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Costa Rica: Jovens sem Fronteiras promovem a integração de refugiados

Comunicados à imprensa

Costa Rica: Jovens sem Fronteiras promovem a integração de refugiados

Costa Rica: Jovens sem Fronteiras promovem a integração de refugiadosSentados ao redor de uma grande mesa no escritório do ACNUR em São José, quatro jovens amigos discutem uma questão que afeta diretamente a vida de cada um deles.
14 Outubro 2011

SÃO JOSÉ, Costa Rica, 14 de outubro (ACNUR) – Sentados ao redor de uma grande mesa no escritório do ACNUR em São José, quatro jovens amigos discutem uma questão que afeta diretamente a vida de cada um deles. O quarteto – um costarriquense, um colombiano, um nicaragüense e um boliviano – faz parte da Rede de Jovens sem fronteiras (La Red de Jóvenes sin Fronteras), criada no começo deste ano para combater a expansão da xenofobia entre a juventude do país.

Com um núcleo de aproximadamente 70 membros – costarriquense, migrantes, refugiados e solicitantes de refúgio – o grupo tem sido ativo na luta contra percepções estereotipadas sobre os estrangeiros em um país localizado em uma das principais rotas de migração mista do eixo norte-sul, mas onde muitos jovens se opõem à integração dos refugiados.

Os jovens ativistas realizam regularmente pequenos encontros para discutir o drama da xenofobia e elaborar estratégias para combater o problema, disseminar o entendimento sobre quem são refugiados e migrantes e debater os motivos pelos quais essas pessoas merecem ser tratadas com respeito. Utilizando ferramentas como arte, esportes, teatro e mídias sociais para atrair os jovens, eles estão começando a progredir e a se estabelecer como exemplo na região.

A jovem de 20 anos, Millerland Ângulo, é uma colombiana refugiada que chegou à Costa Rica há três anos, após fugir da perseguição e do conflito em seu país de origem. Não demorou muito para que ela sofresse hostilidades na Costa Rica.

“Quando cheguei aqui pela primeira vez, me lembro do meu vizinho questionar o proprietário sobre o porquê de estar alugando sua casa para colombianos”, explica Millerland, acrescentando que a vizinha “realmente acreditava que éramos traficantes de drogas e que traríamos drogas para a vizinhança”.

Percepções tão negativas e desinformadas sobre os refugiados são bastante comuns, especialmente entre as pessoas jovens. Uma pesquisa nacional conduzida em 2010 pelo ACNUR descobriu que 64% da população tinha uma opinião desfavorável acerca dos 12.500 refugiados de mais de 40 países que residem na Costa Rica. Dentro deste grupo, 87% disseram acreditar que refugiados têm um impacto negativo na sociedade e na economia.

O quarteto recebeu apoio do governo holandês e do ACNUR, os quais buscavam um projeto que formasse jovens líderes no momento presente e também no futuro. Integrantes do grupo, com apoio técnico da agência da ONU para refugiados, desenvolveram um programa de atividades para tratar os desafios de integração que refugiados e migrantes enfrentam na Costa Rica.

Jozef Merkx, representante do ACNUR na Costa Rica, disse que o programa é único e um possível modelo para outros países onde a xenofobia é um problema. “É a primeira vez que migrantes, refugiados e costarriquenses estão trabalhando juntos para a integração”, diz. “É uma abordagem completamente diferente para tratar este tema, porque a população afetada está sendo envolvida na busca das soluções. Este projeto representa uma excelente maneira de emponderar estes grupos”, acrescenta.

Martha Amada, a jovem migrante da Nicarágua no encontro no escritório do ACNUR, concorda com Merkx sobre o potencial de influencia da Rede. “Se jovens de outros lugares do mundo se unirem para fazer algo parecido ao que estamos fazendo, então a perspectiva de mudança se tornará uma realidade”, diz.

Parte do problema na Costa Rica é que a tolerância não é ensinada aos jovens nas escolas. A Rede está tentando compensar essa falta ao promover a solidariedade e amizade entre jovens de diferentes culturas e nações e ao conscientizar sobre os direitos dos refugiados e migrantes.

Valentina Duque, funcionária do ACNUR que trabalha diretamente com o grupo, acredita que o envolvimento de jovens no combate à xenofobia é vital. “Se eles realmente desejarem, podem ter várias conquistas importantes”, afirma. “A única desvantagem da Rede é que frequentemente não tem acesso às ferramentas e à informação necessária para promover mudanças significativas. Este programa foi elaborado para oferecer uma oportunidade a eles”.

Os jovens têm estado ocupados e estão sendo criativos ao utilizar as ferramentas que têm em mãos. No Dia Mundial do Refugiado (20 de junho) deste ano, membros da Rede organizaram uma performance ‘flash mob’ em São José. Em julho, criaram um comercial televisivo para uma das campanhas do ACNUR.

E estão conseguindo atrair o interesse de possíveis novos membros além de importantes organizações, como O parlamento da Juventude de Costa Rica, que concordou em promover os objetivos da Rede. Isto poderia ajudar o grupo a conseguir apoio político para abordar os grandes desafios de integração, incluindo o acesso a tratamento médico, emprego e educação.

Eduin Jane, um membro costarriquense de 25 anos, resume as motivações do grupo. “O mais importante é que, enquanto grupo, nós não acreditamos em fronteiras. Nenhum lugar, nem ninguém é melhor que outro”, afirma. “Todos podem ter uma nacionalidade diferente ou viver em um país diferente, mas todos somos cidadãos do mundo”.

É um sentimento que Millerland abraça com o coração. “Quando eu mudei para a Costa Rica, eu não tinha amigos. Passava o meu tempo vendo televisão e me sentia inútil”, admite. “Entretanto, agora que faço parte desta rede, eu até esqueço que estou na Costa Rica e sinto como se eu estivesse de volta na Colômbia – pela primeira vez, parece que estou em casa”.

Por Erin Kastelz, em São José, Costa Rica