Salvamento no mar: ACNUR cobra ação dos governos do sudeste asiático
Salvamento no mar: ACNUR cobra ação dos governos do sudeste asiático
GENEBRA, 19 de maio de 2015 (ACNUR) – A Agência da ONU para Refugiados alertou nesta terça-feira que o tempo está correndo para milhares de pessoas em perigo no mar, cobrando dos governos do sudeste asiático ações para resgatar e desembarcar estas pessoas vulneráveis.
“Estimamos que aproximadamente quatro mil pessoas de Mianmar e Bangladesh estejam no mar, com seus suprimentos acabando. Isso inclui dois mil homens, mulheres e crianças encalhadas em pelo menos cinco barcos perto das costas de Mianmar e Bangladesh há mais de 40 dias. Relatos não confirmados sugerem que o número pode ser maior”, afirmou o porta voz do ACNUR, Adrian Edwards, em Genebra.
Em Mianmar, centenas de pessoas abandonaram a travessia e voltaram ao estado de Rakhine depois de cada uma pagar entre 200 mil a 300 mil kyat (US$182 – US$273) aos contrabandistas. Seus relatos de falta de comida, desidratação e violência a bordo são condizentes com os de pessoas que desembarcaram na Tailândia, Malásia e Indonésia.
Desde o fim de semana não houve novos relatos de desembarques na região. Nos últimos nove dias, um total de 1.396 pessoas chegaram à Indonésia, 1.107 à Malásia e 106 ao sul da Tailândia.
O porta voz do ACNUR afirma ainda que na província Aceh, na Indonésia, onde a agência registrou a chegada de rohingyanos em Langsa, sobreviventes disseram ter sido abandonados pela tripulação e deixados à deriva por dias até a chegada de autoridades, que não se identificaram.
Depois de darem água e comida aos passageiros, estas autoridades empurraram o barco de volta para o mar. “Como os suprimentos estavam acabando, começou uma briga entre os passageiros, resultando em mortes e pessoas sendo jogadas para fora do barco. O ACNUR não pode comprovar essas afirmações, mas solicitou atendimento médico aos feridos dentro desse grupo”, afirmou o porta-voz do ACNUR.
Na Malásia, alguns imigrantes atualmente presos em Kedah State contaram ao ACNUR que foram sequestrados ou atraídos por falsas promessas de contrabandistas que fazem a travessia. O imigrantes disseram saber de casos de outros passageiros que morreram no mar depois de terem sido espancados pela tripulação, por fome e por doenças.
Considerando toda a situação, e a necessidade de desembarcar as pessoas que estão à deriva, o ACNUR solicitou a os governos do sudeste asiático atendimento médico urgente, assistência e proteção. Aqueles que retornaram a Mianmar não devem ser punidos por suas partidas irregulares. Leia a Declaração Conjunta do ACNUR, OHCHR, OIM, e SRSG para Migração e Desenvolvimento (em inglês).