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Maior acampamento de refugiados do mundo enfrenta aumento alarmante de mortes de crianças

Comunicados à imprensa

Maior acampamento de refugiados do mundo enfrenta aumento alarmante de mortes de crianças

Maior acampamento de refugiados do mundo enfrenta aumento alarmante de mortes de criançasO Alto Comissário visitou o complexo de refugiados de Daadab para ver pessoalmente a difícil situação enfrentada por milhares de somalis que chegam a cada semana.
11 Julho 2011

DADAAB, Quênia, 11 de julho (ACNUR) - Com a pior seca dos últimos 60 anos castigando enormes áreas da África Oriental, o Alto Comissário da ONU para Refugiados, António Guterres,  passou o domingo em visita ao complexo de refugiados de Daadab para ver pessoalmente a difícil situação enfrentada por milhares de somalis que chegam a cada semana.

Acompanhado por uma grande comitiva de imprensa, Guterres visitou os campos que compõem Dadaab: Dagahaley, Hagadera e Ifo. No local, conversou com os recém-chegados, viu o regime de saúde, registo e alimentos, e ouviu diretamente das equipes de trabalho humanitário da região fronteiriça que a seca nesta região já afeta os recém-chegados da Somália, especialmente crianças e jovens.

Em um briefing para a imprensa, as equipes de ajuda humanitária foram categóricas na avaliação da situação no local. "Estamos em uma crise agora", disse a diretora-sênior do escritório de nutrição e segurança alimentar do Alto Comissariado da ONU para Refugiados (ACNUR), Allison Oman. "Precisamos de medidas extraordinárias para ajudar".

O alerta vindo de Dadaab diz respeito tanto ao número crescente de recém-chegados da Somália como às altas taxas de mortalidade observadas - principalmente entre as crianças. Comparado com as taxas vigentes no ano passado, entre as crianças abaixo de cinco anos de idade a mortalidade aumenta de 3,2 vezes a 3,8 vezes nos campos de Ifo e Hagadera. No acampamento Dagahaley o aumento foi de seis vezes.

Com as famílias chegando em Dadaab no limite da sobrevivência,  neste domingo funcionários do campo correram contra o tempo para identificar aqueles que necessitavam de cuidados mais urgentes. Todos os refugiados recém-chegados são registrados e recebem comida, mas muitas vezes as pessoas estão em estado avançado de deterioração, o que torna difícil reverter o quadro. Infecções do trato respiratório são as principais causas de mortes entre os que chegam, seguido por desnutrição e diarréia.

Uma mulher contou ao Alto Comissário que, para deixar a Somália, precisou caminhar durante semanas, durante as quais três de seus filhos morreram. "Fiquei um pouco perturbada depois que os perdi", disse Musleema Aden a Guterres. "Eles morreram em momentos diferentes da viagem". 

Nas últimas semanas o complexo de Dadaab, juntamente com os campos de Dollo Ado na vizinha Etiópia, tem suportado o peso de uma saída épica de pessoas da Somália, decorrente de uma seca que está sendo cruelmente amplificada pelo conflito. Dentro da Somália, o efeito da perda de colheitas e a quase ausência de ajuda se refletem na quadruplicação dos preços dos alimentos no país.  O ACNUR acredita que a maioria das pessoas espera até o último momento para fugir - fato que pode explicar o estado de esgotamento de muitos dos recém-chegados.

Dadaab, que já abrigou mais de 300.000 pessoas antes da crise, hoje vê sua população se aproximar a  400.000 pessoas. Refugiados estão espalhados em áreas superlotadas ao redor dos campos principais, onde os trabalhadores do acampamento lutam para ajudá-los.

No domingo Guterres falou da necessidade de que as agências humanitárias se ajudem  dentro da Somália, onde atualmente o acesso é bastante limitado.
"Eu acredito que a Somália representa o pior desastre humanitário do mundo", disse Guterres aos jornalistas. "E é por isso que precisamos fazer tudo que pudermos para tornar possível a prestação de ajuda humanitária em grande escala dentro da Somália".

Por Adrian Edwards em Dadaab, Quênia