, iniciado em abril, foram oito encontros realizados com as mulheres e dois com os homens, no intuito de se utilizar a metodologia do Teatro do Oprimido para potencializar o debate e buscar alternativas que possam transformar essa questão.

O Centro de Teatro do Oprimido é uma instituição que visa estimular o fortalecimento da cidadania e a justiça social através do Teatro do Oprimido, como meio democrático na transformação da sociedade, atuando junto a grupos vulneráveis e movimentos sociais, políticos e culturais, visando à articulação solidária de ações sociais, concretas e continuadas para a superação de situações de opressão e a transformação da sociedade.

Por Diogo Félix, do Rio de Janeiro