ACNUR pede US$ 35,6 milhões para enfrentar crise no Mali

Genebra, 24 de fevereiro de 2012 (ACNUR) - O Alto Comissariado da ONU para Refugiados (ACNUR) lançou ontem um apelo à comunidade internacional solicitando US$ 35,6 milhões para responder à crescente crise humanitária no Mali, afetado por distúrbios devidos à insurgência de um grupo rebelde no norte deste país africano desde o dia 17 de janeiro. 

Estima-se que 130 mil pessoas foram deslocadas dentro e fora do Mali desde a retomada dos conflitos entre o exército maliano e os rebeldes tuaregues do Movimento Nacional pela Liberação de l’Azawad (MNLA). Os novos conflitos representam o rompimento do acordo de paz firmado em 2009 que pôs fim, oficialmente, à rebelião tuaregue no país. 

Nos países vizinhos, o maior influxo de deslocados pelo conflito foi registrado até o momento no Níger, com 28.858 chegadas. Quase 23 mil refugiados malianos foram registrados na Mauritânia e 17.499 em Burkina Faso. Mais pessoas estão chegando diariamente a esses países devido aos contínuos ataques no norte do Mali. Dentro do país, há cerca de 60 mil malianos deslocados internamente e precisando de assistência humanitária emergencial.

O apelo busca cobrir, até julho de 2012, as necessidades de 85 mil pessoas deslocadas. Os fundos serão utilizados pelo ACNUR para prover assistência emergencial aos deslocados no Mali e nos países vizinhos. Em Níger, Mauritânia e Burkina Faso, a agência construirá campos em locais mais distantes das fronteiras com o Mali, para permitir que os refugiados recebam a ajuda humanitária com mais segurança.

A maioria dos deslocados pertence a etnias tuaregues das zonas rurais. Também há pessoas das etnias Songhai, Moor e Fulani. Atualmente, os deslocados estão abrigados em remotas vilas fronteiriças, que estão sendo afetadas não só pela situação de insegurança na região de Sahel, mas também por uma crise alimentar e uma seca severa. 

Os refugiados precisam urgentemente de abrigo adequado, comida, água, saneamento básico, assistência médica e educação. Além disso, necessitam de utensílios domésticos básicos, como colchonetes, mosquiteiros, cobertores e kits de cozinha. 

O ACNUR já entregou tendas e outros itens de ajuda emergencial para 22 mil pessoas no Níger, Burkina Faso e Mauritânia. Neste país, o ACNUR adquiriu também alimento para 20 mil refugiados e já começou a realocá-los no campo de Mbera, um antigo assentamento que está sendo reestruturado para responder ao contínuo influxo.

No Níger e em Burkina Faso, alguns locais já foram identificados para receber, o quanto antes, aqueles que se encontram em locais inseguros próximos às fronteiras.