Campo de Kakuma, no Quênia, já recebeu mais de 4.500 refugiados sudaneses em 2012
Campo de Kakuma, no Quênia, já recebeu mais de 4.500 refugiados sudaneses em 2012
KAKUMA, Quênia, 27 de março de 2012 (ACNUR) – Quando o campo de Kakuma foi estabelecido em 1992, ele abrigava milhares de refugiados que fugiram da guerra civil no Sudão. Vinte anos depois, o campo de refugiados no noroeste do Quênia está cheio novamente com o novo influxo de pessoas fugindo dos conflitos em partes do Sudão do Sul e Sudão.
Mais de 4.500 pessoas chegaram no campo de Kakuma neste ano, sendo mais de 70% delas provenientes do Sudão do Sul e do Sudão. Muitos alegam que fogem da violência na região de Jonglei, no Sudão do Sul, citando assassinatos indiscriminados, roubo de gado e casas incendiadas como motivos para a fuga.
Famílias declararam que foram separadas em meio ao caos. Alguns reportaram que suas vilas em Jonglei foram completamente abandonadas. Outros dizem que deixaram o Sudão do Sul pelo medo de que a violência se espalhe.
“Fugi de Duk, em Jonglei, quando ouvi tiros no meio da noite”, afirmou uma mulher que fugiu com nove crianças. “Ataques de vingança em nossa vila estabeleceram como alvo as mulheres e crianças. Andamos por muitos dias para Juba e um bom samaritano nos ajudou a chegar no Quênia”.
Entre os recém-chegados em Kakuma estão também pessoas do estado de Kordofan, no Sudão do Sul, onde conflitos estouraram por meses entre as forças armadas sudanesas e o Movimento do Norte pela Libertação do Povo do Sudão. Alguns fugiram primeiramente para o Sudão do Sul, mas moveram-se ainda mais em direção sul e ao Quênia quando as áreas fronteiriças começaram a sofrer ataques.
“A maioria dos requerentes de asilo chegou no Quênia a pé ou com uso de veículo”, disse Guy Avognon, que chefia o escritório do ACNUR em Kakuma. “Alguns disseram que andaram por dois ou três meses para chegar aqui, deixando os mais velhos para trás quando não conseguiam completar a árdua jornada”.
Os recém-chegados estão sendo recebidos no centro de recepção do campo de Kakuma. O centro possui capacidade para 700 pessoas, chegando, por vezes, a receber mais de 1.600 recém-chegados nas últimas semanas. O ACNUR foi capaz de descongestionar o centro por meio de rápidas de registro, movendo estas pessoas para o campo, onde recebem alimentos e suprimentos de emergência.
“Se o influxo de novos refugiados continuar nesse ritmo, o campo de Kakuma certamente atingirá sua capacidade máxima até junho”, disse Avognon. “Precisamos agir urgentemente sobre este influxo, que inclui a expansão de campos de assentamento e aumento de recursos e capacidades para assistir os recém-chegados”. O ACNUR irá verificar a elegibilidade para o status de refugiados a essas pessoas.
Desde o meio de março, contava-se um total de 91.140 refugiados e requerentes de asilo em Kakuma, que aos 20 anos de idade possui capacidade para 100.000 pessoas. Refugiados somalis totalizam um pouco mais da metade, sendo que sudaneses e sudaneses do sul são um terço da população total do campo. Os outros refugiados vêm de outros dez países, incluindo, Burundi, República Democrática do Congo e Etiópia.