Chefe do ACNUR inicia hoje visita oficial ao Brasil

BRASÍLIA, Brasil, 1 de agosto (ACNUR) - O Alto Comissário da ONU para Refugiados, António Guterres, chega hoje a Brasília para uma visita oficial de três dias ao Brasil. Ele se reunirá com autoridades dos três Poderes da República e com refugiados e refugiadas que vivem no país. Também fará palestra na Universidade de Brasília (UnB), participará de audiência pública no Senado Federal e concederá entrevista coletiva. 

Esta é a segunda visita oficial de Guterres ao Brasil como chefe do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) - a primeira ocorreu em 2005 - e reflete a importância cada vez maior do Brasil no cenário internacional, inclusive no campo humanitário. O país tem assumido tarefas importantes na estabilização do Haiti, Timor Leste e Guiné Bissau e vem aumentando suas contribuições às operações do ACNUR (foram US$ 3,5 milhões em 2010) no mundo. 

Nas audiências que terá em Brasília, Guterres agradecerá o apoio que vem sendo dado pelo Brasil à causa dos refugiados e de outras populações atendidas pelo ACNUR. Ele também discutirá temas relevantes do cenário humanitário, como os deslocamentos causados pelos recentes conflitos na África e no Oriente Médio e a situação dos haitianos que se encontram fora do seu país - inclusive no Brasil - devido ao terremoto de 2010.

O Alto Comissário da ONU para Refugiados reforçará o convite feito ao Governo Brasileiro para participar, em dezembro deste ano, em Genebra, da reunião ministerial na qual países apresentarão compromissos para fortalecer a proteção a refugiados e apátridas. O encontro encerrará as comemorações relacionadas aos aniversários das convenções da ONU sobre refúgio e apatridia - e também dos 60 anos do ACNUR, completado em dezembro de 2010.

Ex-Primeiro Ministro de Portugal e ex-Presidente do Conselho Europeu, António Guterres foi eleito pela Assembléia Geral da ONU, em junho de 2005, o 10º Alto Comissário do ACNUR. Em abril de 2010, foi reconduzido ao posto para um novo mandato de cinco anos. Ele vem defendendo a atividade humanitária e o refúgio em meio ao crescimento da intolerância e da xenofobia, tendo visitado vários países, inclusive aqueles em situação de emergência humanitária.

O ACNUR foi criado em 1950 para proteger e assistir às vítimas de perseguição, intolerância e violência. Pelo seu trabalho, recebeu por duas vezes o Prêmio Nobel da Paz (1954 e 1981). Em 2011, o ACNUR celebra o 60º aniversário da Convenção de 1951 sobre o Estatuto do Refugiado e o 50º aniversário da Convenção de 1961 sobre Redução de Apatridia, além do 150º aniversário de nascimento do norueguês Fridtjof Nansen, o primeiro Alto Comissário para Refugiados da Liga das Nações.

Atualmente, cerca de 34 milhões de pessoas estão sob o mandato do ACNUR, entre solicitantes de refúgio, refugiados, apátridas, deslocados internos e repatriados. Em todo mundo, existem 43,7 milhões de pessoas deslocadas devido a conflitos armados e perseguições. Segundo o Comitê Nacional para Refugiados (CONARE), o Brasil abriga cerca de 4.500 refugiados, de mais de 70 países. A maioria dos refugiados vem da África (cerca de 65%), das Américas (22,4%) e da Ásia (10,6%). Angola, Colômbia, República Democrática do Congo, Libéria e Iraque são os principais países de origem.