Novo incidente com barco rumo à Lampedusa faz mais de 150 vítimas
Novo incidente com barco rumo à Lampedusa faz mais de 150 vítimas
GENEBRA, 3 de junho (ACNUR) – Pelo menos 150 pessoas que fugiam da Líbia em direção à ilha italiana de Lampedusa se afogaram em um dos piores incidentes do ano na região do Mediterrâneo.
Sobreviventes disseram à equipe do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) que o barco superlotado saiu da capital líbia, Trípoli, no dia 28 de maio. A embarcação levava mais de 850 pessoas, a maior parte delas vindas do oeste da África, Paquistão e Bangladesh. A tripulação do barco foi recrutada às pressas e quase não tinha experiência no mar. A embarcação encontrou problemas técnicos logo depois da partida e ficou perdida. No terceiro dia, os passageiros já sofriam com a falta de água e de comida.
“O barco encalhou em um banco de areia na última quarta-feira, nas proximidades das ilhas Kerkennah, a 300 quilômetros ao nordeste de Trípoli”, disse nesta sexta-feira o porta-voz do ACNUR, Adrian Edwards. “A embarcação virou quando os passageiros foram todos para um lado, na tentativa de obter socorro da guarda-costeira da Tunísia e dos barcos de pesca que estavam na área. Muitos caíram nas águas do mar”, relatou Edwards.
Mulheres e crianças estão entre os desaparecidos. A marinha e a guarda-costeira tunisinas continuam com operações de resgate na região.
“Sete pessoas, incluindo duas mulheres grávidas, estão recebendo cuidados intensivos em hospitais na cidade de Sfax, na Tunísia”, explicou Edwards. “Ontem, 195 sobreviventes do acidente foram transferidos para o campo da Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho na cidade de Ras Adjir, próxima à fronteira da Tunísia com a Líbia”, disse. Segundo ele, no último dia três estava programada a transferência de outras 383 pessoas para este e outros campos, onde devem receber ajuda.
Numa iniciativa separada, o ACNUR ajudou a limpar uma grande área do campo de Choucha que foi destruída na semana passada. O campo também fica na região de Ras Adjir. Após uma conversa com representantes das comunidades de refugiados e migrantes, o ACNUR pode reorganizar a estrutura do local. Mais de mil tendas já foram montadas e outras estão previstas para serem colocadas ao longo da semana.
O campo de Choucha, na Tunísia, abriga mais de 2,8 mil pessoas que deixaram a Líbia por conta dos recentes conflitos. Outras mil estão acomodadas em campos nas proximidades de Ras Adjir.