ACNUR atende as necessidades de 20 mil pessoas forçadas a se deslocar em Mali

GENEBRA, 7 de fevereiro (ACNUR) - A Alto Comissariado da ONU para Refugiados (ACNUR) enviou equipes de emergência para países vizinhos ao Mali para responder às necessidades de 20 mil pessoas forçadas a fugir dos combates no norte do país. A maioria deles encontra-se deslocada em países como Níger, Burkina Faso e Mauritânia

Os combates entre os grupos rebeldes Tuareg e as forças governamentais em Azawad na região do norte do Mali começaram em meados de janeiro. "Nas últimas três semanas, há relatos de que pelo menos 10 mil pessoas atravessaram a fronteira do Níger, 9 mil buscaram refúgio na Mauritânia e 3 mil em Burkina Faso,"  disse o porta-voz do ACNUR, Adrian Edwards, a jornalistas em Genebra nesta terça-feira.

No Níger, a maioria dos recém-chegados são de Menaka, no Mali, e alguns têm sido recebidos na região da fronteira.

"Muitos dos recém-chegados estão dormindo ao relento e têm pouco acesso a abrigo, água potável, serviços de saúde e alimentação", disse Edwards. Acrescentando que parte das pessoas estão espalhadas em aldeias principalmente nos distritos de Tillaberery, Ouallam e Filingue, no norte do país. Sinegodar, uma vila no distrito de Tillabery, está recebendo mais de 5.5 mil malianos, com apenas uma fonte de água para os refugiados e toda a população local.

Enquanto a maioria das pessoas vindas do Mali é nacional do país, alguns dos que buscaram abrigo no Níger são cidadãos do nigerinos que viviam no Mali há muitas décadas. Muitos destes atravessaram, ao longo dos anos, a fronteira entre os dois países em busca de pasto para o gado.

As comunidades fronteiriças, apesar de muito afetadas pela crise alimentar na região do Sahel, estão compartilhando seus recursos com os recém-chegados.  E as autoridades também têm contribuído com distribuição de alimentos.

Edwards disse que quatro funcionários adicionais ja foram enviados ao Níger para reforçar os quadros do  ACNUR no país, e que mais colaboradores estavam a caminho. "Pretendemos enviar ajuda a 10 mil pessoas a partir dos nossos estoques na região."

Funcionários do ACNUR em Ouagadougou, capital de Burkina Faso, também relataram a chegada de cerca de 3 mil tuaregues do Mali, após suas casas e negócios serem atacados na semana passada em Bamako, capital do país, e na cidade vizinha, Kati.

Muitos dos recém-chegados foram acolhidos por famílias em Ouagadougou e Bobo Dioulasso, 320 quilômetros a sudoeste da capital

Outros relatos sobre novas entradas têm chegado do norte-oeste do país, especialmente dos arredores de Djibo, na província de Soum. Para este fim de semana, está programada uma visita interagencial à região, incluido o ACNUR, a fim de avaliar as necessidades locais.

Nesse mesmo esforço, o ACNUR  na Mauritânia enviou várias missões para a vila de Fassala, perto da fronteira com o Mali, onde mais de 9 mil pessoas chegaram desde o dia 25 de Janeiro. Os refugiados, principalmente tuaregues malianos, provenientes da região de Lere,  do outro lado da fronteira, disseram ao ACNUR que fugiram dos combates entre as forças governamentais e os rebeldes tuaregues, temendo represálias por parte do Exército.

As autoridades mauritanas, com o apoio do ACNUR, estão cuidando dos recém-chegados. Os serviços médicos estão sendo oferecidos por clínicas de saúde locais e autoridades estão distribuindo água..

"O escritório do ACNUR na Mauritânia distribuiu porções de rações alimentares (suficientes para 15 dias) e outros itens não alimentares para atender as necessidades emergenciais de 5 mil refugiados no campo de Fassala. As principais necessidades identificadas são comida, abrigo e outros itens básicos", disse Edwards, acrescentando que a agência vai reforçar sua presença na Mauritânia com uma equipe de campo para o apoio a emergências.

Os combates entre os rebeldes tuaregues e as forças do Mali foram retomados em 17 de janeiro, quebrando o acordo oficial feito em 2009 que dava fim a uma rebelião Tuareg na região. Os tuaregues são um povo de etnia Berber que vive na região do Saara.